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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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CAPÍTULO X<br />

A LINGUAGEM E A ESTRUTURA DA MÚSICA<br />

10.1 – O Significado da Música 269<br />

Como fenômeno perceptivo, o som musical possui uma conotação ambígua; o seu<br />

conceito se dilui no paradoxo da impossibilidade de definir o que seja música, e definir<br />

um pelo outro constituiria um sofisma.<br />

Não existe uma definição perfeita para o que seja música. É uma arte, mas é<br />

também uma manifestação social e cultural. É lazer e diversão, e suas várias formas<br />

atingem todas as camadas sociais. De todo modo, é sempre uma manifestação humana.<br />

O fato é que não existe o chamado som musical; o que existe é uma estrutura<br />

sonora que abrange os vários tipos de sons que podem ser percebidos, e cuja relação<br />

entre si vai muito além dos conceitos tradicionais, tais como harmonia, ritmo, melodia,<br />

contraponto, fraseologia, forma, orquestração, etc. Na verdade, elas apontam para mais<br />

longe, para o próprio sentido ou significado da música. 270<br />

É sabido que a música estrutura-se fundamentalmente sobre os seguintes<br />

elementos: ritmo, melodia e harmonia. Por trás destes elementos, no entanto, existe a<br />

idéia musical, que ao ser colocada como discurso, obedece a toda uma esquemática<br />

própria de uma linguagem estruturada, sendo a sua gramática constituída pela<br />

harmonia, e a sintaxe, pela fraseologia musical. Assim como o discurso literário<br />

obedece a regras próprias de estruturação, tanto lingüística quanto estética, e assim<br />

como a expressão do discurso literário na oratória verbal é pontilhada de nuances de<br />

interpretação, que o tornam (o discurso literário) menos ou mais eloqüente, assim<br />

também o discurso musical assenta-se sobre procedimentos obrigatórios de expressão<br />

e/ou interpretação.<br />

O poder de expressão da música se manifesta principalmente na impressão<br />

profunda que ela produz sobre o psiquismo humano, excitando os sentimentos e as<br />

paixões. Mas ela é capaz de evocar também um conteúdo ideativo, embora a um nível<br />

inconsciente, com imagens figurativas mascaradas por uma tessitura emocional. Isto<br />

ocorre principalmente nos gêneros onde a música acompanha interpretações cênicas,<br />

como na ópera, teatro, dança, e modernamente, no cinema. Isto é tanto mais certo<br />

269 A chamada Semiótica da Música mereceu uma quantidade extensa de artigos na Internet. Entre<br />

outros, podem ser citados: O que é a Semiótica da Música, de Gil Nuno Vaz, encontrado no site<br />

http://www.pucsp.br/pos/cos/rism/oqe-gil.htm (veja-se também o site<br />

http://www.pucsp.br/pos/cos/rism/index.html, da RISM – Rede Interdisciplinar de Semiótica da<br />

Música); também o artigo em formato PDF: Comunicação, Semiótica e Música, de Maria Cristina<br />

Fernandes, em http://reposcom.portcom.intercom.org.br/.<br />

270 “Victor Zuckerkandl, em Sound and Symbol (1956) – um livro esplêndido –, diz que essa diferença<br />

[diferença de percepção musical por ouvintes sem sensibilidade musical (nota de LGA)] assinala a<br />

distinção específica da música, separando-a de todos os demais fenômenos acústicos. A música, em<br />

suma, tem não apenas ordem – o ruído de um motor também tem. Ela tem significado: aponta para algo<br />

que vai além dos elementos sonoros que a compõem. A distância entre ouvir sons e apreender uma<br />

melodia é a mesma que há entre ouvir palavras e compreender o que dizem – ou, pior ainda, entre<br />

compreender o mero sentido verbal das frases e reconhecer a que elas se referem na vida real.” Citação<br />

feita por Olavo de Carvalho, no artigo A Consciência sem Consciência (13/03/2009). In:<br />

. Sound and Symbol é o primeiro volume da<br />

obra Music and the External World, sendo o segundo volume, Man the musician. Victor Zuckerkandl é<br />

também autor de The Sense of Music (1959).<br />

251

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