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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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14.1 A educação musical<br />

CAPÍTULO XIV<br />

A COMPOSIÇÃO MUSICAL<br />

Na Europa, ao longo de quase toda a Idade Média, qualquer pessoa nascida em<br />

famílias abastadas era educada nas Artes Liberais, que eram constituídas pelo Trivium<br />

(Lógica, Gramática e Retórica), disciplinas que se enquadravam na Linguagem (as<br />

letras), e pelo Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia), disciplinas<br />

ligadas à Matemática (os números).<br />

A organização do saber, evidentemente, estava inserida em uma visão de mundo<br />

característica da época. 580 Deste modo, este tipo de formação intelectual proporcionava<br />

um conhecimento sólido acerca do que devia ser aprendido.<br />

A formação em música não era um complemento nem uma disciplina optativa;<br />

fazia parte do conjunto de conhecimentos que todos deveriam assimilar. Por esta<br />

razão, as pessoas das classes abastadas tinham um conhecimento real acerca da música,<br />

sob todas as formas em que esta se apresentasse. Evidentemente, esta educação não<br />

tinha por objetivo formar músicos (mas também não se furtava a isto).<br />

Quanto à música “popular” (do povo), esta era representada pelos menestréis e<br />

jograis.<br />

O aprendizado prático da música 581 era feito de mestre a discípulo. Esta relação foi<br />

rompida com a Revolução Francesa de 1789, que a substituiu pela educação musical<br />

através de um processo institucional: o Conservatório, que rompia a relação mestrealuno,<br />

por se tornar mais impessoal. Neste caso, um mestre ensinava vários alunos, de<br />

uma só vez.<br />

Conforme diz Harnoncourt, este foi um processo nitidamente político de<br />

manipulação ou doutrinação das pessoas. Por ele, procurava-se a uniformização e a<br />

simplificação dos estilos musicais (HARNONCOURT, 1988, p. 29).<br />

Enquanto que a música erudita anterior se dirigia às pessoas cultas, que tinham<br />

aprendido a linguagem musical, a nova forma de educação musical restringia-se apenas<br />

aos interessados com vocação musical. Embora aparentemente esta possibilidade<br />

estivesse aberta a todos, o que acontecia na realidade era que se restringia este acesso.<br />

Ainda que a classe abastada, devido à tradição histórica, mantivesse a sua cultura<br />

musical, esta modificação estrutural forçou a que os compositores começassem a<br />

compor uma música mais fácil e acessível (idem, p. 30).<br />

A música “de conservatório” fez firmar uma tendência que procurava ditar os<br />

cânones e as regras da música (o Romantismo), tendência esta que só foi rompida pelos<br />

compositores que procuravam uma nova maneira de fazer música. 582<br />

580 As formações superiores mais comuns eram o Direito e a Medicina.<br />

581 Com a intenção de formar músicos.<br />

582 De acordo com Copland, o Romantismo alemão, predominante ao final do século XIX, só foi<br />

ultrapassado através, de um lado, da ação dos compositores russos (Mussorgsky, Stravinsky, Prokofiev,<br />

etc.) e, por outro lado, de alguns compositores europeus (Busoni, Kreneck, etc.), que levaram ao estilo<br />

neoclássico. A este respeito, Copland diz que sofreu, em sua formação musical, as limitações repressoras<br />

do conservador Rubin Goldmark (adepto do Romantismo), repressão esta que só fez aguçar o seu<br />

interesse pela música “proibida” (COPLAND, 1969).<br />

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