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expansão <strong>do</strong> setor de conservas vegetais. As charqueadas, como sab<strong>em</strong>os, vinculadas às<br />

estâncias de criação de ga<strong>do</strong>, e as indústrias de conservas às peque<strong>na</strong>s propriedades<br />

rurais fornece<strong>do</strong>ras de insumos.<br />

Segun<strong>do</strong> Scherer e Silveira (1998), a indústria de conservas vegetais de Pelotas<br />

ocupa posição importante <strong>na</strong> indústria alimentar <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, ganhan<strong>do</strong><br />

expressão a partir da década de 1950 com o desenvolvimento da indústria alimentar<br />

brasileira. A relação direta entre a indústria de conservas e os fornece<strong>do</strong>res de insumos,<br />

produtores rurais, irradiou para municípios vizinhos parte <strong>do</strong> di<strong>na</strong>mismo, fruto da<br />

articulação da indústria com a produção local de frutas e legumes. A indústria de<br />

conservas vegetais de Pelotas t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> colonial; os açorianos tinham por hábito<br />

cultivar ao re<strong>do</strong>r das casas pomares e hortas, ambos bastante diversifica<strong>do</strong>s. 210 Os<br />

portugueses são reconheci<strong>do</strong>s pela qualidade de excelentes <strong>do</strong>ceiros, com a<br />

disponibilidade de matéria-prima não foi difícil ampliar da escala de produção familiar<br />

para a industrial, destacan<strong>do</strong>-se, entre os vários produtos, o pêssego. Com a ampliação<br />

da produção, a d<strong>em</strong>anda por matéria-prima aumentou, incentivan<strong>do</strong> os produtores rurais<br />

a cultivar<strong>em</strong> frutas e legumes para abastecer a indústria de conservas vegetais de<br />

Pelotas, incorporan<strong>do</strong> novas localidades no processo de <strong>integra</strong>ção. Esse processo de<br />

incorporação de novas áreas de produção de matéria-prima adentrou os limites de<br />

Canguçu, incentivan<strong>do</strong> os agricultores a cultivar<strong>em</strong> determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s produtos para atender<br />

à indústria de conservas de Pelotas. Nos relatos da população das localidades de Rincão<br />

<strong>do</strong>s Marques e Rincão <strong>do</strong>s Maia, constatamos que algumas atividades produtivas eram<br />

incentivadas pela indústria de Pelotas, como, por ex<strong>em</strong>plo, a produção de ervilha,<br />

aspargo, milho-<strong>do</strong>ce, tomate, pêssego, entre outras. A indústria não só adquiriu a<br />

produção de frutas e legumes, mas também era responsável pela ocupação de boa parte<br />

da mão-de-obra dessas localidades, recrutada no perío<strong>do</strong> de safra para trabalhar <strong>em</strong><br />

diversas ocupações (ex<strong>em</strong>plo: faxineiros, desencaroça<strong>do</strong>res de pêssego, carrega<strong>do</strong>res de<br />

caixas, etc.).<br />

Na década de 1960, no âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, a indústria pesada estabelece novo<br />

regime de acumulação, para o qual Schmidt e Herrlein Jr. (2002) confer<strong>em</strong> destaque<br />

para o setor de bens de consumo duráveis. No fi<strong>na</strong>l da década, a economia brasileira<br />

retoma o crescimento. Na caro<strong>na</strong> desse di<strong>na</strong>mismo, o Rio Grande <strong>do</strong> Sul volta a crescer<br />

impulsio<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo apoio <strong>do</strong> governo federal como a instalação, por ex<strong>em</strong>plo, da Aços<br />

Finos Piratini, da Refi<strong>na</strong>ria Alberto Pasqualini e de fábricas de tratores e impl<strong>em</strong>entos<br />

agrícolas. Na agricultura, as lavouras de soja e trigo ganham destaque, principalmente<br />

<strong>na</strong> utilização <strong>do</strong> arrendamento de latifúndios (renda da terra) e <strong>na</strong> utilização de mão-deobra<br />

excedente das lavouras coloniais. Para os autores, esse perío<strong>do</strong> traz mudanças<br />

significativas ao meio rural rio-grandense com a <strong>em</strong>ergência <strong>do</strong>s assalaria<strong>do</strong>s rurais e<br />

<strong>do</strong>s produtores rurais cooperativa<strong>do</strong>s, atores sociais que até então não tinham destaque.<br />

O processo de <strong>em</strong>igração para outras regiões <strong>do</strong> país, pelos mesmos motivos salienta<strong>do</strong>s<br />

anteriormente, continuou nos moldes da década passada.<br />

Alonso e Bandeira (1990), estudan<strong>do</strong> as causas da desigualdade <strong>do</strong> crescimento<br />

econômico no território <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, salientam o declínio da região da<br />

Campanha e da região de Pelotas <strong>na</strong> participação no produto industrial. A região da<br />

Campanha caiu de 10,05% <strong>em</strong> 1939 para 3,19% <strong>em</strong> 1980, e a região de Pelotas reduziu<br />

de 5,69% <strong>em</strong> 1960 para 3,59% <strong>em</strong> 1980. 211 Em contrapartida, o eixo Porto Alegre-<br />

Caxias <strong>do</strong> Sul, que <strong>na</strong> década de 1940 já concentrava expressiva parcela <strong>do</strong> parque<br />

manufatureiro gaúcho, passou de 47,35% para 69,94% <strong>do</strong> total no perío<strong>do</strong> entre 1940 e<br />

210 Conforme relato <strong>do</strong> General João Henrique Böehm (1775), apud Cruz (1984).<br />

211 Os autores utilizam como ferramenta para as suas análises comparativas o indica<strong>do</strong>r “Produto Interno<br />

Líqui<strong>do</strong> a custo de fatores” (PILcf).<br />

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