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próprio ao amor ao próximo, aos familiares, conterrâneos” favorecen<strong>do</strong> a formação de<br />

sentimentos de coesão e inibin<strong>do</strong> ou superan<strong>do</strong> outros de egoísmo e individualismo. 506<br />

A relação da igreja católica com a transformação no mo<strong>do</strong> de vida das famílias<br />

<strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia pode ser observada <strong>na</strong>s palavras <strong>do</strong> padre Cláudio:<br />

Para nós católicos, a fé nunca se desliga da vida. Isso o povo já t<strong>em</strong> consciência,<br />

que a fé deve repercutir <strong>na</strong> vida e essa vida celebrada <strong>na</strong> comunidade. Há muito<br />

t<strong>em</strong>po a formação bíblica é feita, então vai despertan<strong>do</strong>, vai mostran<strong>do</strong> uma<br />

maneira nova de ser! 507<br />

No Novo Testamento, <strong>em</strong> Mateus (23: 36-40), observa-se a relação entre a fé e a<br />

vida <strong>do</strong>s cristãos, como, também, a referência de Schneider (1978) salientada<br />

anteriormente. Mateus rel<strong>em</strong>bra as palavras de Jesus quan<strong>do</strong> se refere ao grande<br />

mandamento da lei: “Amarás o senhor teu Deus de to<strong>do</strong> o teu coração, e de toda a tua<br />

alma, e de to<strong>do</strong> o teu pensamento”; <strong>em</strong> seguida destaca o segun<strong>do</strong> mandamento,<br />

s<strong>em</strong>elhante ao primeiro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Poderíamos ter<br />

utiliza<strong>do</strong> outras passagens bíblicas, mas nestes <strong>do</strong>is versículos observa-se tanto a íntima<br />

relação entre a fé e a vida <strong>do</strong>s cristãos (“de to<strong>do</strong> o teu pensamento”) como a valorização<br />

ao próximo. Os ensi<strong>na</strong>mentos cristãos, como uma nova concepção de forma de vida<br />

para a sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia, foram apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s reuniões mensais e<br />

pratica<strong>do</strong>s, por parte das famílias, no convívio diário. Nas expla<strong>na</strong>ções, os entrevista<strong>do</strong>s<br />

l<strong>em</strong>bram <strong>do</strong> incentivo e estímulo <strong>do</strong> pároco à prática de sentimentos de afetividade ao<br />

próximo, como nos relatos <strong>do</strong>s senhores Quincas e Jo<strong>aqui</strong>m (57 anos), respectivamente:<br />

“(...) havia padres que foram influencian<strong>do</strong> mais a turma (...) então <strong>aqui</strong>lo já foi uma<br />

mão <strong>na</strong> roda, porque foram ligan<strong>do</strong> à religião, fican<strong>do</strong> mais humilde, participan<strong>do</strong> mais<br />

<strong>em</strong> grupo;” “(...) descobrimo que a gente tinha que ter um outro modelo de vida, porque<br />

assim não ia dar. Aí a gente começou se ajudan<strong>do</strong> uns aos outro, dan<strong>do</strong> a mão uns aos<br />

outro, e a coisa foi melhoran<strong>do</strong>.” 508<br />

Como relatamos no decorrer deste capítulo, a sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia, há<br />

vinte ou trinta anos, caracterizava-se por famílias, segun<strong>do</strong> depoimentos, com formação<br />

ética-social distinta das d<strong>em</strong>ais, as regras de convívio social eram menos rígidas, o que<br />

possibilitava freqüentes conflitos entre as pessoas da própria localidade. Eram grupos<br />

familiares isola<strong>do</strong>s e de frágeis laços de afetividade com as famílias vizinhas,<br />

afetividade que também era pouco expressa entre os próprios familiares. A matriz<br />

social, a família, <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia não colaborava para o desenvolvimento de um<br />

modelo de convívio social que incentivasse a união e a <strong>integra</strong>ção das pessoas numa<br />

relação harmoniosa e prazerosa. Para explorar esta questão é produtivo o resgate <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong> de Schneider (1978, p. 108), que trata da psicologia social (comportamento<br />

social humano, processos psicológicos coletivos, psicologia <strong>do</strong>s povos, etc.). O autor<br />

salienta que: “A formação moral, pró-social, falha <strong>na</strong> subsocialização ético-social, <strong>na</strong><br />

insuficiente ou ausente modelação afetiva <strong>do</strong>s pais ou seus substitutos, <strong>na</strong> criação <strong>do</strong>s<br />

seus filhos.” Para estudiosos <strong>do</strong> assunto, estes seriam alguns <strong>do</strong>s conjuntos de fatores<br />

relevantes <strong>na</strong> orig<strong>em</strong> de probl<strong>em</strong>as sociais que resultam <strong>em</strong> indivíduos alheios aos<br />

interesses sociais, coletivos, comunitários, mas que procuram o convívio social <strong>em</strong><br />

função de interesses estritamente pessoais. A reversão deste quadro, tanto <strong>na</strong> percepção<br />

da sociedade local como <strong>na</strong> <strong>do</strong> Programa de Desenvolvimento de Comunidade da<br />

SUDESUL, como destaca<strong>do</strong> anteriormente, decorria da introdução de um outro modelo<br />

de relacio<strong>na</strong>mento interpessoal a ser aplica<strong>do</strong> e pratica<strong>do</strong>, inicialmente, no interior <strong>do</strong><br />

506 L<strong>em</strong>bramos de Adam Smith e <strong>do</strong> liberalismo clássico <strong>em</strong> que o indivíduo teria um comportamento<br />

pró-social se agisse <strong>na</strong> busca de seus interesses egoístas e individualistas. Esse era o caminho, <strong>na</strong>quela<br />

<strong>na</strong>rrativa, para atingir o b<strong>em</strong>-estar, a melhoria de to<strong>do</strong>s, que viria como que regi<strong>do</strong> por uma mão invisível.<br />

507 Representante da igreja católica.<br />

508 Agricultores no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

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