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alavancar a área econômica (produção) auxiliam <strong>na</strong> melhoria das condições econômicas<br />
e, qu<strong>em</strong> sabe, sociais, talvez aquém das expectativas tanto das instituições proponentes<br />
como <strong>do</strong>s beneficiários; entretanto, poderiam ser mais eficientes se foss<strong>em</strong> concebidas<br />
num escopo amplo e relacio<strong>na</strong>l, principalmente observan<strong>do</strong> el<strong>em</strong>entos, favoráveis ou<br />
não, da estrutura psicológica <strong>do</strong> público-alvo (sociedade, grupo social, etc.). O esta<strong>do</strong><br />
de espírito da sociedade <strong>em</strong> que são aplica<strong>do</strong>s programas, projetos, políticas, recursos,<br />
etc. é relevante para os resulta<strong>do</strong>s. Por ex<strong>em</strong>plo, numa sociedade solidária e<br />
harmoniosa, a forma como as pessoas se posicio<strong>na</strong>m frente aos obstáculos é diferente de<br />
outra, digamos, menos coesa; a procura por alter<strong>na</strong>tivas para resolver ou transpor as<br />
dificuldades pode ser, ou provavelmente será, mais intensa <strong>na</strong> primeira, os laços de<br />
afetividade e a união pod<strong>em</strong> produzir um sentimento de luta contra algo que ameace o<br />
b<strong>em</strong>-estar comum.<br />
L<strong>em</strong>bramos que ações gover<strong>na</strong>mentais para reduzir a pobreza levam o sugestivo<br />
nome de Políticas de Combate à Pobreza, mas que <strong>na</strong>da, ou pouco, contribu<strong>em</strong> para<br />
despertar o sentimento de solidariedade no interior <strong>do</strong> público-alvo, o que seria uma<br />
forma de acio<strong>na</strong>r os interessa<strong>do</strong>s (os pobres) apelan<strong>do</strong> para o âmbito psicológico<br />
coletivo. Reportamo-nos a Vian<strong>na</strong> (1987) ao destacar que a solidariedade da sociedade<br />
rio-grandense, no perío<strong>do</strong> colonial, era observada somente nos perío<strong>do</strong>s de guerra, <strong>na</strong><br />
paz os laços de responsabilidade mútua eram esvazia<strong>do</strong>s. Possivelmente, despertar<br />
solidariedade não seja um <strong>do</strong>s objetivos das ações de combate à pobreza, mas se<br />
porventura motivasse para um compromisso comum com algum senti<strong>do</strong> de<br />
enfrentamento entre, por ex<strong>em</strong>plo, sociedade e condição social que lhe oprime,<br />
acio<strong>na</strong>ria laços de afetividade e responsabilidade, imbuí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> espírito de luta, e, não<br />
obstante, os resulta<strong>do</strong>s e os efeitos poderiam ser melhores e perduráveis.<br />
Ações gover<strong>na</strong>mentais que consegu<strong>em</strong> desenvolver, econômica e socialmente, e<br />
contagiar a sociedade, no senti<strong>do</strong> de despertar sentimentos de cumplicidade, produz<strong>em</strong><br />
efeitos dura<strong>do</strong>uros, talvez aqueles salienta<strong>do</strong>s por Hirschman (1996). Sociedades<br />
motivadas exerc<strong>em</strong>, <strong>em</strong> certa medida, atração de novos parceiros, sejam da iniciativa<br />
privada ou pública, resultan<strong>do</strong> <strong>em</strong> alter<strong>na</strong>tivas, econômicas e/ou sociais, que<br />
possibilit<strong>em</strong> a perpetuação, de forma satisfatória, <strong>do</strong> processo de desenvolvimento.<br />
Ambientes sociais profícuos despertam atenção; os resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s, nesses<br />
ambientes, são mais facilmente alcança<strong>do</strong>s. Sab<strong>em</strong>os, pelo menos nos basti<strong>do</strong>res, que<br />
ações de desenvolvimento são, relativamente, aplicadas <strong>em</strong> sociedades que ace<strong>na</strong>m com<br />
melhores possibilidades de êxito, os casos perdi<strong>do</strong>s pairam esqueci<strong>do</strong>s no subconsciente<br />
social ou longe <strong>do</strong>s olhos. Por ex<strong>em</strong>plo, a nosso ver, a escolha da localidade <strong>do</strong> Rincão<br />
<strong>do</strong>s Maia, dentre outras, pelo Programa de Desenvolvimento de Comunidade observou a<br />
possibilidade de êxito (aspectos psicológicos e de localização) que aquela sociedade<br />
apresentava, pelo menos à primeira vista, já que uma mobilização social, ainda tímida,<br />
era observada <strong>na</strong>s pessoas.<br />
Fi<strong>na</strong>lizan<strong>do</strong>, da pesquisa de campo ao confi<strong>na</strong>mento para redigir este <strong>texto</strong>,<br />
momentos de satisfação e angústia foram corriqueiros, mas gratificante foi apreender<br />
experiências vivenciadas por outros, l<strong>em</strong>branças que instigavam sentimentos diversos<br />
(deles e nosso), por anos escondi<strong>do</strong>s no pensamento. Pessoas frágeis, carentes,<br />
principalmente, de afeto e reconhecimento; a nossa presença, com objetivo de assimilar<br />
experiências (quiçá um dia devolvê-las), representou, s<strong>em</strong> <strong>em</strong>bargo, a valorização<br />
dessas como cidadãos. Esta aventura nos proporcionou subsídios e inquietações que<br />
estimulam o prosseguimento <strong>do</strong>s nossos estu<strong>do</strong>s no âmbito das discussões abordadas<br />
neste trabalho.<br />
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