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só cabeça, falarão com mais força e poderão ajudar-se melhor, uns aos outros,<br />

para resolver seus probl<strong>em</strong>as. O Programa quer associar pessoas, somar vontades,<br />

reunir esforços, acumular conhecimentos, juntar meios de trabalho, acrescentar<br />

serviços; a to<strong>do</strong>s e a tu<strong>do</strong> CONGREGANDO, para atingir um objetivo comum.<br />

Pelas palavras acima e pelas entrevistas com os agricultores que participaram<br />

dessa agregação, perceb<strong>em</strong>os que foi, para muitos, um marco <strong>em</strong> suas vidas,<br />

principalmente quanto diz respeito à afetividade. Talvez esta tenha si<strong>do</strong> a tônica da<br />

reunião, despertar e fortalecer os laços de afetividade e amizade entre os presentes,<br />

apostan<strong>do</strong> nessas como caminho para a transformação social. A transformação que<br />

v<strong>em</strong>os diante de nossos olhos geralmente é material, física, de fácil percepção, como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, melhoria <strong>na</strong>s habitações, <strong>na</strong>s lavouras, <strong>aqui</strong>sição de bens, mas, no que diz<br />

respeito à questão que estamos tratan<strong>do</strong> neste trabalho, por vezes esquecesse que antes<br />

há a transformação psíquica – de mentalidade. Geralmente, a mudança percebida no<br />

aspecto material é reflexo da mudança de comportamento, de visão de mun<strong>do</strong>, por se<br />

tratar de aspecto subjetivo, menos observável aos olhos. Sobre a 1° Agregação de<br />

Produtores Rurais <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia um <strong>do</strong>s participantes, senhor Eduar<strong>do</strong>, relata:<br />

Eles ensi<strong>na</strong>ram de tu<strong>do</strong>. Lá não tinha religião, não tinha partidaria, era<br />

exclusivamente o meio da agricultura. Como tinha que produzir direito,<br />

diversificar as coisa. Não era pra to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> plantar feijão, era pra plantar milho,<br />

feijão. Um plantar pessegueiro, outros plantar soja, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> plantan<strong>do</strong> uma<br />

coisa só não funcio<strong>na</strong>. 436<br />

Para o agricultor, no primeiro momento, o objetivo da reunião estava<br />

exclusivamente <strong>na</strong> questão agrícola, mas perceb<strong>em</strong>os <strong>na</strong> sua fala que, por detrás desta<br />

questão, tinha a noção de perceber a localidade como um corpo, com organismos<br />

<strong>integra</strong><strong>do</strong>s e não competitivos, ou menos competitivos. A diversificação da produção<br />

agrícola dentro <strong>do</strong> estabelecimento familiar e também dentro da localidade reduziria os<br />

riscos e amenizaria as conseqüências de possíveis crises advindas de probl<strong>em</strong>as<br />

climáticos ou <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, tanto de aspectos relativos à subsistência familiar como de<br />

auto-estima. Auto-estima, esta era uma das questões fundamentais para que o programa<br />

alcançasse os objetivos propostos. O senhor Hugo (61 anos) não participou da<br />

agregação, mas l<strong>em</strong>bra das conversas com os vizinhos que participaram: “Eles me<br />

contaram muita coisa que aconteceu <strong>na</strong>quela reunião. (...) Sei que eles trouxeram muita<br />

coisa boa de lá! Eles voltaram muito <strong>em</strong>polga<strong>do</strong> com a reunião de lá!” 437 O entusiasmo<br />

percebi<strong>do</strong> pelas pessoas que não participaram da agregação pode ser melhor<br />

compreendi<strong>do</strong> com o relato eufórico <strong>do</strong> senhor Frederico (44 anos):<br />

Meu Deus <strong>do</strong> céu, eu fiquei <strong>em</strong>ocio<strong>na</strong><strong>do</strong>! Só não chorei! Teve uns três ou quatro<br />

agricultore, pessoal nosso d<strong>aqui</strong>, que se <strong>em</strong>ocio<strong>na</strong>ram barbaramente. Como eu<br />

disse, o povo era dividi<strong>do</strong>. (...) E aí chegou o pessoal lá [os organiza<strong>do</strong>res da<br />

agregação], nós não sabia o que era um carinho de uma pessoa de fora! Vou te<br />

dizer francamente. Chegou lá aquele povo, chegou <strong>em</strong> nós como se fosse um<br />

irmão, eu mesmo não acreditava! Nós mesmo não acreditava! As pessoas<br />

chegavam convidan<strong>do</strong>, conversan<strong>do</strong>, ensi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> onde era um quarto de banho,<br />

onde nós ia sentar, a onde nós ia nos reunir. Chamavam nós, já botavam o<br />

crachazinho para chamar pelo nome. Nós tínhamos o momento de que cada um<br />

contava a sua piada e aí foi se <strong>integra</strong>n<strong>do</strong>. Na hora da despedida, vou te contar<br />

uma coisa, foi <strong>em</strong>ocio<strong>na</strong>l, <strong>em</strong>ocio<strong>na</strong>l! Muito bom, muito bom! Vi<strong>em</strong>os com<br />

aquela <strong>em</strong>oção enorme e dali continuou, já foi monta<strong>do</strong> uma equipe de grupo para<br />

dirigir e chamar o que faltava e o que não faltava [sobre os procedimentos a<br />

ser<strong>em</strong> toma<strong>do</strong>s após a agregação – iniciar o Programa de Desenvolvimento de<br />

Comunidade].” 438<br />

436 Comerciante e agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

437 Antigo mora<strong>do</strong>r e agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia. Atualmente reside <strong>na</strong> cidade de Canguçu.<br />

438 Agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

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