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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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D) Boca Pequena, o dedo-duro, vai passando em frente à oficina. Mestre Egeu o chama:<br />

“EGEU - Já pagou a casa esta vez?...<br />

BOCA - Já separei/ porque é sagrado. Como santo em procissão/ Não precisa pedir pra fazer o<br />

que sei/ que é meu dever...<br />

EGEU - Pelo contrário: pague não/<br />

BOCA - Que que é isso, mestre, eu sou madeira de lei/<br />

EGEU - Pois ouça, Boca, não pague nem um tostão/ Se ninguém paga, é que não tem de onde<br />

tirar/ Se você paga, vai tirar toda a razão/ de quem tem to<strong>das</strong> as razões pra não pagar/<br />

BOCA - Que merda, mestre...<br />

EGEU - Merda sim ou merda não?” (p. 18).<br />

da Vila:<br />

E) Boca Pequena logo se encarrega de sentir a aceitação da proposta entre os moradores<br />

“BOCA - Espere aí, tenho uma boa: mestre Egeu,/ quando estive na oficina, me perguntou:/ a<br />

prestação da casa, Boca, já pagou?/ Eu disse: é claro. E sabe o que ele rebateu?/ Que a presta-<br />

ção é uma cobrança exagerada.../<br />

CACETÃO - Que nova...<br />

BOCA - E quem paga a casa é um bom calhorda!/<br />

XULÉ - A gente já discutiu o caso e concorda -/ menos Galego, que o gringo não é de nada -/<br />

que mestre Egeu está por dentro da questão” (p. 22).<br />

F) Enquanto Egeu arma a sublevação, numa longa cena intercalada com as vizinhas,<br />

constituindo-se as duas no prólogo da peça, Jasão, numa outra sequência do prólogo (que ante-<br />

cede a primeira entrada de Joana em cena, na p. 41), conversa com Alma, sua noiva. Creonte<br />

entra em cena, e numa longa fala para Jasão, apresenta a sua cadeira, símbolo do poder:<br />

“CREONTE - /.../ Você já parou pra pensar direito/ o que é uma cadeira? A cadeira faz/ o ho-<br />

mem. A cadeira molda o sujeito/ pela bunda, desde o banco escolar/ até a cátedra do magistério/<br />

Existe algum mistério no sentar/ que o homem, mesmo rindo, fica sério/ Você já viu um palha-<br />

ço sentado?/ Pois o banqueiro senta a vida inteira,/ o congressista senta no senado/ e a autorida-<br />

de fala de cadeira/.../ Pois bem, esta cadeira é a minha vida/ Veio do meu pai, foi por mim hon-<br />

rada/ e eu só passo pra bunda merecida/ Que é que você acha?...

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