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exporta<strong>do</strong>s eram o milho, feijão, batata, mandioca e trigo, além <strong>do</strong> toucinho e da banha<br />
que dispunham de alto valor <strong>em</strong> virtude das dificuldades de transporte da época. 189<br />
A situação de Canguçu, nesse con<strong>texto</strong>, não era das melhores. A economia<br />
charquea<strong>do</strong>ra pelotense encontrava-se <strong>em</strong> crise, conseqüent<strong>em</strong>ente, ocasio<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />
reflexos <strong>na</strong> economia local de Canguçu. Como Canguçu tinha (ainda t<strong>em</strong>) sua economia<br />
local dependente de Pelotas, os setores liga<strong>do</strong>s às charqueadas logo apresentaram si<strong>na</strong>is<br />
da crise. Concomitant<strong>em</strong>ente, Canguçu desenvolvera a agricultura de subsistência,<br />
provavelmente por açorianos, que comercializava o excedente nos centros urbanos de<br />
Pelotas e Rio Grande. Com a instalação e o desenvolvimento da colônia al<strong>em</strong>ã de São<br />
Lourenço <strong>do</strong> Sul (1857), Canguçu passou a sofrer forte concorrência <strong>do</strong>s produtos<br />
agrícolas dessa colônia. São Lourenço <strong>do</strong> Sul abastecia Pelotas e Rio Grande com sua<br />
agricultura diversificada, favorecida pela facilidade de transporte via Lagoa <strong>do</strong>s Patos.<br />
Dentre os produtos agrícolas, São Lourenço destacou-se, neste perío<strong>do</strong>, pela produção<br />
de batata, enviada para outras regiões <strong>do</strong> país.<br />
Em 1875 dá-se início a colonização italia<strong>na</strong> no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, localizan<strong>do</strong>se<br />
<strong>na</strong> região próxima aos atuais municípios de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias<br />
<strong>do</strong> Sul e Garibaldi. Os italianos receberam áreas de terra de aproximadamente 25ha,<br />
menores que as recebidas pelos al<strong>em</strong>ães (77ha), localizadas <strong>em</strong> regiões de encosta.<br />
Conforme Pesavento (1994), os italianos chegam ao Rio Grande <strong>do</strong> Sul <strong>em</strong> situação de<br />
desvantag<strong>em</strong>. Os al<strong>em</strong>ães, chega<strong>do</strong>s <strong>na</strong> primeira metade <strong>do</strong> século XIX, estavam<br />
estabeleci<strong>do</strong>s e com a estrutura de comercialização para a produção agrícola<br />
consolidada. Os italianos teriam que enfrentar a concorrência <strong>do</strong>s al<strong>em</strong>ães e depender<br />
desses para a comercialização de seus produtos. Sobre os italianos <strong>em</strong> Canguçu t<strong>em</strong>-se<br />
poucas informações, sabe-se que há algumas localidades rurais que apresentam número<br />
expressivo de descendentes. Encontramos algumas famílias dispersas no interior <strong>do</strong><br />
município que perderam parte da cultura italia<strong>na</strong> e incorporaram a gaúcha. Nas<br />
localidades de Rincão <strong>do</strong>s Marques e Rincão <strong>do</strong>s Maia, encontramos descendentes de<br />
italianos, poucos e dispersos, mas que ainda consegu<strong>em</strong> guardar algumas características<br />
da cultura italia<strong>na</strong>, seja <strong>na</strong> diversificação da produção agrícola ou nos traços da<br />
perso<strong>na</strong>lidade, como diz Azeve<strong>do</strong> (1982, p. 212): “(...) diferente <strong>do</strong> caboclo, <strong>do</strong> caipira,<br />
<strong>do</strong> roceiro, <strong>do</strong> peão de estância, o colono, como até agora vimos, t<strong>em</strong> uma tradição<br />
diversa e um relacio<strong>na</strong>mento próprio com o meio e com a sociedade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.”<br />
Entre 1893 e 1895, o Rio Grande <strong>do</strong> Sul é palco de um novo <strong>em</strong>bate – a<br />
Revolução Federalista –, que se destacou pelos atos de violência, ten<strong>do</strong> <strong>na</strong> degola a<br />
forma preferida de execução. 190 Como mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> anteriormente, nesse perío<strong>do</strong> muitas<br />
famílias aban<strong>do</strong><strong>na</strong>ram a região de Canguçu <strong>em</strong> t<strong>em</strong>or as repercussões da revolução. 191<br />
Canguçu era freqüent<strong>em</strong>ente visitada por tropas que se dirigiam para as regiões de<br />
conflito, segun<strong>do</strong> Bento (1983, p. 106), onde muitos canguçuenses e piratinienses foram<br />
vitima<strong>do</strong>s <strong>em</strong> decorrência das disputas entre republicanos e federalistas.<br />
Bento (1983) traz as contribuições de Eduar<strong>do</strong> Wilhelmy, publicadas <strong>em</strong> 1905<br />
no trabalho intitula<strong>do</strong> “Vila de Canguçu – Descrição Geográfica”, para d<strong>em</strong>onstrar as<br />
condições econômicas de Canguçu após a Revolução Federalista. Wilhelmy, apud<br />
Bento (1983), <strong>na</strong> comparação entre a Canguçu de 1869 e a de 1905, destaca: “De todas<br />
estas famílias muito poucas restam moran<strong>do</strong> <strong>aqui</strong>. Vários chefes já morreram e outros se<br />
189 Furta<strong>do</strong> (1982) destaca o di<strong>na</strong>mismo da economia rio-grandense <strong>na</strong> segunda metade <strong>do</strong> século XIX,<br />
re<strong>integra</strong>n<strong>do</strong> a pecuária à economia brasileira.<br />
190 Sobre a Revolução Federalista, ver Pesavento (1994).<br />
191 O êxo<strong>do</strong> de parte da população de Canguçu pode ser dimensio<strong>na</strong><strong>do</strong> com a comparação de alguns<br />
da<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> Bento (1983, p. 94,110), <strong>em</strong> 1871 a vila de Canguçu tinha aproximadamente 2.500<br />
habitantes, passa<strong>do</strong>s 37 anos (1908), a população residente no vilarejo era de ape<strong>na</strong>s 1.200 pessoas.<br />
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