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1970. 212 O Rio Grande <strong>do</strong> Sul, conheci<strong>do</strong> pela sua produção no setor primário, foi<br />

paulati<strong>na</strong>mente transforman<strong>do</strong> suas características produtivas, alcançan<strong>do</strong> <strong>na</strong> década de<br />

1970 a paridade entre a produção da indústria com a da agropecuária, sen<strong>do</strong> esta última<br />

ultrapassada <strong>na</strong> década seguinte. 213<br />

Sobre a indústria de conservas de Pelotas, com base nos da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s por<br />

Scherer e Silveira (1998), observa-se que, no decorrer da segunda metade <strong>do</strong> século XX,<br />

houve, por um la<strong>do</strong>, redução no número de <strong>em</strong>presas dedicadas à produção de<br />

conservas, mas, por outro la<strong>do</strong>, um aumento significativo <strong>na</strong>s quantidades produzidas.<br />

Em 1950 eram aproximadamente 100 <strong>em</strong>presas, reduzin<strong>do</strong> quase à metade <strong>em</strong> 1973 (53<br />

<strong>em</strong>presas), chegan<strong>do</strong> ao início <strong>do</strong>s anos 1980 entorno de 40 <strong>em</strong>presas, e, por fim, <strong>em</strong><br />

1995 o número era de ape<strong>na</strong>s 18 <strong>em</strong>presas de conservas vegetais <strong>em</strong> Pelotas. 214 Para os<br />

autores, <strong>na</strong> década de 1950 o grande número de <strong>em</strong>presas correspondia à exploração<br />

artesa<strong>na</strong>l, eram pequenos estabelecimentos familiares preocupa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> transformar a<br />

própria produção, compran<strong>do</strong> matéria-prima somente <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s favoráveis à<br />

comercialização; <strong>em</strong> momentos de dúvida restringiam as quantidades produzidas para<br />

reduzir riscos.<br />

A década de 1970 foi um perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que há um crescimento <strong>na</strong> produção da<br />

indústria de conservas de Pelotas; segun<strong>do</strong> Scherer e Silveira (1998), resulta<strong>do</strong> das<br />

políticas de incentivo ao setor e a modernização das atividades primárias. Ainda nesse<br />

perío<strong>do</strong>, outro fator teve repercussão nesse setor. Através de incentivos fiscais para o<br />

reflorestamento e a fruticultura, começaram a ser implanta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> região grandes<br />

pomares (por volta de 1974) prejudican<strong>do</strong> os produtores familiares. De acor<strong>do</strong> com os<br />

autores, rapidamente a produção proveniente desses grandes pomares representava a<br />

metade <strong>do</strong> pêssego processa<strong>do</strong>. Nas entrevistas com produtores familiares da localidade<br />

de Rincão <strong>do</strong>s Maia, a concorrência <strong>do</strong>s grandes pomares era seguidamente parte <strong>do</strong>s<br />

relatos. 215 Os agricultores destacavam a mudança <strong>na</strong> relação entre as <strong>em</strong>presas de<br />

conserva e os produtores, as <strong>em</strong>presas priorizavam a própria produção e a compra <strong>em</strong><br />

grande escala para posteriormente adquirir a produção <strong>do</strong>s pequenos produtores. A<br />

negociação, segun<strong>do</strong> os produtores familiares, era ditada pela <strong>em</strong>presa, determi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a<br />

qualidade <strong>do</strong> produto (<strong>na</strong> hora da seleção), o preço e a quantidade comprada, deixan<strong>do</strong><br />

ao produtor a opção de vender ou não.<br />

Ainda <strong>na</strong> década de 1970, as <strong>em</strong>presas de conservas de Pelotas incorporaram<br />

novos produtos à linha de produção e aumentaram o processamento de outros, isso para<br />

enfrentar a sazo<strong>na</strong>lidade característica da produção de pêssego. Produtos como<br />

morango, batata, cenoura, ervilha, aspargo, pepino e figo foram incentiva<strong>do</strong>s, pelas<br />

<strong>em</strong>presas de conservas. Tanto produtores rurais de Rincão <strong>do</strong>s Maia como de Rincão<br />

<strong>do</strong>s Marques incorporaram parte desses produtos, mas logo aban<strong>do</strong><strong>na</strong>ram por falta de<br />

estímulo das <strong>em</strong>presas de conserva. Para Scherer e Silveira (1998), a raiz <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a,<br />

212 Pod<strong>em</strong>os ver essa desigualdade de crescimento regio<strong>na</strong>l, pensan<strong>do</strong> <strong>na</strong>s Metades Sul e Norte, como<br />

reversão nos diferenciais de poderes intra-regio<strong>na</strong>l.<br />

213 Para Alonso e Bandeira (1990), as causas para a diferenciação inter-regio<strong>na</strong>l, <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> entre 1939 e<br />

1980, pod<strong>em</strong> ser relacio<strong>na</strong>das a <strong>do</strong>is processos: a) aceleração <strong>do</strong> crescimento industrial, principalmente<br />

<strong>na</strong>s regiões que já haviam começa<strong>do</strong> a constituir um parque manufatureiro, como é o caso de Porto<br />

Alegre e Caxias <strong>do</strong> Sul; b) a expansão das lavouras mecanizadas (trigo, soja e arroz) <strong>na</strong>s regiões que<br />

anteriormente eram ocupadas pela pecuária extensiva e pela policultura colonial, parcelas da região da<br />

Campanha e <strong>do</strong> Pla<strong>na</strong>lto.<br />

214 Parte da redução no número de <strong>em</strong>presas de conservas de Pelotas pode ser resulta<strong>do</strong> das<br />

<strong>em</strong>ancipações, o município de Pelotas <strong>na</strong>s duas últimas décadas sofreu alguns desm<strong>em</strong>bramentos que<br />

origi<strong>na</strong>ram novos municípios como, por ex<strong>em</strong>plo, Morro Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>.<br />

215 Algumas <strong>em</strong>presas de conserva, aproveitan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s incentivos fiscais, formaram seus próprios pomares<br />

de pêssego.<br />

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