Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
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Em Eurípides, Medeia é uma feiticeira, senhora <strong>das</strong> magias e dos sortilégios. Mas não<br />
prepara, antes do desfecho trágico, nenhuma m gica para destruir Jasão ou a filha de Creonte.<br />
Em <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e Chico, Joana comporta-se igual a Medeia de Vianinha:<br />
“JOANA - O pai e a filha vão colher a tempestade/ A ira dos centauros e de pomba-gira/ levar<br />
seus corpos a crepitar na pira/ e suas almas a vagar na eternidade/ Os dois vão pagar o resgate<br />
dos meus ais/ Para tanto invoco o testemunho de Deus,/ a justiça de Têmis e a benção dos céus,/<br />
os cavalos de São Jorge e seus marechais,/ Hécate, feiticeira <strong>das</strong> encruzilha<strong>das</strong>,/ padroeira da<br />
magia, deusa-demônia,/ falange de Ogum, sintagmas da Macedônia,/ suas duzentas e cinquenta<br />
e seis espa<strong>das</strong>,/ mago negro <strong>das</strong> trevas, flecha incendiária,/ Lambrego, Canheta, Tinhoso, Nun-<br />
ca-Visto,/ fazei desta fiel serva de Jesus Cristo/ de to<strong>das</strong> as criaturas a mais sanguinaria/.../ Eu<br />
quero sua vida passada a limpo,/ Creonte. Conta co'a Virgem e o Padre Eterno,/ todos os santos,<br />
anjos do céu e do inferno,/ eu conto com todos os orixás do Olimpo!/ Saravá” (p. 90).<br />
a.<br />
Logo em seguida, como em Vianinha, Alma, a noiva de Jasão, passa mal, quase desmai-<br />
D) Em Vianinha, depois da sequência da mandinga, Medeia volta para casa. Lá encontra<br />
Dolores. Medeia pergunta pelos filhos. Estão em casa de Dolores. Elas se falam rapidamente.<br />
Medeia garante que nada de mal fará aos filhos. E vai buscar as crianças.<br />
Em Eurípides, Medeia não sofre do problema de onde deixar os filhos, enquanto sai para<br />
vingar a sua dor. Então esse dado, no texto original, também não existe.<br />
Em <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e Chico Buarque, Mestre Egeu, temendo um gesto desesperado de Jo-<br />
ana, resolve devolver os filhos para ela, como forma de chamá-la outra vez para a realidade:<br />
“EGEU - Joana, pode contar sempre comigo/ pro que precisar. Sabe que afilhado/ meu não pas-<br />
sa fome. Não tem perigo/ Mas o lugar dos guris é aqui/<br />
JOANA - Mas, mestre, eu não posso ficar cuidando.../<br />
EGEU - Eles não vão se desligar de ti/ Enquanto você tá lá se ajeitando/ Corina vem, dá banho,<br />
faz comida,/ com prazer, mas você, onde estiver,/ na máquina, na fábrica, na vida,/ lembre que<br />
eles tão em casa, mulher,/ precisando de você para viver” (p. 99).<br />
E) Em Vianinha, Creonte alertado pela sua mulher que o mal-estar de Creusa era de-<br />
manda de Medeia, resolve expulsá-la de Guadalupe, a vila da qual é proprietário, e onde Me-