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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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nota emitida. 273 Por outro lado, gravações ao vivo incluem ruídos ambientes (inclusive<br />

os próprios acordes de afinação) que acabam se incorporando ao espetáculo, dando-lhe<br />

um dinamismo imprevisto na partitura musical.<br />

Já há algum tempo os ruídos, mesmo os considerados desagradáveis, foram<br />

incorporados às obras dos compositores, inicialmente para criar um fundo sonoro 274 e<br />

atualmente fazendo parte da própria composição musical, como é o caso, p. ex., da<br />

música concreta. 275 Para a teoria da informação, não existe diferença estrutural entre<br />

ruído e sinal (informação), vale dizer entre ruído e música.<br />

Abraham Moles lançou mão da teoria da informação, para realizar um estudo<br />

crítico da mensagem musical. Sua conclusão é que, ao invés de a teoria musical<br />

acadêmica encontrar apoio científico nesta, encontra tão somente uma refutação de<br />

seus princípios considerados mais sólidos. Para Moles, a teoria musical está eivada de<br />

contradições, e ele procura ressaltar a imprecisão e a indefinição dos conceitos<br />

estabelecidos sobre harmonia, contraponto, composição, tonalidade, etc. Segundo ele, a<br />

notação musical ainda não é capaz de indicar com precisão a verdadeira idéia musical<br />

do compositor, e também sofre distorções na execução, devido a variações orquestrais,<br />

variações de afinação, interpretações de regência, ambiente acústico, entre outros<br />

fatores.<br />

A ambigüidade da mensagem musical toma limites insuspeitados, quando se<br />

analisa a estrutura sonora sob os aspectos de níveis ou gradações dinâmicas, gradações<br />

de altura, distâncias harmônicas e melódicas, etc., quando então se notam diferenças<br />

significativas entre as execuções de diferentes regentes. A incerteza é tão grande que a<br />

duração, por exemplo, da Nona Sinfonia, tem um afastamento de 15%, ou<br />

aproximadamente dez minutos, entre a duração da mesma com regência de Toscanini<br />

(63,25 minutos) e com regência de Furtwangler (73,50 minutos), tendo o regente G.<br />

Ward no meio termo (com 68,50 minutos).<br />

273 Koellreuter (Hans-Joachim Koellreuter, compositor suíço-brasileiro, musicólogo e fundador da<br />

Escola Livre de Música Pró-Arte de São Paulo – 1915-2005) denomina mescla, a esta combinação de<br />

som e ruído.<br />

274 Richard Strauss exigia uma máquina de vento em sua obra Dom Quixote (1898), para simular<br />

moinhos de vento. Erik Satie compôs uma música para o balé Parade, apresentado em 1917, onde<br />

utilizava um fundo sonoro composto de sons de sirene, dínamos e máquinas de escrever. Edgard Varèse<br />

utilizou sons de sirene em sua obra Ionisation (1930-31).<br />

275 Pierre Shaeffer compôs em 1948 a obra denominada Estudos de Ruído, para demonstrar que nem só<br />

com sons musicais se pode criar a música, e que é possível transformar o próprio ruído em música.<br />

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