14.04.2013 Views

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CREONTE - A minha vontade não será, de certo, a de um tirano, mas a benevolência tem-me<br />

sido funesta. Bem vejo, mulher, que mesmo hoje cometo um erro: no entanto, obter s esse fa-<br />

vor. Previno-te, porém, de que se amanhã a tocha dos deuses te tornar a ver, a ti e a teus filhos,<br />

dentro destas fronteiras, tu, Medeia, morrerás. Disse, e não terei mentido. E agora, se hás-de<br />

ficar, fica, mas um dia, um dia só: não poderás realizar nenhum dos malefícios que temo” (p. 24<br />

e ss).<br />

Em <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e Chico Buarque, a cena é idêntica:<br />

“JOANA - Onde é que eu vou morar?/<br />

CREONTE - Sei lá... Onde quiser. Mas sai da minha frente/<br />

JOANA - Creonte... Por que um homem onipotente/ assim, poderoso assim, precisa jogar/ toda<br />

a sua força em cima duma mulher/ sozinha... por quê?...<br />

CREONTE - Você quer saber?...<br />

JOANA - Por/ quê?<br />

CREONTE - Por medo...<br />

JOANA - Medo de mim?...<br />

CREONTE - Medo de você/ sim, porque você pode investir a qualquer hora. Tá calibrada de<br />

ódio, a arma na mão/ E a vida te botou em posição de tiro/ Só falta a vítima, mais nada. /.../<br />

JOANA - Não! Pelo menos/ me dê um dia... Um dia só, que é para eu saber/ pra onde é que eu<br />

posso ir...<br />

CREONTE - Não dá...<br />

JOANA - Não vou/ poder sair sem destino com dois filhos pequenos/ Eu ia embora mesmo.<br />

Não quero ficar/ nesta desgraça de lugar. Só quero um dia/ pra me orientar, se não não dá...<br />

CREONTE - Eu não devia/ nem ouvir...<br />

JOANA - Um dia...<br />

CREONTE - Não devia levar/ em consideração, porque tenho certeza/ de estar fazendo besteira<br />

quando te atendo...” (p. 149 e ss).<br />

F) Em Vianinha, Egeu é motorista de táxi, e tem medo de Creonte. Por isso mesmo pede<br />

que Medeia não o enfrente:<br />

“EGEU - Não tenha tanta coragem, Medeia. Não enfrente Creonte. Ele é rei aqui. Para os que<br />

sofrem muito, coragem demasiada é muito perigoso” (Segunda Parte).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!