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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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das mutações, Guido dispunha os sons de modo que correspondessem às juntas e<br />

pontas dos dedos das mãos, no que se denominava mão guidoniana.<br />

11.5 A música cristã antiga: polifonia (séculos X a XV)<br />

No final do século XII surgiu uma escola de música em estilo polifônico em Paris:<br />

a escola de Notre Dame (Schola Cantorum). Entretanto, nos séculos anteriores já se<br />

esboçava aquilo que viria a desembocar na polifonia. 314 No século IX, acrescentou-se à<br />

voz principal (vox principalis), que era um cantochão, uma segunda voz, a voz organal<br />

(vox organalis). Esta era uma duplicação da voz principal uma quarta ou quinta abaixo.<br />

Entretanto, a voz organal aos poucos começou a se libertar da voz principal, e acabou<br />

sendo escrita acima dela, tornando-se uma voz mais aguda 315 (por volta do século XI).<br />

Depois, a voz organal se tornou também independente, ao executar várias notas contra<br />

apenas uma, que era sustentada pela voz principal. 316<br />

Atribui-se a dois organistas da escola de Notre Dame, Léonin e Perotin (mestres de<br />

coro da Catedral), a criação final da música polifônica para três ou quatro vozes<br />

simultâneas, nos séculos XII e XIII.<br />

O período anterior às primeiras manifestações da polifonia, na música ocidental, é<br />

denominado o período da Ars Antiqua (Arte Antiga), em contraposição à Ars Nova<br />

(Arte Nova), própria da fase em que a polifonia se ergueu como a máxima<br />

manifestação musical. 317 A Ars Nova se distingue pela nova notação, surgida entre os<br />

séculos XII e XIV, na qual já se pode saber a duração das notas, no sistema<br />

denominado Mensuralismo.<br />

A nova música recebeu a denominação de musica mensuralis (música medida), em<br />

oposição ao canto gregoriano, denominado musica plana, que não possuía medida de<br />

tempo.<br />

A introdução da notação de tempo, na música, ou métrica musical, surgiu como uma<br />

necessidade natural da música polifônica. Se era possível manter o compasso em uma<br />

música monofônica, isto se tornou irrealizável na polifonia. Para que os cantores não<br />

saíssem do compasso, eles deviam seguir intervalos de tempo fixos, o que se só se<br />

realizou à medida que a métrica musical se aperfeiçoava na própria evolução da<br />

notação. 318<br />

As vozes se coordenaram, evitando as dissonâncias: essas eram as regras do<br />

contraponto. Este começou a se esboçar no Discante (discantus), no qual as vozes<br />

tinham movimento contrário, cada uma executando uma melodia própria.<br />

O Discante admitia inicialmente somente intervalos de oitava e quinta. Também<br />

inicialmente era a duas vozes, sendo que o cantor improvisava a segunda voz<br />

(discante) da leitura da melodia, chamada melodia tenor, ou Canto Firme (Cantus<br />

314 Um tipo rudimentar de polifonia chamado Gymel surgiu na Inglaterra, no século XV. As duas partes<br />

paralelas evoluem em intervalos de terceira ou sexta.<br />

315 A esse Organum deu-se o nome de Organum livre.<br />

316 Esse Organum ficou conhecido pelo nome de Organum melismático (século XII).<br />

317 Esta manifestação polifônica, de início puramente vocal e sem o acompanhamento de instrumentos,<br />

viria a ser tornar orquestral, com uma utilização cada vez mais crescente de instrumentos musicais.<br />

318 Para uma excelente explanação sobre este tema, veja-se: SZAMOSI, Géza. Lei e Ordem no Fluxo do<br />

Tempo (a música polifônica e a revolução científica), in: Tempo & Espaço – As Dimensões Gêmeas. Rio<br />

de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.<br />

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