87Não é possível respeito aos educandos, à sua dignidade, a seu serformando-se, à sua identidade fazendo-se, se não se levam emconsideração as condições em que eles vêm existindo, se não sereconhece a importância dos ―conhecimentos de experiências feitos‖ comque chegam à escola. O respeito devido à dignidade do educando nãopermite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para aescola. (FREIRE, 1996, p.64).Esse respeito de que nos fala o educador pode ser entendido como o queperpassa o subestimar o aluno que muitas vezes já é condenado à reprovação noinício de um ano letivo, a sujeitá-lo a rótulos ou de zombar do saber que o aluno trazconsigo. Significa dizer que o professor não deve discriminar, humilhar, serintolerante, inibir ou ser indiferente com quem está a sua frente.O dever do professor que respeita a autonomia e a identidade em processo doaluno é o de ser responsável na sua prática. Para isso, deve preparar-se e avaliar-seconstantemente, porque as qualidades e virtudes de um professor ―... sãoconstruídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre odiscurso e a prática [...]‖. (FREIRE, 1996, p. 65). O professor que consegue olhar econhecer suas verdades com seriedade e retidão já está desenvolvendo virtudesindispensáveis à ação pedagógica.Por isso, cabe ao professor ético desenvolver sua compreensão para com oaluno e sua realidade. Ele necessita aprender a conviver com os diferentes e precisadesenvolver sua amorosidade. Não pode simplesmente criticar a realidade que nãolhe parece a ―ideal‖, nem desgostá-la ou exercer mal sua prática pedagógica. ―Nãoposso desgostar do que faço sob pena de não fazê-lo bem‖ (FREIRE, 1996, p. 67).Sendo assim, se não valorizo o que faço o aluno saberá, pois não podemossubestimar a capacidade de nossos alunos.O professor precisa estar seguro de si mesmo nos ensina Freire. Segurançana forma em que atua, na forma como respeita a liberdade do aluno, no modo quecoloca suas posições, na maneira que consegue reavaliar-se. A esse respeito Freireescreve:Segura de si, a autoridade não necessita de, a cada instante, fazer odiscurso sobre sua existência, sobre si mesma. Não precisa perguntar aninguém, certa de sua legitimidade, se ―sabe com quem está falando‖?Segura de si, ela é porque tem autoridade, porque a exerce com indiscutívelsabedoria. (1996, p. 91).
88A preocupação a que Freire nos submete decorre desde a necessáriapreparação e formação da competência científica e pedagógica inerente aoprofessor. Caso contrário, a incompetência profissional já desqualifica a autoridadedo professor. ―O professor que não leve a sério a sua formação, que não estude,que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral paracoordenar as atividades de sua classe‖ (FREIRE, 1996, p. 92). Dessa forma, oexercício da ação docente depende também dessa competência.A expressão empregada por Freire, com a qual concordamos, nos remete maisuma vez para a necessária coerência entre o que se diz e o que se faz. Não pode oprofessor cobrar respeito dos alunos, disciplina, entrega de trabalhos, estudo, seeste também não estiver preparado ou se não cumprir o que combina com seusalunos. A força moral do professor deixa de existir, porque ele não pode ensinar oque não sabe e o que não faz.Diante desse contexto, além da competência científica e pedagógica, cabe aoprofessor agir distante de posições repressivas e rígidas, porque esse professor nãoconsidera a criatividade do aluno. Não pode ser aquele que atua com arrogância,que julga e humilha o outro.Tão importante quanto ele, o ensino de conteúdos, é o meu testemunhoético ao ensiná-los. É a decência com que o faço. É a preparação científicarevelada sem arrogância, pelo contrário com humildade. É o respeito jamaisnegado ao educando, a seu saber de ―experiência feito‖ que busco superarcom ele. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minhacoerência na classe. A coerência entre o que digo, o que escrevo e o quefaço. (FREIRE, 1996, p.103).O espaço pedagógico reconhecido como verdadeiro por Freire é permeadopelo respeito que nasce ―de relações justas, sérias, humildes, generosas em que aautoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica ocaráter formador do espaço pedagógico‖ (1996, p. 92). Ou seja, a disciplina éconstruída com a participação do aluno e não na minimização de sua liberdade.Conforme assumimos desde o início do trabalho, a moral nos leva à pergunta―Como devo agir‖? Por sua vez, a ética nos leva à reflexão da ―vida boa‖, ―que vidaquero viver‖? Ou, ―uma vida boa com o outrem e para o outrem em instituiçõesjustas‖. Como já afirmamos, Freire não elaborou uma teoria ética e moral, mas, poroutro lado, é incontestável que sua pedagogia nos apresenta o dever do professor, odever que nos cabe enquanto seres humanos, assim como também fica evidenciada
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