Faça aqui o download do texto na integra em pdf.
Faça aqui o download do texto na integra em pdf.
Faça aqui o download do texto na integra em pdf.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Jaguarão, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, Santa Vitória <strong>do</strong> Palmar e São Lourenço <strong>do</strong><br />
Sul. Do fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> século XVIII até a segunda década <strong>do</strong> século XIX, a então Freguesia de<br />
Canguçu, segun<strong>do</strong> Bento (1983, p. 61-62), formou-se um núcleo de recepção de um<br />
processo migratório acentua<strong>do</strong>. No perío<strong>do</strong> da Independência Canguçu era um povoa<strong>do</strong><br />
forma<strong>do</strong> por, aproximadamente, 600 casas, inferior ape<strong>na</strong>s a Pelotas (700 casas) e Rio<br />
Grande (680 casas), sua rápida expansão era, entre outros motivos, decorrência da<br />
proximidade com as charqueadas que se situavam ao re<strong>do</strong>r da vila de Pelotas e,<br />
conforme o autor, pelas concessões de sesmarias de mata. Provavelmente as concessões<br />
de sesmarias de mata (menor que a sesmaria de campo) eram <strong>em</strong> virtude das<br />
características da região, não só pelo relevo acidenta<strong>do</strong> e pela vegetação, mas também<br />
pela proximidade com Pelotas e pela necessidade de assentar as famílias açoria<strong>na</strong>s.<br />
A proximidade com Pelotas levou Canguçu à dependência econômica, caben<strong>do</strong><br />
a ela a atividade agrícola para abastecer a população que estava envolvida com a<br />
economia charquea<strong>do</strong>ra, e local de produção bovi<strong>na</strong> e de passag<strong>em</strong> de tropas de ga<strong>do</strong>. A<br />
princípio, salienta-se que Canguçu, por conta da instalação da Real Feitoria <strong>do</strong> Linho<br />
Cânhamo <strong>do</strong> Rincão de Canguçu (1783-89), respondia por uma posição de destaque no<br />
cenário regio<strong>na</strong>l daquele perío<strong>do</strong>, mas que posteriormente, com a transferência da Real<br />
Feitoria para as margens <strong>do</strong> rio <strong>do</strong>s Sinos, ficou numa posição secundária <strong>na</strong> hierarquia<br />
regio<strong>na</strong>l de poderes. A posição geográfica pode responder, relativamente, pelo<br />
diferencial de poder entre Pelotas e Canguçu, já que a primeira dispõe de fácil acesso ao<br />
mar (via Lagoa <strong>do</strong>s Patos), favorecen<strong>do</strong> o desenvolvimento da economia charquea<strong>do</strong>ra.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, o interesse Imperial <strong>em</strong> Pelotas e Canguçu, diferencia<strong>do</strong>, b<strong>em</strong> como as<br />
forças oligarcas regio<strong>na</strong>is, também diferenciadas, de Pelotas e Canguçu é que pod<strong>em</strong> ter<br />
potencializa<strong>do</strong> o diferencial de poder a favor de Pelotas. Decorrência dessa condição<br />
(dependência), ao re<strong>do</strong>r de Canguçu começaram a ser instala<strong>do</strong>s pequenos curtumes<br />
para tratar<strong>em</strong> o couro <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. Em 1857, ano <strong>em</strong> que foi elevada a vila, Canguçu<br />
contava com seis curtumes (talvez um pólo industrial regio<strong>na</strong>l manufatureiro de<br />
artefatos de couro). Para o curtimento <strong>do</strong> couro eram utilizadas cascas de árvores da<br />
região. A coleta dessas cascas, des<strong>em</strong>penhada pela população rural, constituiu, <strong>em</strong><br />
determi<strong>na</strong><strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, significativa fonte de renda. Famílias de agricultores que não<br />
dispunham de meios de produção para trabalhar a terra des<strong>em</strong>penhavam o trabalho<br />
extrativo, não só da extração dessas cascas como no corte das matas para a produção de<br />
lenha e carvão. Nas entrevistas que realizamos no município, muitos agricultores<br />
relataram a prática dessas atividades realizadas até o início da década de 1980. 174<br />
No decorrer da história, o processo de desenvolvimento da vila de Canguçu<br />
esteve diretamente vincula<strong>do</strong> ao de Pelotas, dada a proximidade geopolítica. No início<br />
da colonização, os meios de transporte eram precários assim como os caminhos e<br />
estradas que havia <strong>na</strong> região, os comerciantes, para percorrer o trajeto entre Canguçu e<br />
Pelotas levavam quase um dia (aproximadamente 55 km). No perío<strong>do</strong> das chuvas, os<br />
arroios aumentavam o volume de água impedin<strong>do</strong> a travessia <strong>do</strong>s animais, nesse caso os<br />
viajantes aguardavam o nível da água retor<strong>na</strong>r ao normal para dar<strong>em</strong> prosseguimento à<br />
viag<strong>em</strong> – espera que chegava a levar dias. Como meio de transporte eram usa<strong>do</strong>s<br />
cavalos e mulas, e o transporte de carga era feito com carroças, carretas e carretinhas. 175<br />
174<br />
Nos próximos capítulos voltar<strong>em</strong>os a abordar a questão da atividade extrativa des<strong>em</strong>penhada pelos<br />
agricultores.<br />
175<br />
As carretas e carroças eram produzidas por profissio<strong>na</strong>is ou pelos agricultores, um trabalho artesa<strong>na</strong>l,<br />
produzidas de toras de madeira de lei. As carretas eram características <strong>do</strong>s primeiros coloniza<strong>do</strong>res<br />
(portugueses), compostas por duas rodas e normalmente puxadas por bois, posteriormente, com a<br />
colonização al<strong>em</strong>ã, foram introduzidas carroças de quatro rodas puxadas, origi<strong>na</strong>lmente, por cavalos. No<br />
decorrer <strong>do</strong>s anos ocorreram adaptações, utilizavam bois ao invés de cavalos como animal de tração das<br />
carroças. Outra transformação foi a variação de carreta para carretinha, está última de menor proporção<br />
79