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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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12.2 A expansão do universo sonoro<br />

A partir de 1948, a música atingiu um novo patamar, marcado pela renovação não<br />

só das formas de organização do discurso musical, quanto pela introdução de técnicas e<br />

métodos de captação, manipulação, transformação e reprodução do som, com o uso<br />

intensivo dos novos equipamentos elétricos e eletrônicos colocados à disposição dos<br />

músicos.<br />

O precursor da nova orientação que se seguiria foi Edgard Varèse, 344 que buscou<br />

novos princípios musicais, além da melodia, ritmo e harmonia: tensão e relaxação,<br />

concentração e dissolução, além de ter dado contribuições originais no campo do<br />

ataque rítmico e da acentuação dinâmica. Na América, embora a música rebelde e<br />

iconoclasta de Charles Ives ainda não fosse conhecida, além de Varèse (que se educara<br />

na Europa), outras figuras altamente originais surgiram, trazendo teorias acerca do som<br />

que subvertiam completamente as regras tradicionais: Henry Cowell (1897-1965), do<br />

qual algumas obras lembram as experimentações formais dos antigos flamengos<br />

medievais, 345 e John Cage (1912-1992), precursor da indeterminação e do aleatório na<br />

música, e cujas influências vem do teatro Nô japonês e do budismo Zen. Cage dá valor<br />

principalmente à realidade sonora, ressaltando cada fragmento de som e procurando<br />

mesclar em doses exatas prolongados silêncios com múltiplos conjuntos de<br />

organizações sonoras; isto quanto não usa o próprio silêncio como uma realidade<br />

musical (do qual sua obra 4’33”, de 1952, é o exemplo perfeito). 346<br />

12.2.1 O serialismo e a música concreta<br />

Com Webern, Olivier Messiaen 347 , Krzysztof Penderecki, Luigi Dallapicolla e<br />

Pierre Boulez, 348 entre outros, o Serialismo (como a técnica dodecafônica também é<br />

conhecida) teve um grande desenvolvimento técnico. Messiaen, principalmente,<br />

344 Edgard Victor Achile Charles Varèse (1883-1965). Varèse inventou o termo “som organizado”, que<br />

significava que certos timbres e ritmos podiam ser agrupados juntos, criando uma nova definição de<br />

som. Também demonstrou a grande gama de sons existentes nos instrumentos de percussão. Fez extenso<br />

uso de instrumentos eletrônicos, pelo que é conhecido como o Pai da Música Eletrônica.<br />

345 Cowell é o criador dos chamados clusters (blocos sonoros). Em suas execuções ao piano, ele tocava<br />

diretamente as cordas em seu interior. Este método foi muito copiado posteriormente.<br />

346 Na “execução” desta obra, os músicos se limitam a segurar os seus instrumentos musicais pelo tempo<br />

indicado (ou outro qualquer), após o que abandonam o palco (sugere-se aos espectadores que ouçam o<br />

ruído do teatro, que seria o “som do silêncio”). Entretanto, Cage, como um iconoclasta da música, quer<br />

derrubar todos os ídolos. Um dos seus trabalhos musicais é formado pelo conjunto Europeras 1 & 2<br />

(1987), realizados para a Frankfurt Opera. São formadas por fragmentos de óperas dos séculos XVIII e<br />

XIX. Estas obras, escritas a convite de Heinz-Klaus Metzger (crítico musical) e Reiner (ou Rainer)<br />

Riehm (ou Riehn) (compositor), conselheiros da Ópera citada, tinham por objetivo ser “uma irreversível<br />

negação da ópera como tal”. Posteriormente, em 1990, vieram as Europeras 3 & 4. Cage inspirou<br />

compositores minimalistas tais como Morton Feldman, La Monte Young, Terry Riley, Philip Glass e<br />

Steve Reich.<br />

347 Olivier Eugène Prosper Charles Messiaen (1908-1992). Considerado um dos maiores compositores<br />

do século XX, Messiaen usava escalas especiais, e suas músicas, bastante lentas, são de fundo religioso<br />

(talvez por ter sido organista da igreja parisiense La Trinité, grande parte de suas obras foi escrita para<br />

órgão). Krzysztof Penderecki (1933- ), inicialmente pós-serialista, eventualmente retornou ao sistema<br />

tonal, com alguns elementos atonais.<br />

348 Pierre Boulez (1925- ). Compositor e maestro, é um dos principais representantes da música serial.<br />

Usa o som eletrônico em suas peças. Entre suas obras, podem ser citadas Polyphonie X (1951);<br />

Structures; Pli Selon Pli (1962), Répons (1981), Anthèmes II (1997) e Marteaus sans Maitre. Fundou,<br />

em 1970, o Institute de Recherche et Coordination Acoustique/Musique – IRCAM, para a pesquisa de<br />

tecnologias musicais.<br />

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