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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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originalidade, maior a quantidade de informação. Isto não implica necessariamente em<br />

um enriquecimento do repertório do receptor (maior conhecimento), pois a relação<br />

entre informação e significado é bastante complexa.<br />

A informação pura é isenta de significado, ou de sentido; a informação somente<br />

assume significado após ser decodificada, analisada e estruturada segundo os esquemas<br />

de assimilação de dados do receptor, por comparação ou inferência com estruturas de<br />

informação previamente assimiladas pelo mesmo. Uma informação com alta taxa de<br />

elementos novos é mais original que outra que somente contenha elementos<br />

conhecidos (assimilados), os dois extremos sendo marcados pela banalidade e<br />

monotonia (elementos conhecidos e previsíveis) de um lado, e pela originalidade e<br />

ininteligibilidade (todos os elementos desconhecidos) de outro. Deste modo, pode-se<br />

dizer que há uma relação elementar entre informação e significado: quanto maior a<br />

primeira, menor o segundo, e vice-versa.<br />

Para que uma linguagem seja possível, ela deve conter uma relativamente alta taxa<br />

de elementos repetitivos (com alta probabilidade de ocorrência), isto é, deve ser<br />

altamente redundante (vários símbolos para um mesmo elemento; vários significados<br />

para um mesmo padrão – pattern – de informação). Além disso, na linguagem deve ser<br />

mantido um equilíbrio entre informação e significado; a ordenação dos seus elementos<br />

constitutivos deve ter como limites, de um lado, a univocidade (denotação) e de outro a<br />

ambigüidade (conotação).<br />

No item anterior foi dito que a obra musical jamais é acabada e definitiva; Umberto<br />

Eco afirma que toda obra de arte é fundamentalmente ambígua, onde um único<br />

significante suporta uma pluralidade de significados. Ela não se reduz a um conceito<br />

lógico e unívoco, mas é resultado de uma organização dos seus elementos expressivos,<br />

e qualquer mudança na relação desses elementos alteram-lhe o sentido. Esta<br />

pluralidade de significados, no entanto, resulta de deliberada intenção do autor, o que,<br />

no caso das obras musicais, aplica-se principalmente à música do século XX; música<br />

serial, aleatória, concreta, eletrônica (neste ponto, deve-se lembrar que a música<br />

medieval – flamenga – tinha os chamados cânones enigmáticos, onde dísticos em latim<br />

deveriam ser decifrados pelos intérpretes, para que o cânone se realizasse – vide item<br />

11.5).<br />

Já foi falado, no capítulo II, sobre o conceito de ruído na música. Na teoria da<br />

informação, considera-se ruído a toda alteração (acidental ou provocada) do conteúdo<br />

ou partes do conteúdo de uma informação. Assim, na palavra MÚSICJ, a letra J é<br />

correspondente a um ruído surgido ou introduzido na informação original, que é,<br />

evidentemente, MÚSICA. Percebe-se então que o ruído é indesejável, durante a<br />

transmissão de uma informação.<br />

Esquematicamente, a transmissão envolve: o transmissor; um canal de transmissão;<br />

o(s) receptor(es). O canal de transmissão é o veículo pelo qual a transmissão da<br />

informação atinge o receptor; é tanto mais fiel (melhor qualidade de transmissão)<br />

quanto menos ruídos afetarem a mensagem ou informação. Esta conceituação sobre<br />

ruído, bem como tudo o que foi falado até aqui sobre o assunto não abrange todas as<br />

possibilidades do universo sonoro. Conforme o contexto musical, mesmo sons<br />

musicais podem ser considerados como ruídos, como é o caso dos acordes de afinação<br />

que os instrumentistas efetuam antes do início da execução musical, e que são<br />

indesejáveis à audição desta. As modernas gravações musicais procuram eliminar até<br />

os ruídos provenientes do toque em teclas, cordas, etc, deixando unicamente o som da<br />

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