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Estética - OUSE SABER!

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62 M icln l Fou rau ll - D itos t- E s c rito s<br />

nunciadas, as frases escritas passam por eles, m esm o que eles<br />

acrescentem rugas particulares.<br />

1) Sem dúvida, certas figuras (ou talvez todas) do Pare, de<br />

U n e cérem o n ie ro y a le2 ou de Im a g e s nào têm volum e interior,<br />

são aliviadas desse núcleo som brio, lírico, desse centro recuado<br />

mas insistente cuja presença R obbe-G rillet já havia dissipado.<br />

Mas, de uma m aneira bastante estranha, elas têm um volume<br />

- seu volume - ao lado delas, acim a e abaixo, em volta: um<br />

volume em perpétua desinserção, que flutua ou vibra em torno<br />

de uma figura assinalada, mas ja m a is fixada, um volume que se<br />

aproxima ou se esquiva, cava sua p róp ria distância e salta aos<br />

olhos. Na verdade, esses volum es satélites e errantes não manifestam<br />

da coisa sua presença nem sua ausência, mas antes uma<br />

distância que simultaneamente a m antém longe no fundo do<br />

olhar e a separa incorrigivelm ente dela m esm a; distância que<br />

pertence ao olhar (e parece, portanto, se im p or do exterior aos<br />

objetos), mas que a cada instante se ren ova no cerne mais se­<br />

creto das coisas. Ora, esses volum es, que são o interior dos ob­<br />

jetos no exterior deles próprios, se cruzam , interferem uns com<br />

os outros, desenham form as com pósitas de um a só face e se es­<br />

quivam sucessivamente: assim , em L e p a r e , sob os olhos do<br />

narrador, seu quarto (ele acaba de deixá-lo para ir ao balcão e<br />

ele flutua assim ao seu lado, por fora, em um a vertente irreal e<br />

interior) comunica seu espaço com um pequ en o quadro pendu­<br />

rado em uma das paredes; este se abre p o r sua vez atrás da<br />

tela, expandindo seu espaço in terior p ara u m a paisagem mari­<br />

nha, para os mastros de um barco, para um grupo de pessoas<br />

cujas roupas, fisionom ias, gestos um pou co teatrais se desdo­<br />

bram de acordo com grandezas tão desm esu radas, tão pouco<br />

proporcionais em todo caso ao qu ad ro que as encerra, que um<br />

desses gestos leva im periosam ente à atual posição do narrador<br />

no balcão. Ou de um outro fazen do talvez o m esm o gesto. Pois<br />

esse mundo da distância não é de fo rm a algum a o do isolamento,<br />

mas o da identidade em p roliferação, do M esm o no ponto de<br />

sua bifurcação, ou na curva de seu retorn o.<br />

2) Esse ambiente faz, certam ente, pensar no espelho - no espelho<br />

que dá às coisas um espaço fora delas e transplantado,<br />

que multiplica as identidades e m istu ra as diferenças em um<br />

lugár impalpável que nada pode desenredar. Lem brc-se jus­<br />

2, Thibaudeau (J.), Une cé rém on ie royale. Paris. Éd. de Miiiuit, 1957

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