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locução, representava sentimentos e angústias que povoam a psique <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,<br />

indican<strong>do</strong> sensibilidade de inferioridade, carência afetiva, apego ao pouco que têm. A<br />

referência diminutiva ao universo próximo (pessoas, animais, objetos, etc.) pode<br />

si<strong>na</strong>lizar complexo psicológico, no senti<strong>do</strong> de que a autopercepção da inferioridade<br />

produz a necessidade de equiparar as coisas a sua volta à noção de dimensio<strong>na</strong>mento<br />

determi<strong>na</strong>da pela própria percepção. Se me sinto pequenino, menor que o normal<br />

(complexo) diante da realidade, isso pode trazer desconforto, angústia, e, talvez, a única<br />

solução ao meu alcance, será reduzir (<strong>na</strong> psique) a minha proporção (escala<br />

dimensio<strong>na</strong>l), conceben<strong>do</strong>, psicologicamente, um outro meio mais harmonioso que o<br />

real, mas que também passa a ser real. Isto também pode estar vincula<strong>do</strong> a uma relação<br />

de submissão, <strong>em</strong> que o indivíduo aceita uma situação de subordi<strong>na</strong>ção, subalternidade,<br />

vê-se limita<strong>do</strong>, restrito, impelin<strong>do</strong> ao complexo de inferioridade.<br />

Voltan<strong>do</strong> ao caso <strong>do</strong> uso mais freqüente <strong>do</strong>s diminutivos no perío<strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> dia.<br />

As carências afetivas aumentam com a proximidade da noite, a fragilidade, a saudade, o<br />

desespero são mais freqüentes ou mais intensos. Somos por <strong>na</strong>tureza diurnos, a noite<br />

representa o desconheci<strong>do</strong>, uma ameaça à vida e aos bens, intensifican<strong>do</strong> a necessidade<br />

de aproximação às pessoas e objetos que são estima<strong>do</strong>s (apego), essa aproximação<br />

(psicológica) tor<strong>na</strong>-se possível com o <strong>em</strong>prego <strong>do</strong>s diminutivos – alívio às angústias. 342<br />

Questões que estão vinculadas à auto-estima <strong>do</strong> indivíduo, relacio<strong>na</strong>l e<br />

interdependente e, como o meio proporcio<strong>na</strong> proximidades de sentimentos, a sociedade<br />

ou o grupo social é porta<strong>do</strong>r de características comuns entre as pessoas. A sociedade <strong>do</strong><br />

Rincão <strong>do</strong>s Marques traz marcas <strong>na</strong> sua perso<strong>na</strong>lidade, marcas construídas com a<br />

história, herança <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, que estão <strong>em</strong> constante processo de transformação,<br />

agregan<strong>do</strong>, a estas, experiências <strong>do</strong> presente. Destacamos alguns aspectos que nos<br />

chamaram a atenção, aspectos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à auto-estima dessa sociedade que, de<br />

alguma forma, produz efeito psicológico desaprova<strong>do</strong>r, imputan<strong>do</strong> um certo espírito de<br />

conformismo frente ao con<strong>texto</strong> social e econômico que vivenciam.<br />

3.2.3 Acomodação frente à realidade pouco estimulante: resig<strong>na</strong>ção e<br />

conformismo, s<strong>em</strong> forças e vontade para lutar<br />

O senhor Quirino (69 anos), <strong>na</strong> sua paciência, explica um pouco da <strong>na</strong>tureza das<br />

pessoas <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Marques:<br />

O pessoal não é como <strong>em</strong> outras zo<strong>na</strong>s que o pessoal é mais sai<strong>do</strong>r, mais<br />

procura<strong>do</strong>r. Aqui já não, o pessoal é meio para<strong>do</strong>, acomoda<strong>do</strong>! (...) É a <strong>na</strong>tureza<br />

<strong>do</strong> pessoal, se a <strong>na</strong>tureza é pr<strong>aqui</strong>lo, (...) não são pra saír<strong>em</strong>, procurar um recurso,<br />

então ficam meio para<strong>do</strong>. Se acham que é mais ou menos <strong>aqui</strong>lo ali então ficam<br />

ali. Não quer<strong>em</strong> se inquietar! 343<br />

Jerônimo (39 anos), apesar da idade, também se adequou à condição <strong>do</strong> Rincão<br />

<strong>do</strong>s Marques e está satisfeito:<br />

O pessoal é acomoda<strong>do</strong>, acomoda<strong>do</strong> até para trabalhar. Não é um pessoal que<br />

pegue muito assim. (...) Pega <strong>na</strong> hora boa de trabalhar, que não t<strong>em</strong> muito sol<br />

quente! (...) eles acham que está tu<strong>do</strong> bom, tu<strong>do</strong> b<strong>em</strong> e ficam ali. (...) Eu estou<br />

satisfeito! Ten<strong>do</strong> saúde está bom. 344<br />

Guilhermi<strong>na</strong> (23 anos), <strong>na</strong> sua juventude, declara de forma incisiva e até de certo<br />

ponto agressiva (inconformada):<br />

342<br />

Numa outra interpretação, o diminutivo pode expressar afetividade e pertencimento, b<strong>em</strong> como, de<br />

outro la<strong>do</strong>, desprezo e crítica.<br />

343<br />

Agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Marques.<br />

344<br />

Comerciante e agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Marques.<br />

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