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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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CAPÍTULO XII<br />

A MÚSICA DO SÉCULO XX<br />

12.1 – Da crise da linguagem musical à nova música<br />

Assim como a sociedade européia sofreu uma série de profundas transformações<br />

nos campos econômico, social, ideológico, político, científico, etc., também a música<br />

passou por profundas modificações com o alvorecer do novo século. Desde a última<br />

metade do século anterior já vinham ocorrendo mudanças: ritmos mais complexos,<br />

novos instrumentos, novos timbres, novas formas e novas estruturas, e uma continuada<br />

evolução da harmonia. A crise na linguagem musical, no entanto, instalou-se<br />

exatamente na contestação deste princípio considerado imutável, do qual se formou o<br />

arcabouço da música nos três séculos anteriores: a tonalidade. Em busca de uma nova<br />

linguagem, a música do novo século procurou principalmente desvincular-se das<br />

exigências da harmonia tonal, com o que acabou descambando no relativismo musical.<br />

O período de fermentação musical do qual surgiu a Música Nova vai de 1880 a<br />

1900, quando surgiram diversos compositores buscando novas formas de expressão,<br />

rompendo com o Romantismo e criando novos conceitos musicais. Com Gustav<br />

Mahler (1860-1911) a tonalidade se expande, embora ainda sob controle (uso de<br />

intervalos afastados; acordes com dez ou mais sons); Claude Debussy (Achile-Claude<br />

Debussy, 1862-1918), influenciado pela corrente Impressionista nas artes, foi além e<br />

criou um novo conceito de tonalidade, bem como aboliu os conceitos tradicionais de<br />

harmonia e forma. Na tentativa de libertar-se da tonalidade, Debussy usou acordes sem<br />

ligação, terças aumentadas, sucessões de quintas e nonas, superposições tonais, acordes<br />

sem resolução, escalas exóticas, etc. Suas composições abriram o caminho e dirigiram<br />

o curso para a música que viria a seguir.<br />

Outros inovadores foram Richard Strauss (1864-1949), do qual algumas obras<br />

foram escritas de modo que a harmonia não possuísse coesão tonal, e Alexandre<br />

Scriabin (ou Aleksander Scriabin, 1872-1915) simbolista russo que se postava na<br />

vanguarda musical com o seu supercromatismo anárquico e o seu acorde místico<br />

(composto por seis notas).<br />

A personalidade mais original da música, e que inovou em todos os setores, não<br />

foi, no entanto, um músico profissional. O norte-americano Charles Ives (1874-1954),<br />

embora desvinculado dos movimentos musicais europeus do início do século XX,<br />

renovou a linguagem musical de uma maneira revolucionária. Embora suas obras<br />

somente tenham começado a ficar conhecidas quase um quarto de século após sua<br />

publicação (Ives era financeiramente independente, e publicou todas as suas obras, que<br />

distribuía de graça a quem lhe solicitasse), é sabido que se antecipou aos principais<br />

movimentos musicais deste século. De maneira totalmente independente, desenvolveu<br />

a bitonalidade, a politonalidade e a atonalidade, antes que surgissem na música<br />

européia. Usou ritmos simultâneos, ritmos assimétricos, compassos diferentes,<br />

mudanças de intensidade, descompassos, um mesmo compasso; em outras obras,<br />

chegou a abolir o compasso. Fez experiências com música em quarto-de-tom, 338 e com<br />

desvio de diapasão fixo. Experimentou também novas relações de acordes; em suas<br />

obras encontram-se antecedentes da música aleatória, da música concreta e da música<br />

338 Ives compôs três peças para serem executadas em dois pianos afinados com diferença de ¼ de tom.<br />

Também escreveu uma obra chamada Algumas Impressões Sobre Quartos de Tom.<br />

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