85Freire que, ―esta é uma das significativas vantagens dos seres humanos – a de seterem tornado capazes de ir mais além de seus condicionantes‖ (1996, p. 25).Vantagem essa que devemos considerar, caso contrário, não será benéfica.Estarão, hoje, presentes essas questões em nossa prática? Ou reforçamospura e simplesmente os discursos ideológicos e dominantes de que não há o quefazer a não ser reproduzir o que aí se encontra?Essa é uma das facetas do professor ético percebidas na defesa de Freire.Insiste que ensinar não é transferir conhecimento. Assim se expressa: ―saber queensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própriaprodução ou a sua construção‖ (1996, p. 47). Dessa forma, é preciso que oprofessor esteja aberto aos questionamentos, seja crítico, inquieto e mantenha acuriosidade epistemológica e o interesse com relação ao mundo, com relação a simesmo e, permanentemente, diante dos outros e com os outros, em face do mundoe dos fatos.A partir das considerações de Freire em que acreditamos, é possível aindaafirmar que uma prática de natureza ética vê nos homens e mulheres seres que nãoestão predeterminados com histórias preestabelecidas. Essas são pessoas compossibilidades de problematizar sua vida, os fatos, a sociedade. Podemos embelezarou não o mundo, assim como podemos piorar ou melhorar as situações que nosencontramos. Na citação de Freire que escolhemos, parece que fica evidente aafirmação de que podemos falar de seres em possibilidade, porque somos,capazes de intervir no mundo, de comparar, de ajuizar, de decidir, deromper, de escolher, capazes de grandes ações, de dignificantestestemunhos, mas capazes também de impensáveis exemplos de baixeza ede indignidade. (1996, p. 53).Outro ponto trazido por Freire quando nos fala da ética é em relação aorespeito à autonomia e à dignidade de cada um. Assim se expressa: ―o respeito àautonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor quepodemos ou não conceder aos outros‖ (1996, p. 59). Ou seja, o ato de conhecer éum direito de todos.Respeitar a autonomia, segundo Freire, significa que o professor deverespeitar a curiosidade do aluno, a sua identidade, a sua linguagem e suas
86experiências anteriores. Ao falar do respeito à autonomia, não se está afirmando queo professor deva ser permissivo, nem tampouco um autoritário.Freire se coloca contra o professor ―que ironiza o aluno, que o minimiza, quemanda que ele ―se ponha em seu lugar‖ ao mais tênue sinal de rebeldia legítima‖.(1996, p. 60). Por outro lado, também se opõe ao professor ―[...] que se exime documprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta dodever de ensinar‖ (1996, p. 60). Nem o professor autoritário, nem o professoromisso, mas, sim, um professor com compromisso.Freire nos adverte de que, sem limites, a liberdade se perverte em licença. ―Aliberdade sem limite é tão negada quanto a liberdade asfixiada ou castrada‖ (1996,p. 105). A liberdade de que nos fala e defende não é o livre arbítrio. Não é achar quepode tudo de acordo somente com seus interesses. A liberdade é construída com ooutro quando se assume as responsabilidades e as consequências das suasopções.Um ponto que nos parece ainda muito obscuro na educação é a confusão entreautoridade e autoritarismo, ser permissivo ou, conforme Freire, a confusão entre―licença‖ e liberdade.Segundo Freire (1996), o professor autoritário é aquele que tolhe a liberdadedo aluno. É aquele que não permite o seu direito de ser curioso e inquieto. Porém,salienta a necessidade do professor cumprir seu dever de se portar como umaautoridade. Autoridade, de acordo com o autor, é quando ―[...] se toma decisões,orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual ecoletiva do grupo não é sinal de autoritarismo [...]‖ (1996, p. 61). A autoridade nãoestá centrada na pessoa do professor, mas no papel cultural que ele exerce.Esse professor ético de que Freire fala é o que tem bom senso e coerênciaentre o que diz e o que faz. É o que tem bom senso para avaliar sua prática, fatos eacontecimentos em que se envolve. Do mesmo modo, que tenha capacidade paraassumir um equívoco e que tenha bom senso para não falar em democracia eliberdade e, por outro lado, impor sua vontade arrogante aos alunos. O bom senso,de acordo com Freire (1996), nos remete a não aceitar as injustiças comofatalidades ou de ficarmos alheios às condições sociais, culturais e econômicas denossos alunos.
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