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estrangeiros no Esta<strong>do</strong>) tenha ocasio<strong>na</strong><strong>do</strong> o fechamento <strong>do</strong>s curtumes. A produção de<br />

casca, para curtir o couro, era comercializada <strong>em</strong> outras regiões, possivelmente nos<br />

curtumes instala<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s proximidades da cidade de Pelotas.<br />

Para Schmidt e Herrlein Jr. (2002), a década de 1940 seguia no mesmo caminho<br />

que a anterior, com a ampliação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, permitin<strong>do</strong> que os setores<br />

produtivos regio<strong>na</strong>is gaúchos continuass<strong>em</strong> resguarda<strong>do</strong>s das pressões concorrenciais.<br />

Entretanto, Pesavento (1994) destaca a crise <strong>na</strong>s regiões coloniais e de pecuária,<br />

conseqüência da escassez de terra e <strong>do</strong> esgotamento <strong>do</strong> solo, e <strong>do</strong> completo cercamento<br />

<strong>do</strong>s campos e de novos méto<strong>do</strong>s de criação, respectivamente. 203 Nas duas regiões, o<br />

processo de êxo<strong>do</strong> rural vinha crescen<strong>do</strong> desde a década anterior. Na região colonial, as<br />

famílias eram numerosas e a terra pouca, por critérios específicos de cada família, a<br />

herança (terra) era entregue ao primogênito ou dividida entre os filhos (<strong>na</strong> maioria das<br />

vezes privilegian<strong>do</strong> os homens). A exclusão <strong>na</strong> divisão da herança ou as restrições<br />

produtivas <strong>em</strong> decorrência <strong>do</strong> tamanho da terra e da qualidade <strong>do</strong> solo aceleraram a<br />

saída <strong>do</strong> campo <strong>em</strong> direção aos centros urbanos ou para Santa Catari<strong>na</strong> e Paraná,<br />

esta<strong>do</strong>s onde ainda havia disponibilidade de terras.<br />

Na Campanha, os peões de estância, muitas vezes, não recebiam salários fixos e<br />

pagamento mensal; moradia e uso da terra para a produção de alimentos para a<br />

subsistência da família eram incorpora<strong>do</strong>s ao salário. 204 A baixa r<strong>em</strong>uneração e a falta<br />

de perspectiva estimularam as famílias a procurar<strong>em</strong> melhores condições de vida <strong>na</strong>s<br />

cidades. A indústria desenvolvia a passos lentos, ten<strong>do</strong> <strong>na</strong> transformação <strong>do</strong>s gêneros<br />

agropecuários sua produção, como, por ex<strong>em</strong>plo, o vinho, a banha, as conservas e os<br />

teci<strong>do</strong>s de lã. S<strong>em</strong> condições de absorver a mão-de-obra excedente, as famílias de<br />

colonos e de peões, que não dispunham de qualificação profissio<strong>na</strong>l para trabalhar<strong>em</strong> <strong>na</strong><br />

cidade, alojavam-se <strong>na</strong>s vilas periféricas e sobreviviam <strong>em</strong> sub<strong>em</strong>pregos.<br />

Na década de 1950 as economias regio<strong>na</strong>is d<strong>em</strong>onstram si<strong>na</strong>is de crise,<br />

explicitan<strong>do</strong> os limites <strong>do</strong> padrão regio<strong>na</strong>l de acumulação. Para Schmidt e Herrlein Jr.<br />

(2002), trata-se de uma crise especificamente regio<strong>na</strong>l, a economia brasileira, com o<br />

Plano de Metas (1955-59), muda suas características, instalan<strong>do</strong> novos setores<br />

industriais concentra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> região sudeste. 205<br />

A crise da economia gaúcha era reflexo da <strong>integra</strong>ção <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l com<br />

novas áreas agrícolas (Paraná e Centro-Oeste) que dispunham de melhor produtividade<br />

e localização, além da concorrência <strong>do</strong>s produtos industriais de São Paulo, que<br />

penetravam rapidamente no merca<strong>do</strong> regio<strong>na</strong>l com melhores condições frente aos<br />

produtores gaúchos. Conforme Schmidt e Herrlein Jr. (2002, p. 267), “(...) a crise da<br />

economia regio<strong>na</strong>l nos anos 50 deixou marcas profundas <strong>na</strong> ‘auto-imag<strong>em</strong>’ da<br />

sociedade regio<strong>na</strong>l.” Os autores r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos historia<strong>do</strong>res Sandra Pesavento, Décio<br />

Freitas e Nelson Werneck Sodré para ex<strong>em</strong>plificar os impactos que a crise da economia<br />

203 Alonso e Bandeira (1990), sobre a redução no uso de mão-de-obra <strong>na</strong> atividade de pecuária,<br />

argumentam que medidas simples, como a introdução de cercas para separar as propriedades e para<br />

subdividi-las inter<strong>na</strong>mente <strong>em</strong> potreiros e o uso de bretes, facilitaram o manejo <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, diminuin<strong>do</strong> a<br />

necessidade de mão-de-obra para a lida <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>.<br />

204 Conforme Moreira (1999, p. 152), ao discutir parceria e os negócios <strong>do</strong> coronel, a produção de<br />

subsistência não era só para autoconsumo da família <strong>do</strong> parceiro trabalha<strong>do</strong>r (no nosso caso, <strong>do</strong> peãoparceiro);<br />

tinha, além da parte <strong>do</strong> fazendeiro, a possível venda de uma parcela da parte <strong>do</strong> parceiro<br />

trabalha<strong>do</strong>r nos merca<strong>do</strong>s locais.<br />

205 Paul Singer (1968), apud Pesavento (1994, p. 122), apresenta uma tabela sobre a participação<br />

percentual <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> produção industrial brasileira no perío<strong>do</strong> de 1907 a 1958. Nesta tabela observase<br />

a queda <strong>na</strong> participação <strong>do</strong> Rio de Janeiro (de 33,1%, <strong>em</strong> 1907, para 11,2%, <strong>em</strong> 1958) e <strong>do</strong> Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Sul (de 14,9%, <strong>em</strong> 1907, para 8,1%, <strong>em</strong> 1958) e a rápida elevação <strong>na</strong> participação de São Paulo (de<br />

16,5%, <strong>em</strong> 1907, para 53,2%, <strong>em</strong> 1958).<br />

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