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merca<strong>do</strong> local. O segun<strong>do</strong> momento, <strong>na</strong> década de 1920, caracterizou-se pela<br />
diversificação <strong>do</strong>s produtos industrializa<strong>do</strong>s e pela concentração geográfica (Porto<br />
Alegre, Rio Grande, Pelotas, Caxias <strong>do</strong> Sul e região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong>s Sinos). A<br />
industrialização <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul não contou com apoio <strong>do</strong> governo, visto que ela<br />
des<strong>em</strong>penhava papel secundário num esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> que o poder estava <strong>na</strong>s mãos <strong>do</strong>s<br />
pecuaristas. Conforme Pesavento (1994), a pecuária rio-grandense não gerou reserva de<br />
capital para fomentar o processo de industrialização, como foi o caso <strong>do</strong> café no centro<br />
<strong>do</strong> país. 198<br />
No fi<strong>na</strong>l da década de 1920, com Getúlio Vargas no poder (1928), a pecuária<br />
tomou novo fôlego, <strong>em</strong> virtude de uma política, como destaca Pesavento (1994, p. 89),<br />
“(...) orientada para o atendimento direto e imediato <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s produtores<br />
estaduais – (...) para a salvação da pecuária gaúcha.” Como ações, criou o Banco <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, favorecen<strong>do</strong> os pecuaristas com <strong>em</strong>préstimos de longo<br />
prazo e juros baixo, além de reduzir tarifas <strong>do</strong> transporte ferroviário, combater o<br />
contraban<strong>do</strong> de charque pelo Uruguai e apoiar a idéia de criação <strong>do</strong> frigorífico <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
Na década de 1930, Nova República, o governo brasileiro estava interessa<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
promover a <strong>integra</strong>ção <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s regio<strong>na</strong>is e diversificar a estrutura produtiva <strong>do</strong><br />
país – di<strong>na</strong>mizan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> interno: substituição das importações. 199 No Rio Grande<br />
<strong>do</strong> Sul, conforme Pesavento (1994), o principal produto exporta<strong>do</strong>r, apesar das<br />
oscilações de preço, continuava sen<strong>do</strong> o charque, produzi<strong>do</strong> também pelos frigoríficos<br />
estrangeiros instala<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong>s décadas passadas. 200 Entretanto, a agricultura<br />
tomava espaço <strong>na</strong> economia rio-grandense, com destaque para o arroz, o trigo, a cebola,<br />
o milho e as frutas de sobr<strong>em</strong>esa.<br />
Nesse perío<strong>do</strong>, o eixo Rio Grande–Pelotas contava com um incipiente processo<br />
de industrialização. Nos arre<strong>do</strong>res de Pelotas encontravam-se peque<strong>na</strong>s propriedades<br />
rurais de descendentes de imigrantes portugueses (açorianos) que cultivavam diversos<br />
tipos de frutas, legumes e cereais. Essa agricultura diversificada propiciou o surgimento<br />
de peque<strong>na</strong>s indústrias familiares, produzin<strong>do</strong> <strong>do</strong>ces e conservas que eram<br />
comercializa<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong>. 201<br />
No fi<strong>na</strong>l da década de 1930, mais precisamente 1938, figuravam entre os<br />
principais produtos agrícolas, cultiva<strong>do</strong>s pelos agricultores de Canguçu, a batata, o<br />
trigo, o milho, o feijão, o alpiste, o fumo, o píretro e a casca. 202 A peque<strong>na</strong> indústria<br />
instalada no município contava com três torrefações de café, quatro fábricas de<br />
manteiga, duas fábricas de conservas, três beneficia<strong>do</strong>ras de fumo, 15 moinhos de grãos,<br />
uma fábrica de inseticida para mosquitos (que utilizava o píretro como matéria-prima),<br />
entre outras. Observa-se que <strong>na</strong>s informações de Bento (1983, p. 128) não há indicação<br />
da existência de curtumes no ano de 1938, provavelmente a crise que se abateu sobre as<br />
charqueadas (concorrência com o produto <strong>do</strong> Prata e a instalação de frigoríficos<br />
198<br />
Talvez grande parte <strong>do</strong> excedente de capital associa<strong>do</strong> a essa industrialização regio<strong>na</strong>l tenha vin<strong>do</strong> pela<br />
migração direta <strong>do</strong> capital colonial para a indústria; no entanto, não se descarta que parte <strong>do</strong> capital que<br />
fomentou o processo de industrialização tenha vin<strong>do</strong> da comercialização de terras (fracio<strong>na</strong>mento) e qu<strong>em</strong><br />
sabe <strong>do</strong> setor charquea<strong>do</strong>r, principalmente de Pelotas e Rio Grande.<br />
199<br />
Sobre a preponderância <strong>do</strong> setor liga<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> interno, ver Furta<strong>do</strong> (1982).<br />
200<br />
Em 1930, finda a chamada República Velha (1889-1930), perío<strong>do</strong> que se caracterizou pelo<br />
crescimento urbano, o desenvolvimento da indústria de peque<strong>na</strong> escala, <strong>do</strong>s serviços públicos e <strong>do</strong><br />
sist<strong>em</strong>a bancário. No Rio Grande <strong>do</strong> Sul, nesse perío<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Schmidt e Herrlein Jr. (2002), a<br />
economia rio-grandense estava voltada para o merca<strong>do</strong> interno, principalmente com o des<strong>do</strong>bramento da<br />
produção agropecuária e agroindustrial <strong>na</strong>s regiões coloniais e da produção industrial <strong>em</strong> Porto Alegre.<br />
201<br />
Com forte influência da cultura portuguesa, Pelotas destacou-se <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente pela produção de <strong>do</strong>ces<br />
artesa<strong>na</strong>is.<br />
202<br />
O produto casca refere à casca de uma árvore <strong>na</strong>tiva (denomi<strong>na</strong>da popularmente de aroeirinha)<br />
utilizada no curtimento <strong>do</strong> couro.<br />
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