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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, ao mesmo tempo em que lia a vida nos papos, nas ro<strong>das</strong> de calça<strong>das</strong>, nas<br />

ruas, na poética determinista da gente humilde, lia também o outro lado, o que estava escrito<br />

nos livros guardados na biblioteca pública de João Pessoa, aquele mundo mágico e distante,<br />

mágico e transcendente, como é o mundo contido nas linhas de um livro.<br />

<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, desde pequeno, era chegado à leitura do que lhe caísse nas mãos. Talvez o<br />

corpo mignon, a saúde pequena, os pés tortos de sua infância, não o aju<strong>das</strong>sem suficiente quan-<br />

do garoto, que até gostaria de provar a destreza com a bola, a resistência de um corpo são que<br />

corre. Então, restavam-lhe os livros, a leitura, o refúgio de quem é incapaz de enfrentar, no<br />

músculo, o desafio da existência.<br />

João <strong>Pontes</strong>, seu pai, no livro que escreveu biografando a vida de <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, disse<br />

que <strong>Paulo</strong>, quando criança, era um garoto triste, introvertido, um tanto desligado do mundo e,<br />

às vezes, até esquecido; mas, quando adolescente, passou a ser extrovertido, comunicativo, ad-<br />

quiriu inclusive uma enorme capacidade de relacionamento social 1 . Isto parece absolutamente<br />

verdadeiro, se comparado com o depoimento de pessoas que conviveram com <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong><br />

quando adolescente e quando adulto.<br />

Estas pequenas coisas parecem não significar quando se trata de estudar um autor. Mas a<br />

obra de um homem é como o seu caráter, que se constrói pela acumulação dos acidentes de per-<br />

curso. Os detalhes se somam num conjunto e vão determinar o perfil do autor e o de sua obra.<br />

<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, em criança, era tímido. Sobre os pés tortos via o mundo pela moldura de uma<br />

janela, e o quadro que via era a paisagem da pobreza sobre a Serra da Borborema, no interior da<br />

Paraíba, na cidade de Campina Grande, onde nascera, no dia 8 de novembro de 1940. Filho de<br />

João <strong>Pontes</strong> Barbosa, soldado da então Força Policial da Paraíba, e de Laís Carvalho de Holan-<br />

da, enfermeira. Por força de necessidade, no ano de 1941/2, a família transferiu-se para a cidade<br />

de Mamanguape, na Paraíba e, posteriormente, foi morar em João Pessoa onde <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong><br />

cresceu e descobriu o mundo. O mundo real, vivido nas ruas da capital, e o mundo virtual, vivi-<br />

do sobre as tábuas do palco do Santa Roza. Antes, a família morara um tempo na cidade de Rio<br />

Tinto, próxima a Mamanguape, onde o pai conseguira emprego para si e sua mulher, no hospi-<br />

tal da única fábrica existente no lugar. João <strong>Pontes</strong> como enfermeiro, desempenhando serviço<br />

externo. Dona Laís, na sala de partos 2 .<br />

1 PONTES, João. Eu e Meu Filho <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>. Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1982, P. 47<br />

2 Idem, ibidem, p. 43.

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