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Bandeira utilizava esse caminho no perío<strong>do</strong> entre 1767 e 1778, inician<strong>do</strong> <strong>em</strong> Canguçu e<br />

passan<strong>do</strong> por Piratini, Pinheiro Macha<strong>do</strong> e Herval, atingin<strong>do</strong> Passo Centurion (as<br />

margens <strong>do</strong> rio Jaguarão) e Cerro Largo (atual Melo), ambos <strong>em</strong> território espanhol<br />

(atual Uruguai). Segun<strong>do</strong> o autor, o forte espanhol de Cerro Largo foi construí<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

decorrência das invasões portuguesas <strong>na</strong> região, principalmente <strong>do</strong> grupo lidera<strong>do</strong> por<br />

Pinto Bandeira. 166<br />

Com base <strong>na</strong>s informações, a região <strong>do</strong> atual município de Canguçu foi no<br />

passa<strong>do</strong> um território de fronteira, inicialmente entre os grupos indíge<strong>na</strong>s guaranis e<br />

pampianos e, no perío<strong>do</strong> colonial, entre Portugal e Espanha. Posteriormente, a região<br />

também passou por conflitos entre estancieiros sobre os limites de cada sesmaria, essa já<br />

é uma disputa local-regio<strong>na</strong>l, que conformam as identidades e hierarquias das<br />

oligarquias regio<strong>na</strong>is. 167 Tanto que a terra onde está situada a cidade de Canguçu fora<br />

motivo de discórdia entre <strong>do</strong>is estancieiros, resultan<strong>do</strong> ao fi<strong>na</strong>l <strong>na</strong> <strong>do</strong>ação das mesmas<br />

para a construção de uma capela e inician<strong>do</strong> o povoa<strong>do</strong> que originou o município.<br />

Percebe-se que as disputas foram parte da história da região, o que pode ajudar a<br />

explicar as configurações de cooperação qualificadas pelas conjunturas históricas e os<br />

interesses locais que, no imaginário social, passa a ser visto como impossibilidade de<br />

cooperação. Essa impossibilidade de cooperação é, a rigor, uma cooperação tencio<strong>na</strong>da<br />

por interesses oligárquicos diferencia<strong>do</strong>s.<br />

Acompanhan<strong>do</strong> as contribuições de Bento, com a transferência da Real Feitoria<br />

<strong>do</strong> Linho Cânhamo <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong> Canguçu para a região <strong>do</strong> atual município de São<br />

Leopol<strong>do</strong>, o povoa<strong>do</strong> que existia ao re<strong>do</strong>r da sede foi paulati<strong>na</strong>mente transferi<strong>do</strong> para a<br />

localidade que hoje se encontra a cidade de Canguçu. A mudança <strong>do</strong> povoa<strong>do</strong> foi<br />

motivada, <strong>em</strong> parte, pela construção de uma capela – atual igreja Matriz Nossa Senhora<br />

da Conceição de Canguçu. 168 As terras <strong>em</strong> que foi construída a capela, como a pouco<br />

referiu-se, foram <strong>do</strong>adas pelo Capitão Mor Paulo Rodrigues Prates e por João Francisco<br />

Teixeira de Oliveira, após disputa entre os mesmos sobre a qu<strong>em</strong> pertencia o direito de<br />

propriedade das terras. Bento (1999) destaca que a questão das terras iniciou <strong>em</strong> 1793 e<br />

estendeu-se até 1800, com a <strong>do</strong>ação à população local, para que nessa área fosse<br />

levantada a capela para que ao re<strong>do</strong>r se desenvolve um povoa<strong>do</strong>. Cabe ressaltar que a<br />

desistência da posse da terra foi incentivada pelos mora<strong>do</strong>res da região. Entretanto, o<br />

símbolo da Igreja (capela) e da religião são utiliza<strong>do</strong>s para reduzir as disputas inter<strong>na</strong>s –<br />

Igreja como mediação entre oligarquias. Conforme Bento (1999, p. 08), por detrás da<br />

construção da capela de Nossa Senhora da Conceição também existiam razões<br />

estratégicas, barrar possível avanço Espanhol. Esse também foi o caso das capelas de<br />

Caçapava e Encruzilhada – prevenir a repetição das invasões de 1763 (D. Pedro<br />

Caballos) e de 1773-74 (D. Vertiz e Salce<strong>do</strong>).<br />

Bento (1999), delinean<strong>do</strong> o processo inicial de formação <strong>do</strong> município de<br />

Canguçu, ressalta outros fatores que contribuíram para o surgimento <strong>do</strong> povoa<strong>do</strong>, como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, a crise <strong>do</strong> ouro <strong>em</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais, o desenvolvimento da pecuária e das<br />

charqueadas e a criação e comercialização de mulas para as mi<strong>na</strong>s de Cuiabá, Goiás e<br />

166<br />

As incursões de Rafael Pinto Bandeira às terras espanholas tinha por fim capturar rebanhos de ga<strong>do</strong><br />

(arrear).<br />

167<br />

Muitas foram as contendas entre estancieiros, fruto da imprecisão <strong>do</strong>s limites entre as propriedades e<br />

da invasão de ga<strong>do</strong> <strong>em</strong> terras alheias. Bento (1983, p. 47-49) destaca alguns probl<strong>em</strong>as dessa <strong>na</strong>tureza.<br />

Adiante Bento (1983, p. 51-52) retoma a questão das disputas de terra, transcreve carta enviada a D. João<br />

(provavelmente seja D. João IV), <strong>na</strong> qual relata a necessidade de um juiz de tombo para tratar dessa<br />

questão. Conforme o autor, essa questão era comum, os casais açorianos também tinham probl<strong>em</strong>as<br />

relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com a posse da terra.<br />

168<br />

Nossa Senhora da Conceição foi padroeira <strong>do</strong> Exército Imperial <strong>do</strong> Brasil, o que d<strong>em</strong>onstra, segun<strong>do</strong><br />

Bento (1999, p. 09), a influência militar inicial da fundação de Canguçu.<br />

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