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uma festinha e ficavam pelean<strong>do</strong> [brigan<strong>do</strong>] a tarde inteira. Na venda [armazém] saíam<br />

brigan<strong>do</strong>. Hoje não! Hoje se faz uma festinha, o pessoal está conscientiza<strong>do</strong> (...).” 424<br />

Outro acontecimento social eram os bailes <strong>em</strong> salão, <strong>em</strong> outras localidades, como<br />

destaca o senhor Pedro (69 anos): “Tinha essas bailantas grandes nesses de orig<strong>em</strong><br />

[al<strong>em</strong>ã], bailantas grandes com músicos, mas tinha que pagar entrada.” 425 Esses bailes<br />

eram pouco freqüenta<strong>do</strong>s pelas pessoas <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia, eram distantes e cobravam<br />

entrada, e muitas vezes não tinham roupa adequada, além de certa descrimi<strong>na</strong>ção. No<br />

presente, as festas são freqüentes pela vizinhança, há transporte e condições fi<strong>na</strong>nceiras<br />

para a população <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia freqüentar, os conflitos são esporádicos, e quase<br />

to<strong>do</strong>s os eventos sociais contam com seguranças contrata<strong>do</strong>s, inibin<strong>do</strong> e apaziguan<strong>do</strong> os<br />

ânimos mais exalta<strong>do</strong>s.<br />

Os jogos de futebol eram entre times da localidade ou de outras, freqüent<strong>em</strong>ente<br />

interrompi<strong>do</strong>s por conflitos entre os joga<strong>do</strong>res e a torcida. Atualmente a localidade<br />

promove campeo<strong>na</strong>tos de futebol masculino e f<strong>em</strong>inino e outros eventos esportivos,<br />

organiza<strong>do</strong>s pela Escola Municipal 20 de Set<strong>em</strong>bro e pela Associação Comunitária <strong>do</strong><br />

Rincão <strong>do</strong>s Maia, acontecimentos que muito orgulham a sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

Fruto, entre outros, da conscientização sobre a importância da harmonia social. “Hoje se<br />

quiser ir a festa to<strong>do</strong> o sába<strong>do</strong> e <strong>do</strong>mingo, vai to<strong>do</strong> sába<strong>do</strong> e <strong>do</strong>mingo, e outra, pode ir<br />

com a tua família que não t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a. Se tu vai civiliza<strong>do</strong>, civiliza<strong>do</strong> tu volta! (...)<br />

Sobre isso aí [festas e futebol] está muito civiliza<strong>do</strong>!” 426<br />

Para fi<strong>na</strong>lizar, a transformação da sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia é rapidamente<br />

percebida quan<strong>do</strong> questio<strong>na</strong>-se sobre o passa<strong>do</strong>. Passa<strong>do</strong> que traz l<strong>em</strong>branças de <strong>do</strong>r,<br />

fome e humilhação, mas também de orgulho pela capacidade de transformação. A partir<br />

deste momento, o nosso objetivo é conhecer e compreender os mecanismos diversos<br />

que participaram direta ou indiretamente deste processo, relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> possível,<br />

com a mudança <strong>na</strong> forma de perceber a realidade das pessoas <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

4.2 Além <strong>do</strong> Casulo: análise <strong>do</strong>s propicia<strong>do</strong>res da transformação<br />

L<strong>em</strong>bramos de uma parábola que escutávamos quan<strong>do</strong> ainda éramos criança.<br />

Um menino tinha por hábito coletar, nos pinheiros, casulos de borboletas para levar para<br />

casa para observar o <strong>na</strong>scimento <strong>do</strong>s insetos. Não tinha paciência de esperar o t<strong>em</strong>po<br />

para o desenvolvimento <strong>na</strong>tural, logo iniciava um procedimento cirúrgico para libertar<br />

os animaizinhos <strong>do</strong>s seus casulos. As borboletas saíam com vida, mas suas asas não se<br />

desenvolviam e elas ape<strong>na</strong>s caminhavam ou rastejavam pelo chão, s<strong>em</strong> poder aproveitar<br />

ple<strong>na</strong>mente suas capacidades, caso tivess<strong>em</strong> se desenvolvi<strong>do</strong> s<strong>em</strong> o auxílio <strong>do</strong> menino.<br />

O desenvolvimento completo das borboletas dá-se pelo esforço <strong>em</strong> aban<strong>do</strong><strong>na</strong>r a vida no<br />

casulo, a força <strong>em</strong> libertar-se faz com que asas desenvolvam-se e tenham a resistência<br />

necessária para voar, caso não pass<strong>em</strong> por esta fase <strong>do</strong> processo, as asas atrofiam,<br />

impedin<strong>do</strong> os animaizinhos de vôos mais longos.<br />

Traçan<strong>do</strong> um paralelo, a intervenção <strong>do</strong> poder público no desenvolvimento de<br />

determi<strong>na</strong>das sociedades ou grupos sociais, identifica<strong>do</strong>s com uma determi<strong>na</strong>da região<br />

ou tipo de atividade, pode ser compara<strong>do</strong> ao papel <strong>do</strong> menino. Guardan<strong>do</strong> as<br />

particularidades e as limitações da parábola com a realidade discutida, a falta de<br />

paciência (imediatismo) aliada à boa vontade <strong>do</strong> poder público, além da pressão social,<br />

pode impedir o desenvolvimento pleno da sociedade ou <strong>do</strong> grupo social, atrofian<strong>do</strong><br />

setores da vida que não foram cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>s ou mal dimensio<strong>na</strong><strong>do</strong>s no desenrolar <strong>do</strong><br />

424 Agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

425 Agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

426 Frederico (44 anos), agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

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