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No fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> século XVIII, a procura por ga<strong>do</strong> retraiu devi<strong>do</strong> a crise da região das<br />
mi<strong>na</strong>s, crise que não proporcionou impactos drásticos <strong>na</strong> economia rio-grandense. Nesse<br />
perío<strong>do</strong>, a atividade produtiva da região estava baseada <strong>na</strong> produção de trigo (açorianos)<br />
e de charque para o merca<strong>do</strong> interno. O trigo, como ressalta Pesavento (1994), foi<br />
introduzi<strong>do</strong> pelos açorianos.<br />
O trigo, cultiva<strong>do</strong> principalmente pelos açorianos, trouxe, por um la<strong>do</strong>, o rápi<strong>do</strong><br />
desenvolvimento econômico, possibilitan<strong>do</strong> a compra de escravos para trabalhar nos<br />
trigais. Por outro la<strong>do</strong>, a triticultura <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> século XVIII e início <strong>do</strong> século XIX,<br />
segun<strong>do</strong> Pesavento (1994), passou por diversas dificuldades referentes ao baixo nível<br />
tecnológico, à competitividade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, ao confisco da produção e da mão-de-obra<br />
para servir os interesses militares, e, <strong>em</strong> 1814, os trigais gaúchos foram acometi<strong>do</strong>s pela<br />
ferrug<strong>em</strong>, desestimulan<strong>do</strong> novas lavouras de trigo. Paralelamente ao desenvolvimento<br />
da triticultura, a pecuária gaúcha ganhava espaço <strong>na</strong>s transações comerciais através da<br />
produção <strong>do</strong> charque. Por conseguinte, muitos açorianos trocaram a agricultura pela<br />
pecuária, investin<strong>do</strong> os recursos, acumula<strong>do</strong>s com a produção de trigo, <strong>na</strong> criação<br />
extensiva de ga<strong>do</strong>.<br />
Nesse perío<strong>do</strong>, os Campos Neutrais caracterizavam-se por uma área de atrito e<br />
de ativo contraban<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Cruz (1984), o ga<strong>do</strong> abati<strong>do</strong> <strong>na</strong>s charqueadas procedia,<br />
<strong>na</strong> sua maioria, da região de Mal<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong> e Rio Negro, contrabandea<strong>do</strong>, <strong>em</strong> parte, pelos<br />
índios missioneiros. Em 1801, <strong>na</strong> Europa, França e Espanha declaram guerra a Portugal,<br />
mas poucos meses depois retomam as relações com a assi<strong>na</strong>tura <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de Badajoz.<br />
O rompimento das relações entre Portugal e a aliança franco-espanhola repercutiu <strong>na</strong><br />
conformação <strong>do</strong> território rio-grandense, segun<strong>do</strong> Cruz (1984), foi nesse mesmo ano<br />
que os portugueses conquistaram a região missioneira. Nas mãos <strong>do</strong>s portugueses e <strong>em</strong><br />
pleno processo de decadência, a região das missões transforma-se <strong>em</strong> nova área de<br />
expansão das sesmarias.<br />
Alguns anos depois, 1807, o território rio-grandense é eleva<strong>do</strong> a Capitania Geral,<br />
subordi<strong>na</strong><strong>do</strong> diretamente ao Vice-Rei, d<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong> a importância da região para a<br />
Coroa, resulta<strong>do</strong>, <strong>em</strong> parte, da conjuntura que se desenhava <strong>na</strong> região <strong>do</strong> Prata, com a<br />
Argenti<strong>na</strong> declaran<strong>do</strong> sua independência <strong>em</strong> 1810. Nesse perío<strong>do</strong> de incertezas e<br />
indecisões, também o Uruguai, sob coman<strong>do</strong> de Artigas, desenvolve um movimento de<br />
independência, opon<strong>do</strong>-se ao Governo de Buenos Aires. Cruz (1984) salienta que<br />
Portugal aproveita a fragilidade da conjuntura que se configurava <strong>na</strong> região para anexar<br />
o território uruguaio ao Império, denomi<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-o de Província Cisplati<strong>na</strong> (1817). Em<br />
1825, a população da Província Cisplati<strong>na</strong> rebela-se contra o já independente Brasil, 82<br />
mas sua independência só é conquistada <strong>em</strong> 1828 com o trata<strong>do</strong> de paz, media<strong>do</strong> pela<br />
Inglaterra. A partir desse momento, o Rio Grande <strong>do</strong> Sul estabelece seus limites que<br />
permanec<strong>em</strong> até hoje. 83<br />
Até esse momento o Rio Grande <strong>do</strong> Sul era terra de índios, portugueses, negros e<br />
espanhóis; estes últimos estabeleceram-se no território rio-grandense com o avançar e<br />
recuar <strong>do</strong> território espanhol e português. O processo de formação <strong>do</strong> território riograndense<br />
está permea<strong>do</strong> por disputas territoriais que contribuíram <strong>na</strong> construção da<br />
identidade regio<strong>na</strong>l. Muito das vivências passadas estão presentes nos hábitos e<br />
costumes <strong>do</strong> povo rio-grandense, <strong>em</strong> maior ou menor grau.<br />
mo<strong>do</strong>, o Trata<strong>do</strong> de Methuen acabou desarticulan<strong>do</strong> um possível desenvolvimento manufatureiro,<br />
inicialmente, <strong>em</strong> Portugal e, posteriormente, no Brasil.<br />
82 A insatisfação com a criação das juntas gover<strong>na</strong>tivas provisórias, subordi<strong>na</strong>das diretamente ao Governo<br />
português, resultou <strong>na</strong> proclamação da independência <strong>em</strong> 1822.<br />
83 Ver Pesavento (1994).<br />
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