915.1 Características da contemporaneidade onde pensamos a moral e éticaO livro que La Taille escreve em 2009, intitulado ―Formação Ética: do tédio aorespeito de si‖, servirá como base para descrever e analisar algumas dascaracterísticas da contemporaneidade. A escolha do autor e da obra deve-se aocaminho interdisciplinar que esse percorre para analisar, problematizar questõespolíticas, ambientais e econômicas e relações de nossa sociedade, valendo-se deestudos da psicologia, assim como da sociologia e da filosofia.As contribuições de La Taille são de pesquisador na área de Psicologia Moral,visando à formação de novas gerações e às gerações que aí estão (adultos) etambém para nós professores que, assim como ele, estamos preocupados, inquietos―[...] a respeito do andar errático da nossa sociedade ocidental‖ (LA TAILLE, 2009,Apresentação). Por isso, é importante compreendê-la para que possamos assumiruma postura crítica diante do que nos é apresentado, além de compreendê-la einterpretá-la para que tenhamos capacidade de escolher, valorar, decidir.Segue nesse livro a mesma defesa apresentada anteriormente em seustrabalhos, em que o plano ético refere-se à busca da ―vida boa‖, e plano moral àeleição de deveres. Ambos os planos se relacionam. ―As opções morais de umapessoa dependem das respostas que forneceu ao plano ético‖ (2009,Apresentação). Assim, entendemos que uma pessoa que escolhe viver ―uma vidaboa‖ associada ao mundo do consumo e da competitividade, não necessariamentesuas opções morais serão na direção da justiça, respeito e generosidade.O autor ressalta que para pensar em educação moral e formação ética épreciso ter presente o contexto em que serão implementadas. Por isso, fala em―cultura do tédio‖ e da falta de sentido existencial, que comprometem a realizaçãoética de uma ―vida boa‖. Também aborda a ―cultura da vaidade‖ e da superficialidadeque comprometem a legitimação moral dos deveres.A sua leitura da sociedade contemporânea contempla, também, os aspectospositivos. Ao mesmo tempo em que denuncia, mostra e analisa os aspectosnegativos da sociedade, nos possibilita aprender suas riquezas e questões quepodem ser assimiladas e ampliadas pela educação. Em suas palavras:
92Todavia, pontos negativos também existem- e é papel de quem dedica suavida à academia mostrá-los, analisá-los e, se for o caso denunciá-los.Escritores, filósofos cientistas e artistas não deixam de representar aconsciência crítica de uma sociedade. (LA TAILLE, 2009, p.18).Estamos de acordo com La Taille, porque como professores também nãopodemos pensar a moral e a ética fora do contexto de sociedade em que vivemos.Não podemos nos eximir de fazer uma leitura crítica da realidade para quepossamos potencializar alternativas e perspectivas de mudanças. Começamos como autor pensando os sujeitos da modernidade ou para alguns da pós-modernidade.5.1.1 Quem são os sujeitos da modernidade?A partir das metáforas ―peregrino‖ e ―turista‖ que toma emprestado do pósmodernoZigmunt Baumann 15 , o psicólogo nos ajuda a refletir sobre ascaracterísticas que representam a maioria das pessoas na modernidade. Mostranosque nossa vida lembra um turista no mundo, porque vivemos de fragmentos,numa sociedade que privilegia a informação e não o conhecimento. Sociedade emque se dá lugar às sequências de eventos do presente, sem valorização do passadoe sem um olhar para o futuro.Ressalta também, que vivemos numa sociedade capitalista e de classes, ondeos valores se direcionam para o consumo, para o dinheiro, para a beleza e outrostantos valores que não necessariamente sejam morais. O autor destaca que todasessas características têm levado as pessoas ao tédio, à depressão, à dependênciaquímica, aos desvios de conduta, à perda dos valores morais e éticos.O tédio, segundo o autor, é experimentado pelas pessoas quando não se têmnada para fazer ou quando fazemos algo que carece de significação. Algo que é15 O sociólogo polonês Zygmunt Bauman nasceu no dia 19 de novembro de 1925, em Poznán. Eleprincipiou sua trajetória acadêmica na Universidade de Varsóvia, mas logo foi obrigado a deixar aacademia, em 1968, ao mesmo tempo em que sua obra era proibida neste país. Partiu para aInglaterra, depois de passar pelo Canadá, EUA e Austrália. No início da década de 70 ele assumiu ocargo de professor titular da Universidade de Leeds, permanecendo neste posto por pelo menos vinteanos. Aí ele teve contato com o intelectual que inspiraria profundamente seu pensamento, o filósofoislandês Ji Caze. Seus livros são povoados por idéias sobre as conexões sociais potenciais nasociedade contemporânea, nesta era comumente conhecida como pós-modernidade. Os estudossociológicos lhe permitem refletir sobre a angústia que reina nos sentimentos humanos. Fala dainsatisfação presente na esfera da afetividade humana. Para ele, as pessoas desejam interagir,buscam a vivência do afeto, mas não querem se comprometer. Para Baumann, é impossível fugirdas consequências da globalização, com suas vertiginosas ondas de informação e de novas idéias.Tudo ocorre com intensa velocidade, o que também se reflete nas relações entre as pessoas.(SANTANA, 2009, http://www.infoescola.com/biografias/zygmunt-bauman/).
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