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entendimento, evidenciada pela <strong>aqui</strong>sição de vida própria <strong>do</strong>s avanços sociais,<br />

tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se, quiçá, irreversíveis e inician<strong>do</strong> processos de difusão próprios, mesmo<br />

cessan<strong>do</strong> o crescimento econômico. 20<br />

Antes de prosseguirmos, gostaríamos de destacar alguns acontecimentos <strong>na</strong><br />

nossa trajetória de vida que colaboraram para a escolha <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a e da região<br />

apresenta<strong>do</strong>s neste trabalho. Afeiçoamo-nos a características da perso<strong>na</strong>lidade das<br />

sociedades rurais menos abastadas, principalmente pela sua simplicidade e humildade.<br />

Apreço desperta<strong>do</strong> nos i<strong>do</strong>s de 1986, <strong>em</strong> ple<strong>na</strong> explosão <strong>do</strong> Plano Cruza<strong>do</strong>, 21 quan<strong>do</strong><br />

decidimos nos aventurar pelo Nordeste Brasileiro, especificamente <strong>na</strong> cidade de<br />

Caruaru, agreste per<strong>na</strong>mbucano. Vendíamos chinelos numa das feiras típicas da região,<br />

a Feira da Sulanca. 22 Nesta experiência tiv<strong>em</strong>os a oportunidade de conviver com<br />

pessoas de várias classes sociais, mas principalmente com pequenos agricultores que<br />

comercializavam seus produtos <strong>na</strong> feira. Pessoas, muitas delas, despojadas de autoestima,<br />

servis e submissas, denomi<strong>na</strong>das de matutos. Outro motiva<strong>do</strong>r, agora <strong>na</strong> região<br />

de estu<strong>do</strong>, foi o perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que residimos <strong>na</strong>s cidades de Canguçu e Pelotas. Década de<br />

1970, época quan<strong>do</strong> a região tinha maior destaque no âmbito estadual e o<br />

desenvolvimento, aos olhos de uma criança, era facilmente perceptível. Quase vinte<br />

anos depois, fi<strong>na</strong>l da década de 1990, retor<strong>na</strong>mos à região e encontramos uma realidade<br />

diferente da vivenciada no passa<strong>do</strong>, as cidades, especificamente Pelotas, não tinham<br />

mais a viçosidade <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. 23 Além destes, há outros acontecimentos que influíram <strong>na</strong><br />

escolha <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a e da região de estu<strong>do</strong> que apresentar<strong>em</strong>os adiante.<br />

Retoman<strong>do</strong> a apresentação <strong>do</strong> trabalho, o município de Canguçu faz parte da<br />

porção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul denomi<strong>na</strong>da, regio<strong>na</strong>lmente, de Metade Sul,<br />

identificada, no debate político estadual, pela dificuldade <strong>em</strong> dar andamento a um<br />

processo de desenvolvimento continua<strong>do</strong>, fruto de inúmeros aspectos historicamente<br />

recorrentes. Questões que também estão presentes <strong>na</strong>s localidades estudadas. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, propomos conhecer e discutir alguns desses aspectos que condicio<strong>na</strong>m o<br />

desenvolvimento das sociedades rurais, recorren<strong>do</strong> à historiografia regio<strong>na</strong>l para nos<br />

auxiliar <strong>na</strong> análise das informações de campo.<br />

O Rio Grande <strong>do</strong> Sul atualmente destaca-se <strong>em</strong> vários setores da economia, mas<br />

no passa<strong>do</strong> era identifica<strong>do</strong> como um Esta<strong>do</strong> agrícola, conheci<strong>do</strong> pela produção de<br />

grãos e pela criação de ga<strong>do</strong>. A sociedade gaúcha é resulta<strong>do</strong> da agregação de várias<br />

etnias que aportaram <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s diversos; pod<strong>em</strong>os, inicialmente, destacar <strong>do</strong>is<br />

momentos. O primeiro inicia no século XVII com a chegada <strong>do</strong>s portugueses que<br />

vieram disputar território com os espanhóis, e termi<strong>na</strong> no início <strong>do</strong> século XIX. Perío<strong>do</strong><br />

marca<strong>do</strong> por conflitos e disputas por território e pela economia baseada <strong>na</strong> captura e<br />

criação de ga<strong>do</strong>, concentran<strong>do</strong> a ocupação no extr<strong>em</strong>o sul <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.<br />

Tínhamos nesse momento a presença <strong>do</strong>s sul-americanos (índios <strong>na</strong>tivos), <strong>do</strong>s europeus<br />

(portugueses e espanhóis) e <strong>do</strong>s africanos (negros escravos), etnias que origi<strong>na</strong>ram, pela<br />

miscige<strong>na</strong>ção, o gaúcho – habitante <strong>do</strong> pampa. O segun<strong>do</strong> momento, século XIX, é<br />

marca<strong>do</strong> pela chegada <strong>do</strong>s primeiros imigrantes al<strong>em</strong>ães e, posteriormente, <strong>do</strong>s<br />

italianos. Como a parte sul <strong>do</strong> território rio-grandense estava ocupada pelos<br />

portugueses, os al<strong>em</strong>ães e italianos foram desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s para a parte norte, região ocupada<br />

20 Hirschman (1996).<br />

21 Governo José Sarney.<br />

22 Todas as quartas-feiras a movimentação começava por volta das 4 horas da manhã. A maioria <strong>do</strong>s<br />

feirantes com o sonho de enricá, mas nós ape<strong>na</strong>s pelo prazer de mergulhar num universo estranho,<br />

circular pelo labirinto interminável de tabuleiros (tendas), e transcender <strong>em</strong> meio ao burburinho.<br />

23 Há diferentes percepções <strong>em</strong> momentos distintos de nossas vidas sobre um mesmo (que não é mais o<br />

mesmo) objeto de observação, por ex<strong>em</strong>plo, quan<strong>do</strong> criança e quan<strong>do</strong> adulto. Na infância as casas, as<br />

ruas, as árvores pareciam maiores, <strong>na</strong> volta, adulto, tu<strong>do</strong> parece menor.<br />

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