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(Revolução Farroupilha e de 1893), e, <strong>na</strong>s últimas décadas, da indústria de <strong>do</strong>ces e<br />

conservas. Nos últimos anos, com o crescente aumento no número de produtores de<br />

fumo, o município enfrenta uma nova relação de dependência, neste caso com a<br />

indústria de tabaco localizada <strong>na</strong> região <strong>do</strong>s municípios de Santa Cruz <strong>do</strong> Sul e Vera<br />

Cruz. Merece destaque, como outra questão, a estrutura fundiária. Canguçu conta com<br />

grandes e peque<strong>na</strong>s propriedades rurais, resulta<strong>do</strong> das concessões de sesmarias de<br />

campo e de mata, respectivamente, e <strong>do</strong> processo de divisão <strong>do</strong>s bens por herança. Essas<br />

duas questões contribuíram para a formação <strong>do</strong> município, caracterizan<strong>do</strong>-o como<br />

estritamente agrícola e com a maior parte da população viven<strong>do</strong> <strong>em</strong> peque<strong>na</strong>s<br />

propriedades rurais.<br />

2.1.2 Perío<strong>do</strong> pós-colonial<br />

No capítulo anterior procuramos destacar alguns fatos relevantes sobre a história<br />

rio-grandense <strong>do</strong> início da colonização até a Proclamação da Independência,<br />

privilegian<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> colonial porque, segun<strong>do</strong> alguns pesquisa<strong>do</strong>res da história riograndense,<br />

a base para a formação <strong>do</strong> tipo social gaúcho e, para nós, as suas<br />

diferenciações inter<strong>na</strong>s e suas hierarquias de poderes estariam dadas até aquele<br />

momento. Os el<strong>em</strong>entos étnicos (índio, português, negro e espanhol), até a Proclamação<br />

da Independência, já estariam se inter-relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> no extr<strong>em</strong>o-sul <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong><br />

Sul. A economia pastoril, <strong>na</strong>s palavras de Freitas (1980), estaria consolidada, formada<br />

pelas estâncias de criação de ga<strong>do</strong> e pelas charqueadas. 178 Somente após 1822 que se<br />

inicia um novo ciclo coloniza<strong>do</strong>r, com a chegada <strong>do</strong>s colonos al<strong>em</strong>ães 179 (1824) e<br />

italianos 180 (1875). 181 A partir deste momento avançar<strong>em</strong>os no t<strong>em</strong>po com o fim de<br />

compreendermos o processo de formação da região <strong>do</strong> entorno de Canguçu, destacan<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> julgarmos conveniente, fatos regio<strong>na</strong>is, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is para<br />

apreendermos as complexas relações locais e globais de inserção <strong>do</strong> território social de<br />

Canguçu.<br />

Em 1824 chegam ao Rio Grande <strong>do</strong> Sul os primeiros imigrantes al<strong>em</strong>ães,<br />

inicialmente estabeleci<strong>do</strong>s às margens <strong>do</strong> rio <strong>do</strong>s Sinos e anos depois (1858) instala<strong>do</strong>s<br />

<strong>na</strong> região <strong>do</strong> atual município de São Lourenço <strong>do</strong> Sul. 182 Este último limítrofe a<br />

178<br />

No nosso entendimento talvez seria melhor requalificar de agropastoril, mesmo <strong>na</strong> estância. O agro no<br />

senti<strong>do</strong> de abastecimento interno da estância e de merca<strong>do</strong>s locais; o pastoril, principalmente, para<br />

atividades de comércio, transporte e merca<strong>do</strong>s <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.<br />

179<br />

Sobre a colonização al<strong>em</strong>ã no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, ver Roche (1969).<br />

180<br />

Sobre a colonização italia<strong>na</strong> no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, ver Azeve<strong>do</strong> (1982), Manfroi (1975) e Frosi e<br />

Mioranza (1975).<br />

181<br />

Qualificamos a chegada <strong>do</strong>s colonos al<strong>em</strong>ães e italianos como conjunturas diferentes. A chegada está<br />

associada à questão da força de trabalho no Império: as tensões da escravidão e <strong>do</strong> tráfico negreiro, e as<br />

políticas de atração <strong>do</strong>s movimentos políticos, econômicos e religiosos <strong>na</strong> Europa (Guerras Napoleônicas)<br />

que não só promoveram a vinda-fuga da família real para o Brasil, mas também esteve associada às<br />

primeiras independências coloniais, dentre as quais a america<strong>na</strong> e a brasileira. Acor<strong>do</strong>s entre <strong>na</strong>ções<br />

dirigiam os fluxos migratórios inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. O primeiro surto de migração (o al<strong>em</strong>ão) para o RS se fez<br />

<strong>em</strong> um ambiente escravocrata, no qual a <strong>na</strong>ção de orig<strong>em</strong> procura garantir que seus imigrantes não sofram<br />

as condições da escravidão (ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong> denúncias inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e rompimentos de acor<strong>do</strong>s entre<br />

<strong>na</strong>ções). Pod<strong>em</strong>os levantar a hipótese que a Al<strong>em</strong>anha requeria que seus imigrantes tivess<strong>em</strong> condições<br />

de mora<strong>do</strong>res-colonos-proprietários, origi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> as zo<strong>na</strong>s coloniais gaúchas, distintas, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>do</strong>s<br />

colonos-europeus-parceiros <strong>do</strong> café <strong>em</strong> SP.<br />

182<br />

Na perspectiva de Pesavento (1994), o desenvolvimento <strong>do</strong> capitalismo <strong>em</strong> países europeus, como a<br />

Al<strong>em</strong>anha e a Itália, levou a um perío<strong>do</strong> de desequilíbrio social. Parte expressiva da população<br />

encontrava-se s<strong>em</strong> condições de produção (terra) e trabalho. Uma das alter<strong>na</strong>tivas foi enviar imigrantes<br />

para outros países como o Brasil. Segun<strong>do</strong> Azeve<strong>do</strong> (1982), sobre a Itália, a migração foi decorrência, <strong>em</strong><br />

parte, <strong>do</strong> regime fundiário feudal que privilegiava peque<strong>na</strong> parte da sociedade com a maior parte da terra.<br />

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