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epresentante <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais de Canguçu, destaca o<br />

favorecimento da comunidade pela sua condição de carência:<br />

Posso te dizer que tu<strong>do</strong> que é tipo de projeto que veio para Canguçu foi<br />

direcio<strong>na</strong><strong>do</strong> para o Rincão <strong>do</strong>s Maia, então com isso aju<strong>do</strong>u muito aquela<br />

comunidade. (...) Porque era uma comunidade, se dizia <strong>na</strong> época, a das mais<br />

carente de to<strong>do</strong> o Canguçu. Com isso aju<strong>do</strong>u a comunidade a se desenvolver. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, quan<strong>do</strong> aparecia a Universidade Católica ou a Federal com um projeto,<br />

logo era desti<strong>na</strong><strong>do</strong> para o Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

As contribuições <strong>do</strong> Programa de Desenvolvimento de Comunidade para a<br />

transformação da comunidade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia são evidentes, mas o programa não é<br />

o único responsável. Há questões que preced<strong>em</strong> à intervenção <strong>do</strong> poder público,<br />

acontecimentos e características que foram e são significativos para o processo de<br />

desenvolvimento no seu to<strong>do</strong>. Abordar<strong>em</strong>os, a seguir, algumas questões que, no nosso<br />

entendimento, foram e são participativas desse processo.<br />

4.2.2 Possíveis contribuições para a transformação: a <strong>na</strong>tureza agin<strong>do</strong><br />

Procuran<strong>do</strong> por possíveis concorrentes <strong>do</strong> processo de transformação, deparamonos<br />

com el<strong>em</strong>entos e características que estavam <strong>em</strong> andamento ou começavam a<br />

despontar, condições preexistentes que contribuíram para os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s.<br />

Alguns desses posteriormente potencializa<strong>do</strong>s pelo Programa de Desenvolvimento de<br />

Comunidade.<br />

Como referi<strong>do</strong> no decorrer <strong>do</strong> trabalho, a sociedade <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia é<br />

formada, <strong>em</strong> grande parte, por descendentes de portugueses miscige<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

principalmente com índios, s<strong>em</strong> descartar relações com negros e espanhóis, e por<br />

algumas poucas famílias de al<strong>em</strong>ães e italianos. Estes três grupos étnicos apresentam<br />

diferentes características de perso<strong>na</strong>lidade, diferenças produzidas pelo processo interrelacio<strong>na</strong>l<br />

desenrola<strong>do</strong> por gerações. Bourdieu (1989), ao a<strong>na</strong>lisar o conceito de habitus,<br />

refere-se a conjuntos de princípios e disposições, relativamente estáveis, que ag<strong>em</strong> no<br />

senti<strong>do</strong> de diferenciar ou classificar os grupos sociais – o caráter incorpora<strong>do</strong>r da cultura<br />

(capital simbólico). Grosseiramente, poderíamos resumir <strong>na</strong> manifestação de<br />

características físicas e comportamentais que indica aspectos de orig<strong>em</strong> e trajetória.<br />

Os três grupos pod<strong>em</strong> ser distingui<strong>do</strong>s <strong>em</strong> suas características de perso<strong>na</strong>lidade,<br />

diferenças mais acentuadas no passa<strong>do</strong>. Os descendentes de portugueses <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s<br />

Maia, por sua condição de inferioridade e isolamento, <strong>em</strong> suas relações com o meio<br />

social externo, distintas das relações mais íntimas de amizade e parentesco, eram<br />

retraí<strong>do</strong>s, cabisbaixos, desconfia<strong>do</strong>s, de algum mo<strong>do</strong> arredios, dificultan<strong>do</strong> a<br />

proximidade com outros grupos sociais. Os descendentes germânicos priorizavam suas<br />

relações sociais inter<strong>na</strong>s, fiéis a seus costumes e ritos ancestrais. Para Roche (1969), a<br />

mentalidade <strong>do</strong>s colonos teuto-brasileiros sobressaia <strong>do</strong>s grupos étnicos circunvizinhos<br />

pela sua seriedade. O prazer <strong>em</strong> agrupar-se fez os al<strong>em</strong>ães fundar<strong>em</strong> ou constituír<strong>em</strong><br />

associações com fins espirituais, educativos, beneficentes ou recreativos. Entretanto, no<br />

Rincão <strong>do</strong>s Maia, pelo restrito número de famílias, os descendentes de orig<strong>em</strong><br />

germânica estão, de certa forma, à parte da sociedade local, d<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong> que a<br />

<strong>integra</strong>ção social, desses, é menos intensa. Por outro la<strong>do</strong>, os descendentes de<br />

imigrantes italianos, conforme o senhor Antônio (63 anos), são os mais brasileiros. 454<br />

Integra<strong>do</strong>s à comunidade, segun<strong>do</strong> depoimentos, tomaram a frente <strong>em</strong> algumas questões<br />

que colaboraram para o processo de desenvolvimento. Chegaram <strong>na</strong> região <strong>na</strong> década de<br />

1920, as dificuldades de sobrevivência exigiam dedicação exclusiva à atividade<br />

454 Agricultor e aposenta<strong>do</strong> rural no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

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