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produtiva, restringin<strong>do</strong> a <strong>integra</strong>ção com as d<strong>em</strong>ais famílias da localidade. Além disso,<br />

deslocavam-se a outras regiões para trabalhar <strong>em</strong> atividades t<strong>em</strong>porárias, assim como os<br />

d<strong>em</strong>ais mora<strong>do</strong>res da localidade, principalmente no corte <strong>do</strong> arroz. A <strong>integra</strong>ção,<br />

propriamente dita, com as d<strong>em</strong>ais etnias veio a se intensificar a partir da década de<br />

1970, momento <strong>em</strong> que as famílias <strong>do</strong> Rincão <strong>do</strong>s Maia, de mo<strong>do</strong> geral, iniciam as<br />

atividades produtivas dedicadas à comercialização. A necessidade de informação e<br />

conhecimento aproxima as pessoas, intensifican<strong>do</strong> as relações sociais.<br />

Entrevistamos algumas famílias de agricultores de orig<strong>em</strong> italia<strong>na</strong> e pod<strong>em</strong>os<br />

perceber traços da perso<strong>na</strong>lidade distintos <strong>do</strong>s d<strong>em</strong>ais grupos étnicos entrevista<strong>do</strong>s. O<br />

senhor Horácio (74 anos), <strong>na</strong> sua forma passio<strong>na</strong>l de expressar-se, dá-nos alguns<br />

el<strong>em</strong>entos:<br />

Nasci <strong>aqui</strong> no Rincão <strong>do</strong>s Maia e me criei s<strong>em</strong>pre junto com pai e mãe,<br />

trabalhan<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre para o progresso. Pai e mãe pobrezinhos, pobrezinhos<br />

começaram a comprar de pouquinho <strong>em</strong> pouquinho até chegar a 22ha de terra. Eu<br />

e o meu outro irmão trabalhamos por tu<strong>do</strong> cortan<strong>do</strong> arroz <strong>na</strong>s granjas de Piratini,<br />

de Pelotas, de Santa Vitória <strong>do</strong> Palmar e até no Uruguai, <strong>em</strong> Rio Branco [fronteira<br />

com a cidade de Jaguarão-RS]. Foi assim que a gente passou a vida no trabalho!<br />

A gente t<strong>em</strong> até paixão de falar porque dói no coração! (...) S<strong>em</strong>pre trabalhan<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> prol da comunidade. S<strong>em</strong>pre o papai foi comunitário e morreu comunitário e<br />

nós os filhos também estamos sen<strong>do</strong>. Nós s<strong>em</strong>pre trabalhan<strong>do</strong> para tocar essa vila<br />

para frente, desde colégio. Foi o meu irmão que <strong>do</strong>ou um pedaço de terra e um<br />

galpão para o colégio. (...) Fui <strong>na</strong> prefeitura para pedir o material (...), juntamos<br />

pedras e fiz<strong>em</strong>os o primeiro colégio. (...) Na igreja também juntamos! To<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> aju<strong>do</strong>u e fiz<strong>em</strong>os a primeira igreja. 455<br />

As palavras, acima transcritas, mostram características de perso<strong>na</strong>lidade. Esse<br />

comportamento, preocupação com o conjunto social, foi observa<strong>do</strong> <strong>em</strong> outros<br />

entrevista<strong>do</strong>s de orig<strong>em</strong> italia<strong>na</strong>. Pensam numa unidade além <strong>do</strong> grupo familiar.<br />

Segun<strong>do</strong> Azeve<strong>do</strong> (1982), distinto <strong>do</strong> caboclo, <strong>do</strong> caipira, <strong>do</strong> roceiro, <strong>do</strong> peão de<br />

estância, o colono italiano t<strong>em</strong> uma tradição diversa e uma forma própria <strong>em</strong> se<br />

relacio<strong>na</strong>r com o meio e com a sociedade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, com tendência à ação coletiva e à<br />

constituição de grupos e associações permanentes. 456 Nas colônias italia<strong>na</strong>s <strong>do</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul, os grupos ou associações têm a função de instrumentos de solidariedade<br />

<strong>na</strong> luta pela vida e de progresso (elevan<strong>do</strong> o conceito de coletividade), com a introdução<br />

da escola e <strong>do</strong> cultivo <strong>do</strong> sentimento de italianidade (papel cultural), colaboran<strong>do</strong> para a<br />

coesão <strong>do</strong> grupo e a manutenção das identificações étnicas. O autor ainda destaca que,<br />

para os colonos italianos, a escola t<strong>em</strong> papel importante <strong>na</strong> socialização e <strong>na</strong><br />

aprendizag<strong>em</strong> e assimilação <strong>do</strong>s valores e das instituições, para prolongar heranças<br />

culturais. A educação também pode representar determi<strong>na</strong>da vantag<strong>em</strong> para a<br />

competição econômica e o des<strong>em</strong>penho social.<br />

Retoman<strong>do</strong> o depoimento <strong>do</strong> senhor Horácio, encontramos características<br />

próximas às descritas por Azeve<strong>do</strong> (1982), a preocupação <strong>em</strong> articular os diversos<br />

meios que pod<strong>em</strong> potencializar ações coletivas e, conseqüent<strong>em</strong>ente, melhorar as<br />

condições para enfrentar as adversidades no que diz respeito à reprodução <strong>do</strong> grupo<br />

social. Acio<strong>na</strong>m, principalmente, meios de socialização como grupos ou associações,<br />

escolas e igrejas, aproximan<strong>do</strong> pessoas e cultivan<strong>do</strong> heranças culturais.<br />

No Rincão <strong>do</strong>s Maia, observou-se que iniciativas para introdução da escola e da<br />

igreja tinham como agente mobiliza<strong>do</strong>r pessoas de ascendência italia<strong>na</strong>, reunin<strong>do</strong> parte<br />

455 Aposenta<strong>do</strong> rural e agricultor no Rincão <strong>do</strong>s Maia.<br />

456 O autor também se refere a características como a operosidade e o espírito ordeiro <strong>do</strong>s colonos<br />

italianos, mas faz distinção, identifican<strong>do</strong> estas características com os primeiros imigrantes que aportaram<br />

<strong>em</strong> grupos. Os chega<strong>do</strong>s posteriormente e <strong>em</strong> imigrações isoladas eram individualistas, independentes,<br />

agressivos e laboriosos.<br />

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