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LUIZ GONZAGA DE ALVARENGA - Webnode

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Os dois pilares da teoria musical na Grécia antiga eram Pitágoras e Aristóxenes, e<br />

suas divergências permanecem motivo de celeuma entre os teóricos até os dias de hoje.<br />

Pitágoras baseou-se nas relações numéricas dos harmônicos e fundou uma teoria<br />

matemática da música, da qual dizia constituir a harmonia das esferas. 291 É-lhe<br />

atribuída a descoberta do acorde perfeito.<br />

Alguns historiadores suspeitam que Pitágoras trouxe a sua ciência musical do<br />

Egito, que ele visitou. É certo, contudo, que os princípios teóricos que estabeleceu,<br />

baseados na análise das vibrações sonoras produzidas pelo monocórdio, influenciaram<br />

enormemente o desenvolvimento posterior da música. 292<br />

Platão, ao especular sobre o Demiurgo e a formação do universo (em sua obra Timeu),<br />

introduziu uma série numérica (1, 2, 3, 4, 8, 9, ...). Desta série, outras seqüências<br />

podiam ser derivadas, por interpolação, usando as médias aritmética e harmônica. 293<br />

Uma das séries numéricas básicas (que se poderia prosseguir indefinidamente) seria a<br />

seguinte: 1, 2, 3, 4, 6, 8, 9, 12. Esta, entretanto, é a base da harmonia musical<br />

pitagórica. Suas relações (encontradas no monocórdio) formam a harmonia: DÓ (1);<br />

FÁ ( 4 /3); SOL ( 3 /2); 294 DÓ (2), ou fundamental, quarta, quinta e oitava.<br />

As proporções 3 /2 e 4 /3, das quais surgem as quintas e quartas, quando combinadas,<br />

dão a oitava:<br />

3 /2 x 4 /3 = 12 /6 = 2 (ou 2:1) 295<br />

Através das proporções de quintas e quartas, Pitágoras chegou à escala:<br />

291 A tese dos intervalos entre notas musicais serem resultado de razões numéricas foi aprofundada por<br />

Claudio Ptolomeu, em seu tratado Harmonica. Mas ele foi mais além, pois afirmou que essas relações<br />

matemáticas eram a essência e a causa das harmonias tanto da alma humana como dos movimentos dos<br />

astros. No livro Mistério Cosmografico, o astrônomo Kepler, talvez influenciado pelas afirmações de<br />

Ptolomeu, especulou acerca da proporção entre os corpos celestes e sobre a harmonia existente entre as<br />

partes do cosmos. Para ele, os modos ou tons musicais se reproduziam nas extremidades dos<br />

movimentos dos planetas. Assim, a relação musical ligada a cada planeta seria: Mercúrio, 5:12 ou uma<br />

oitava e uma terça menor; Vênus, 24:25 ou um sustenido; Terra, 5:16 ou um semitom; Marte, 2:3 ou<br />

uma quinta; Júpiter, 5:6 ou uma terça menor; Saturno, 4:5 ou uma terça maior (para Kepler, a Terra<br />

ressoaria as notas MI-FÁ-MI).<br />

292 Os gregos antigos não possuíam suficientes conhecimentos científicos que lhes permitissem conhecer<br />

a essência do fenômeno sonoro, ou seja, a composição complexa que resulta da superposição de<br />

freqüências. Sua análise empírica não permitia ultrapassar os quatro primeiros harmônicos. A escala<br />

pitagórica baseava-se nos intervalos de oitava, quinta e quarta e respectivas sucessões alternadas, uma<br />

quinta acima ou uma quarta abaixo, na escala.<br />

293 Os gregos inventaram um instrumento para encontrar mecanicamente as médias proporcionais,<br />

chamado mesolábio. Quantos às relações puramente matemáticas das médias aritmética e harmônica, o<br />

autor grego Jamblico afirma que este conhecimento foi trazido do Egito por Pitágoras.<br />

294 A quinta acima tem a proporção 3/2, e a quinta abaixo, 2/3.<br />

295 A oitava pode ser representada pela razão 2:1 (uma oitava acima) e pela razão 1:2 (uma oitava<br />

abaixo).<br />

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