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figuras <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, mas incapazes de incorporar o to<strong>do</strong> rio-grandense, ape<strong>na</strong>s<br />

uma parte carregada de significa<strong>do</strong> étnico.<br />

Na história da colonização <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, pode-se observar a clara<br />

separação étnica, as colônias al<strong>em</strong>ãs e italia<strong>na</strong>s, cada uma no seu território, isolamento<br />

étnico que ainda hoje se observa (ameniza<strong>do</strong> com os anos) <strong>na</strong> sociedade riograndense.<br />

93 Apesar da segregação racial velada existente no interior da sociedade riograndense,<br />

94 a representação <strong>do</strong> gaúcho reúne as etnias sob um mesmo tipo social –<br />

gaúcho. Segun<strong>do</strong> Oliven (1996, p. 24), a atividade pecuária era <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte no Esta<strong>do</strong> –<br />

exaltada – ao passo que a agricultura ocupava posição secundária. Para justificar a<br />

incorporação <strong>do</strong> colono al<strong>em</strong>ão e italiano à representação <strong>do</strong> gaúcho, o autor busca<br />

auxílio <strong>em</strong> Sergio Alves Teixeira (1988):<br />

(...) o termo colono, além de desig<strong>na</strong>r os imigrantes e seus descendentes, no nível<br />

das representações significativa, sobretu<strong>do</strong>, carência de certos atributos<br />

positivamente considera<strong>do</strong>s. Colono r<strong>em</strong>etia à noção de pessoa com carência de<br />

ambição, de traquejo social, de elegância, de postura corporal e<br />

comportamental, de senso de oportunidade e de progresso, de arrojo, de<br />

perspicácia, de sagacidade. Os estudiosos da colonização assi<strong>na</strong>lavam que os<br />

imigrantes estrangeiros idealizavam o gaúcho como tipo socialmente superior.<br />

Oliven (1996, p. 24-25) evidencia outro aspecto que contribuiu para a unidade<br />

<strong>do</strong> gaúcho, o símbolo cavalo. Segun<strong>do</strong> o autor, <strong>na</strong> Europa o cavalo representava o poder<br />

da aristocracia rural, sen<strong>do</strong> uma das primeiras <strong>aqui</strong>sições <strong>do</strong>s colonos ao chegar no<br />

Brasil. “A identificação <strong>do</strong> colono com o gaúcho significava, portanto, uma forma<br />

simbólica de ascensão social.”<br />

A construção da identidade gaúcha, como ressalta Oliven (1996), se faz <strong>na</strong><br />

exclusão <strong>do</strong>s colonos al<strong>em</strong>ães e italianos, como também ocorre <strong>em</strong> relação aos negros e<br />

índios. Concepção distinta apresenta Flores (2003, p. 67), “(...) o gaúcho ou gaudério,<br />

que, s<strong>em</strong> pátria e s<strong>em</strong> lar, era forma<strong>do</strong> (...), tanto por portugueses como espanhóis,<br />

negros e índios, to<strong>do</strong>s margi<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s pela sociedade latifundiária e pecuarista <strong>em</strong><br />

formação.” Não há consenso entre os estudiosos da formação étnica da figura <strong>do</strong><br />

gaúcho, cada qual procura justificar o seu objeto (étnico) de estu<strong>do</strong> <strong>na</strong> exaltação ou no<br />

menosprezo. Tanto no caso de Oliven como de Flores, são pontos de vista que dev<strong>em</strong><br />

ser respeita<strong>do</strong>s, mas que precisam ser a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s adequadamente. Estes <strong>do</strong>is ex<strong>em</strong>plos<br />

tratam de momentos diferentes, um <strong>do</strong> atual e outro <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> colonial.<br />

Deseja-se brev<strong>em</strong>ente destacar a existência de <strong>do</strong>is tipos de representação da<br />

identidade da figura <strong>do</strong> gaúcho. A primeira <strong>na</strong>ta, herdada no sangue, e outra cênica,<br />

apropriada como instrumento de afirmação e “status”. Como salienta Flores (2003, p.<br />

67), há duas correntes de interpretação <strong>do</strong> gauchismo, uma baseada <strong>em</strong> <strong>do</strong>cumentos<br />

históricos que mostra o gaúcho como pertencente a grupo social margi<strong>na</strong>liza<strong>do</strong> pelos<br />

latifundiários; outra criada pelo romantismo e incorporada pelos tradicio<strong>na</strong>listas,<br />

transfiguran<strong>do</strong> o gaúcho <strong>em</strong> cavaleiro medieval, “(...) imitan<strong>do</strong> os heróis <strong>do</strong> romantismo<br />

literário europeu. Cultiva-se assim, uma tradição idealizada.” Estamos interessa<strong>do</strong>s pela<br />

primeira, esta poderá auxiliar a compreender o comportamento <strong>do</strong>s grupos sociais<br />

dispostos <strong>na</strong>s localidades de Rincão <strong>do</strong>s Marques e Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

Até <strong>aqui</strong> parece que boa parte <strong>do</strong>s estudiosos <strong>do</strong> tipo social gaúcho constrói o ser<br />

gaúcho como simbologia e representação monolítica, ocultan<strong>do</strong> processos históricos e<br />

conjunturas que fundamentam significa<strong>do</strong>s. Procurar<strong>em</strong>os, dentro <strong>do</strong> possível, incluir<br />

nesta análise, sobre a formação <strong>do</strong> tipo social gaúcho, suas diferenciações e hierarquias<br />

inter<strong>na</strong>s. Apresenta-se, a seguir, informações sobre região, formação étnica,<br />

93<br />

Sobre o isolamento das colônias al<strong>em</strong>ã e italia<strong>na</strong>, ver Manfroi (1975).<br />

94<br />

Nas localidades estudadas observamos, <strong>em</strong> alguns relatos, a questão racial como fator de diferenciação<br />

– casos de depreciação ou valorização étnica.<br />

38

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