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especialização <strong>na</strong> atividade, 499 restringin<strong>do</strong> a capacidade da família <strong>em</strong> criar possíveis<br />

alter<strong>na</strong>tivas para enfrentar alguma crise que, porventura, atinja o setor de tabacos ou<br />

mudança de estratégia da indústria. 500 Entretanto, segun<strong>do</strong> relatos de mora<strong>do</strong>res,<br />

extensionistas rurais, representantes da indústria de tabacos, entre outros informantes, a<br />

expansão da produção de fumo <strong>na</strong> região está contribuin<strong>do</strong> para o regresso de famílias<br />

para o meio rural <strong>do</strong> município, para trabalhar diretamente no cultivo ou <strong>em</strong> atividades<br />

afins. 501<br />

A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> o processo de desenvolvimento da sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia,<br />

verifica-se que as transformações materiais e as de valores culturais foram<br />

significativas. A <strong>integra</strong>ção ao ambiente mais amplo, além <strong>do</strong>s limites geográficos (da<br />

localidade) e <strong>do</strong> circulo de relações de parentesco e amizade locais, contribuiu para<br />

mudanças <strong>na</strong> percepção sobre a realidade <strong>na</strong>s suas mais variadas dimensões. A<br />

perso<strong>na</strong>lidade estruturada <strong>em</strong> princípios rígi<strong>do</strong>s e restritos, característica de décadas<br />

passadas, foi, com os anos e com o alargamento das relações sociais, modifican<strong>do</strong>-se e<br />

adquirin<strong>do</strong> forma maleável. Com raízes culturais no pastoreio (mormente nos grupos<br />

sociais subalternos) e, de certa forma, margi<strong>na</strong>is à racio<strong>na</strong>lidade capitalista (pouco<br />

valoriza<strong>do</strong>s), a sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia metamorfoseou-se <strong>em</strong> um grupo social<br />

distinto da sua orig<strong>em</strong>, aproximan<strong>do</strong>-se às características <strong>do</strong>s vizinhos de ascendência<br />

al<strong>em</strong>ã ou italia<strong>na</strong>, identifica<strong>do</strong>s regio<strong>na</strong>lmente como colonos. A denomi<strong>na</strong>ção colono<br />

aos poucos está sen<strong>do</strong> absorvida pela sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia como forma de<br />

auto-reconhecer-se ou identificar-se, pelas características comuns <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vida, aos<br />

das localidades vizinhas. As pessoas <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia, primeiramente, se identificam<br />

como brasileiras, mas observamos que algumas também usam a palavra colono, o<br />

mesmo acontecen<strong>do</strong> com a localidade, a qual, por vezes, denomi<strong>na</strong>m de colônia.<br />

Questão que relacio<strong>na</strong>mos a uma forma de desvincular-se <strong>do</strong> estigma <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><br />

(gaúcho peão). De certa forma, aparentan<strong>do</strong> um processo recente de construção de<br />

identidade <strong>na</strong> identificação com o imaginário social de longo prazo sobre os colonos. As<br />

mudanças da sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia, de mo<strong>do</strong> geral, pod<strong>em</strong> ser visualizadas <strong>na</strong>s<br />

diversas dimensões <strong>do</strong> viver, como, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>na</strong> transformação <strong>do</strong>s princípios,<br />

adquirin<strong>do</strong>, no caso <strong>do</strong>s produtores de fumo, a racio<strong>na</strong>lidade mercantil e de merca<strong>do</strong>;<br />

trocas sociais mediadas pelo dinheiro (adequan<strong>do</strong>-se às oportunidade ou exigências <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>).<br />

4.2.3 Espírito de comunidade, comportamento e desenvolvimento<br />

Logo no começo isso <strong>aqui</strong> era morto! (...) S<strong>em</strong> mexê com ele não avança. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, o senhor pega um animal novinho, nunca mexe com ele, ele não mostra<br />

a habilidade que ele t<strong>em</strong>, não é? Mas se o senhor ensi<strong>na</strong> ele, ele faz tu<strong>do</strong>, qualquer<br />

coisa. O que um material vivo faz saben<strong>do</strong> ensi<strong>na</strong>r, se deixar ele no campo ele só<br />

499 Segun<strong>do</strong> informação <strong>do</strong> escritório municipal da EMATER, Canguçu passou, aproximadamente, de<br />

3.000 ha ocupa<strong>do</strong>s com lavouras de fumo, <strong>em</strong> 2002, para mais de 7.000 ha, <strong>em</strong> 2003, d<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong> o<br />

rápi<strong>do</strong> avanço deste cultivo.<br />

500 Cabe l<strong>em</strong>brar que, <strong>na</strong>s décadas passadas, a intensificação <strong>do</strong>s conflitos sociais <strong>na</strong> África levou à saída<br />

de boa parte da indústria de tabacos daquele continente, transferin<strong>do</strong>-se para a América Lati<strong>na</strong>, mas nos<br />

últimos anos esses conflitos reduziram-se, e a indústria de tabacos está começan<strong>do</strong> a retor<strong>na</strong>r. Como setor<br />

sensível a mudanças de conjuntura econômica e social, a indústria de tabacos prefere regiões que dispõ<strong>em</strong><br />

de baixo custo da mão-de-obra e boas condições para a produção.<br />

501 Sobre a volta de famílias ao meio rural, há informações que apontam para o crescente aumento da<br />

violência <strong>na</strong>s cidades (Pelotas, Rio Grande e região metropolita<strong>na</strong> de Porto Alegre) como um <strong>do</strong>s<br />

principais motiva<strong>do</strong>res.<br />

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