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de Elias é audaciosa, a qual supõe que: “(...) os indivíduos são condicio<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

socialmente ao mesmo t<strong>em</strong>po pelas representações que faz<strong>em</strong> de si mesmos e por<br />

aquelas que lhe são impostas pelos outros com qu<strong>em</strong> entram <strong>em</strong> relação.” Logo adiante<br />

Coury compl<strong>em</strong>enta: “É essa audácia que se situa a pista aberta por Norbert Elias para<br />

uma sociogênese <strong>do</strong>s grupos sociais: tomar o ‘cérebro’ <strong>do</strong>s homens como objeto de<br />

análise para observar o que se forma nele, essa capacidade de perceber-se como pessoa<br />

no espelho da sociedade (...).”<br />

Para Elias, simplifican<strong>do</strong>, o indivíduo (eu) t<strong>em</strong> <strong>na</strong> sua formação da consciência<br />

parte <strong>do</strong> to<strong>do</strong> (nós), <strong>do</strong>s padrões que são comuns a cada sociedade. 33 Por ex<strong>em</strong>plo, um<br />

indivíduo mora<strong>do</strong>r de uma comunidade rural de Canguçu está condicio<strong>na</strong><strong>do</strong>, de algum<br />

mo<strong>do</strong>, a certo ritual no trato com os outros e a formas específicas de comportamento,<br />

distintas das <strong>do</strong>s residentes da cidade. Como postula<strong>do</strong> por Elias (1994, p. 21), há <strong>na</strong><br />

comunidade uma ord<strong>em</strong> invisível da forma de vida <strong>em</strong> comum, que não pode ser<br />

diretamente percebida, oferecen<strong>do</strong> ao indivíduo uma gama mais ou menos restrita de<br />

funções e mo<strong>do</strong>s de comportamento possíveis. Pod<strong>em</strong>os pensar que essa gama mais ou<br />

menos restrita de funções e mo<strong>do</strong>s de comportamento produza indivíduos mais ou<br />

menos iguais, por conseguinte, através desse processo social de modelag<strong>em</strong>, num<br />

con<strong>texto</strong> de características sociais específicas, é que uma pessoa desenvolve<br />

características e estilos comportamentais que a distingu<strong>em</strong> das outras pessoas da sua<br />

sociedade. Da<strong>do</strong> certo estágio de desenvolvimento social, a diferenciação entre<br />

indivíduos de uma sociedade tor<strong>na</strong>-se um ideal pessoal, muitas vezes decorrente de um<br />

processo inconsciente, resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> con<strong>texto</strong> competitivo <strong>em</strong> que a sociedade está<br />

inserida. Como afirma Elias (1994, p. 56), “(...) a sociedade não ape<strong>na</strong>s produz o<br />

s<strong>em</strong>elhante e o típico, mas também o individual.” As contribuições de Elias são<br />

subsídios que nos auxiliam ou induz<strong>em</strong> a repensar o processo de desenvolvimento<br />

social, sugerin<strong>do</strong> uma outra perspectiva.<br />

Sobre perspectivas a<strong>na</strong>líticas alter<strong>na</strong>tivas, também julgamos relevantes as<br />

contribuições de Moreira que, <strong>em</strong> certa medida, identificam-se com as de Elias. Moreira<br />

(2005), ao discutir identidade social, propõe reflexão ampla e abrangente, exploran<strong>do</strong> a<br />

questão <strong>na</strong> sua complexidade. Concebe uma identidade social como manifestação de<br />

processos complexos e como sen<strong>do</strong> construída <strong>na</strong> relação de co-existência <strong>na</strong>tural com o<br />

ecossist<strong>em</strong>a local e <strong>na</strong>s relações de co-determi<strong>na</strong>ção com a sociedade abrangente.<br />

Postura a<strong>na</strong>lítica que considera a permanente relação entre fatores internos e externos <strong>na</strong><br />

produção da identidade social, fatores que estão dispostos, respectivamente, <strong>na</strong>s ordens<br />

de complexidade denomi<strong>na</strong>das, por Moreira (2005), de restrita e ampla (complexidades<br />

inter<strong>na</strong> e exter<strong>na</strong> e local e global). Conforme o autor, a identidade (individual e coletiva)<br />

é manifestação de múltiplas ordens relacio<strong>na</strong>is expressas <strong>em</strong> corpos e mentalidades,<br />

ten<strong>do</strong> como bagag<strong>em</strong> vivências (incorporadas, consciente ou inconscient<strong>em</strong>ente, <strong>na</strong>s<br />

relações com a sociedade), angústias, aspirações e incertezas. Na nossa percepção, essa<br />

bagag<strong>em</strong> é, <strong>em</strong> parte, personificada no viver, no sentir e no agir, através da linguag<strong>em</strong>,<br />

da atitude e <strong>do</strong> comportamento, formas de expressão da perso<strong>na</strong>lidade individual e<br />

coletiva.<br />

Dentro deste escopo a<strong>na</strong>lítico, apresenta<strong>do</strong> no parágrafo anterior, e das<br />

discussões de orientação com o professor Roberto José Moreira, foi-me sugerida uma<br />

noção de desenvolvimento para melhor compreender os processos sociais complexos,<br />

que procuro <strong>aqui</strong> apresentar.<br />

A compreensão <strong>do</strong>s processos de desenvolvimento das identidades sociais <strong>do</strong>s<br />

Rincões estuda<strong>do</strong>s – necessitaria de uma perspectiva sócio-histórica que permitisse, de<br />

33 Palavra to<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> mutável e desarmônico. Segun<strong>do</strong> Elias (1994), a sociedade não t<strong>em</strong> limites<br />

visíveis, e a vida social <strong>do</strong>s seres humanos é repleta de conflitos.<br />

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