Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O Desfecho da Festa<br />
“Quem tem um sonho não dança”<br />
Cazuza<br />
A necessidade de recuperar a palavra objetivava melhor racionalizar o ser nacional, lan-<br />
çar luz sobre quem somos nós, os brasileiros. Só assim seria possível determinarmos o nosso<br />
destino.<br />
Por isso, a sua constante preocupação com os problemas da cultura: “A visão unilateral<br />
do popular ou do nacional (confusão que tem sido feita por muita gente que escreve sobre arte e<br />
cultura popular) leva, inevitavelmente, a uma posição estreita, por mais sincera que seja. Há<br />
cultura nacional e popular na luta do Pe.Ventura, do ator Vasques, em Martins Penna, na comé-<br />
dia dos anos trinta, em Humberto Mauro, no estilo de representar de Jaime Costa, de Oscarito,<br />
em tantos filmes do Cinema Novo, na antológica música carnavalesca dos anos 30-40, na dra-<br />
maturgia do Arena, no Glauber, em Zé Celso, em Chico Buarque, em Caetano, em Paulinho da<br />
Viola etc.” 150 .<br />
Era preciso quebrar o conceito de elite, de uma cultura fechada, aurática, dominada por<br />
uns poucos, praticada por uns tantos, refugiada em recintos pequenos, afastados, distantes da<br />
sensibilidade inquieta do grande público: “Nós escrevemos e representamos, hoje, sem referên-<br />
cia concreta diante de nós. Encerrado em boutique de Zona Sul, fazendo teatro para o mesmo<br />
público, sempre, e um público altamente homogeneizado, nossa pesquisa vai ficando cada vez<br />
mais abstrata. Se você tem um público diversificado, com responsabilidades sociais, um público<br />
150 PONTES, <strong>Paulo</strong>. “O último artigo”. Op. cit.