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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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movimento incessante e permanente da experiência social: seu único alimento é o fenômeno<br />

novo que a experiência social revela a cada momento de sua trajetória; sua única certeza: a dú-<br />

vida; seu alimento: o real; sua estrada: a História”.<br />

Determinado o ponto de conflito entre a irracionalidade do subdesenvolvimento plane-<br />

jado e a razão como arma de confronto, <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> transfere a discussão para a personagem<br />

central, Zambor, concentrando nela todo o problema anteriormente proposto. Para <strong>Paulo</strong>, Zam-<br />

bor é o homem de infatigável apetite pela razão. “A luta dentro do hospital - diz <strong>Paulo</strong> - modifi-<br />

ca Zambor diante do público. A trajetória de Zambor, como personagem, dá conteúdo ao seu<br />

racionalismo. Zambor entra no “hospital” com sua inteligência extraordinariamente bem prepa-<br />

rada, do ponto de vista metodológico, para pensar o mundo; ele articula com muita desenvoltu-<br />

ra as categorias de organização do pensamento. Mas, suas categorias de pensamento não dei-<br />

xam de ser esquemas, ele as usa de maneira especulativa, ele reduz a realidade aos seus méto-<br />

dos. No entanto, sua luta dentro do “hospital” lhe ensina a primeiro conhecer, concretamente, os<br />

fen“menos da realidade e, só depois, aplicar sua monumental capacidade de apreender e orde-<br />

nar o significado de cada um deles. As lutas do “hospital” dão concretude à lógica infernal de<br />

Zambor. Ele deixa de ser um especulador formalista e passa a ser um homem que influía nos<br />

acontecimentos a sua volta. Zambor aprende a respeitar a realidade e, por isso, aprende a modi-<br />

ficá-la”.<br />

<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> faz sua personagem descobrir que na luta contra a irracionalidade, Zambor<br />

tem um aliado (que está presente simbolicamente na figura de dois enfermeiros): o povo:<br />

“Zambor descobre que entre as mais legítimas aspirações do homem e a realidade, ainda existe<br />

um pequeno escondido nexo: o povo (a que ponto chegamos: chamar o povo de pequeno e es-<br />

condido). Zambor ainda se salva da loucura. A arma que ele descobre é desesperadoramente<br />

frágil. Mas disso eu tenho certeza, é preferível um povo derrotado a nenhum povo. Ao povo<br />

derrotado, restam as cinzas da malandragem. Ele renascer delas”.

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