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Em comparação com as fazendas <strong>do</strong>s espanhóis e portugueses, as missioneiras<br />

eram menores <strong>em</strong> área, mas destacavam-se pela qualidade <strong>do</strong>s animais (mansos e<br />

gor<strong>do</strong>s) e pela produtividade <strong>do</strong> trabalho, utilizavam, proporcio<strong>na</strong>lmente, menor número<br />

de peões e cavalos. Além disso, segun<strong>do</strong> Freitas (1980), criavam ovelhas, charqueavam<br />

a carne, gastan<strong>do</strong> menos da metade <strong>do</strong>s recursos que os espanhóis ou portugueses<br />

gastariam para realizar o mesmo trabalho. Freitas (1980, p. 29) reconhece a habilidade<br />

<strong>do</strong>s índios com o ga<strong>do</strong>, razão (uma das) pela qual o não <strong>em</strong>prego <strong>do</strong> negro escravo <strong>na</strong><br />

atividade pastoril rio-grandense, salvo <strong>em</strong> atividades acessórias, para este último “(...)<br />

seria necessária pelo menos uma geração para que um negro assimilasse estas técnicas.”<br />

Para outro estudioso, Fortes (1981, p. 58-59), o rio-grandense (gaúcho) t<strong>em</strong> <strong>na</strong><br />

sua orig<strong>em</strong> três raças, a branca, a vermelha e a negra; ou seja, portugueses e brasileiros,<br />

índios e os escravos africanos, respectivamente. 109 Os brasileiros seriam oriun<strong>do</strong>s de<br />

São Paulo, Mi<strong>na</strong>s Gerais e Rio de Janeiro, seguramente, aventureiros que vinham<br />

capturar índios, para escravizar, e ga<strong>do</strong>, para comercializar no centro da colônia. Da<br />

miscige<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> branco com o índio, surge o mameluco, segun<strong>do</strong> o autor, tipo indiático<br />

com as maçãs <strong>do</strong> rosto salientes, cabelo corri<strong>do</strong> e liso, que ainda hoje encontramos <strong>na</strong><br />

região da Campanha. O negro só veio <strong>integra</strong>r o tipo rio-grandense <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

século XVIII, com a utilização da mão-de-obra escrava <strong>na</strong> agricultura e <strong>na</strong>s<br />

charqueadas.<br />

Assim como Fortes (1981) despreza a participação <strong>do</strong> espanhol <strong>na</strong> formação <strong>do</strong><br />

gaúcho, há historia<strong>do</strong>res que menosprezam a participação <strong>do</strong> índio e <strong>do</strong> negro no tipo<br />

étnico rio-grandense. Oliven (1996, p. 22-23), <strong>em</strong> artigo sobre o negro no Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Sul, reporta a <strong>do</strong>is pesquisa<strong>do</strong>res que tratam com desdém a contribuição <strong>do</strong> índio <strong>na</strong><br />

construção <strong>do</strong> típico habitante <strong>do</strong> pampa gaúcho. Retoman<strong>do</strong> Moysés Vellinho (1964) e<br />

José Hildebran<strong>do</strong> Daca<strong>na</strong>l (1980), Oliven critica a posição destes autores pela<br />

discrimi<strong>na</strong>ção à participação <strong>do</strong> índio <strong>na</strong> formação antropológica <strong>do</strong> gaúcho. Segun<strong>do</strong><br />

Vellinho (1964), apud Oliven (1996, p. 22), a participação <strong>do</strong> índio foi pobre, e conclui<br />

que: “(...) como fator de <strong>integra</strong>ção histórica, o índio foi, entre nós, de significação<br />

bastante medíocre.” Daca<strong>na</strong>l (1980), apud Oliven (1996, p. 22-23), desconhece ou omite<br />

a participação <strong>do</strong> índio no processo de miscige<strong>na</strong>ção que se deu <strong>na</strong> região da Campanha,<br />

compactuan<strong>do</strong>, grosso mo<strong>do</strong>, com Vellinho sobre a participação desprezível <strong>do</strong> índio <strong>na</strong><br />

constituição genética e sociocultural <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.<br />

Respeitan<strong>do</strong> as particularidades, o tratamento dispensa<strong>do</strong> ao negro pelos<br />

estudiosos da cultura rio-grandense não foi diferente ao recebi<strong>do</strong> pelo índio. Geralmente<br />

situam o negro à marg<strong>em</strong> <strong>na</strong> história rio-grandense, Oliven (1996, p. 26) salienta que a<br />

historiografia tradicio<strong>na</strong>l reconhece a existência generalizada <strong>do</strong> negro, mas “(...)<br />

insistiu <strong>na</strong> sua pouca importância no processo de trabalho.” O autor recorre à cultura<br />

popular, folclore gaúcho, para destacar a importância desse grupo étnico <strong>na</strong> formação<br />

cultural <strong>do</strong> rio-grandense, destacan<strong>do</strong> a lenda <strong>do</strong> “Negrinho <strong>do</strong> Pastoreio”, reproduzi<strong>do</strong><br />

por Simões Lopes Neto (escritor regio<strong>na</strong>lista). A <strong>na</strong>rrativa se dá no interior de uma<br />

estância <strong>do</strong> pampa gaúcho, o negrinho perde uma carreira de cavalos <strong>na</strong> qual o seu<br />

senhor apostara dinheiro, como castigo incumbe-o de zelar uma tropilha de cavalos, e<br />

assim segue a lenda <strong>do</strong> “Negrinho <strong>do</strong> Pastoreio”. Lenda a<strong>na</strong>lisada por Augusto Meyer<br />

(1960), apud Oliven (1996, p. 26-27), a qual conclui que esta não possui nenhum fun<strong>do</strong><br />

109 Azeve<strong>do</strong> (1982, p. 43) compactua da mesma posição de Fortes (1981), <strong>em</strong> que o rio-grandense típico<br />

era produto da fusão <strong>do</strong> português, <strong>do</strong> índio e <strong>do</strong> negro, os <strong>do</strong>is últimos com menor participação. Estes<br />

<strong>do</strong>is autores parec<strong>em</strong> desprezar a participação <strong>do</strong> espanhol <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> tipo étnico gaúcho, mas, além<br />

de outras fontes já destacadas, Saint-Hilaire (1974, p. 134) relata a entrada de espanhóis, <strong>na</strong> região de São<br />

Borja, vin<strong>do</strong>s da atual Argenti<strong>na</strong>, para trabalhar<strong>em</strong> como peões, junto com os índios, <strong>na</strong>s estâncias<br />

portuguesas.<br />

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