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Mi<strong>na</strong>s Gerais, e para as lavouras de café no Vale <strong>do</strong> Paraíba. Além destes, a<br />

incorporação <strong>do</strong>s novos territórios conquista<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1801, resultan<strong>do</strong> <strong>na</strong> fixação de<br />

famílias à região, atraídas pelo desenvolvimento das charqueadas <strong>na</strong> região de Pelotas.<br />

Bento (1983, p. 24) também destaca, segun<strong>do</strong> suas palavras, a “(...) apreciável migração<br />

de orig<strong>em</strong> açoria<strong>na</strong> para Canguçu, das localidades arenosas de Estreito, Mostardas, São<br />

José <strong>do</strong> Norte e de Povo Novo,” no perío<strong>do</strong> entre 1780 e 1800.<br />

Em pesquisa no Arquivo Nacio<strong>na</strong>l (Rio de Janeiro – 1999), Bento (1999, p. 14-<br />

21) localizou o nome e a orig<strong>em</strong> de 63 mora<strong>do</strong>res que contribuíram com <strong>do</strong>ações para a<br />

construção da capela. As <strong>do</strong>ações eram <strong>em</strong> dinheiro ou <strong>em</strong> ga<strong>do</strong>, d<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong> que as<br />

famílias que se estabeleceram <strong>na</strong> região, <strong>em</strong> boa parte, eram de estancieiros e, talvez,<br />

responsáveis pela indústria <strong>do</strong> couro e <strong>do</strong> charque. Sobre a orig<strong>em</strong>, figuram pessoas<br />

<strong>na</strong>turais da vila de Rio Grande e de outras regiões <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul (Rio Par<strong>do</strong>,<br />

Viamão, etc.), Mi<strong>na</strong>s Gerais, Paraná, Per<strong>na</strong>mbuco, Rio de Janeiro, Santa Catari<strong>na</strong>, São<br />

Paulo e de Portugal (Arquipélago <strong>do</strong>s Açores), configuran<strong>do</strong> uma população de origens<br />

e interesses múltiplos da agricultura, da pecuária, <strong>do</strong> comércio, da indústria, da defesa<br />

militar e religiosa. Os açorianos, segun<strong>do</strong> o autor, chegaram a Canguçu depois de alguns<br />

anos no Brasil, principalmente depois das invasões espanholas de 1763 e 1773-74, o que<br />

os levou a se dispersar. 169 Conforme o autor, há registros de que <strong>em</strong> 1795 o local onde<br />

está assentada a cidade de Canguçu já era povoa<strong>do</strong>, possivelmente por açorianos. 170 Na<br />

lista figuram alguns militares, mas provavelmente a maioria dedicava-se à criação de<br />

animais e à agricultura. Essas informações corroboram as apresentadas no capítulo<br />

anterior, <strong>na</strong> qual os cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>s com sesmarias eram militares e caça<strong>do</strong>res de ga<strong>do</strong>,<br />

estes últimos haviam acumula<strong>do</strong> capital no perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que os rebanhos formavam a<br />

reserva da Vacaria del Mar.<br />

Canguçu foi resulta<strong>do</strong> da colonização iniciada por açorianos e brasileiros, uns<br />

ocupan<strong>do</strong> peque<strong>na</strong>s áreas de terras (datas) e dedican<strong>do</strong>-se, inicialmente, ao cultivo de<br />

produtos para a subsistência e para a comercialização (trigo), outros cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>s com<br />

grandes extensões (sesmarias) para a criação de ga<strong>do</strong>. Grosseiramente poderíamos dizer<br />

que a sociedade, no início <strong>do</strong> povoamento, era formada por duas classes proprietárias<br />

<strong>do</strong>s meios de produção – agricultores familiares e estancieiros – e por outras duas<br />

desprovidas <strong>do</strong>s meios de produção – peões e escravos. 171 Com os anos, Canguçu<br />

passou por uma transformação estrutural significativa, os peões passaram de<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s ou agrega<strong>do</strong>s a pequenos proprietários de terras, dedican<strong>do</strong>-se quase que<br />

exclusivamente a pecuária. Bento si<strong>na</strong>liza alguns fatores que contribuíram para essa<br />

transformação, mas <strong>na</strong>da específico. Indícios dessa transformação pod<strong>em</strong> ser<br />

observa<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s entrevistas com agricultores de Rincão <strong>do</strong>s Marques e Rincão <strong>do</strong>s Maia,<br />

localidades que eram no perío<strong>do</strong> colonial estâncias de famílias que tinham por<br />

sobrenome Marques e Maia, respectivamente. Como mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> anteriormente, a<br />

região <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Marques era propriedade de estancieiros de sobrenome Marques,<br />

estâncias que ocupavam as atuais localidades de Rincão <strong>do</strong>s Marques, Rincão <strong>do</strong>s<br />

Cravos e parte <strong>do</strong> município de Cerrito, to<strong>do</strong>s localiza<strong>do</strong>s no extr<strong>em</strong>o sul <strong>do</strong> município<br />

de Canguçu. O caso de Rincão <strong>do</strong>s Maia não é muito diferente, encontramos famílias de<br />

169 A política de Real Feitorias <strong>na</strong> região é de 1783-89 e o trata<strong>do</strong> de Santo Ildefonso é de 1777, isso pode<br />

significar que as Real Feitorias visavam a consolidação da fronteira por processos de potencialização <strong>do</strong><br />

desenvolvimento local.<br />

170 Bento (1983, p. 36) mencio<strong>na</strong> correspondência entre o Gover<strong>na</strong><strong>do</strong>r de Buenos Aires e o Comandante<br />

de Fronteira Manoel Marques de Souza, <strong>na</strong> qual a região sul <strong>do</strong> município de Canguçu (bacia <strong>do</strong> rio<br />

Piratini) era povoada por portugueses antes de 1763. Provavelmente já havia si<strong>do</strong> distribuída sesmaria<br />

nessa região, processo que iniciou <strong>em</strong> 1732.<br />

171 Ainda pode-se destacar uma outra parcela da população que estava associada à manufatura <strong>do</strong>s<br />

artefatos de couro e posteriormente ao charque.<br />

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