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Estética - OUSE SABER!

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1964 - Debate sobre o Romance 1 33<br />

so gloria”, afirmar que se vai limitar a essa descrição das experiências<br />

“é o que caracteriza o positivismo”: dito de outro<br />

modo, o mundo não passa da minha descrição. “Assim, diz<br />

Planck, a mesa nada mais é, à luz do positivismo, que a soma<br />

das percepções que ligamos novamente entre elas pela palavra<br />

mesa. Nessa ótica, a questão de saber o que urna mesa é na realidade<br />

não tem nenhum sentido". E, mais adiante, em uma outra<br />

passagem, ele nos diz: “O positivismo recusa a hipótese de<br />

que nossas percepções nos informam sobre outra coisa que se<br />

manteria por trás delas e que delas se distinguiria.” Então, eis<br />

que Robbe-Grillet, agora, nesse texto de 1958, vai desenvolver<br />

sua energia particular, muito clara, muito incisiva no esboço<br />

que ele oferece do seu projeto: “A descrição formal, diz Robbe-Grillet,<br />

é antes de tudo uma limitação: quando diz paralelepípedo,<br />

ela sabe que não atinge nenhum além, mas ao mesmo<br />

tempo elimina qualquer possibilidade de se buscar um”. Ora,<br />

ali, é possível se perguntar o que aconteceu então com a fenomenología<br />

da existência, com essa espécie de corrente romanesca<br />

que está em sintonia com a corrente filosófica da fenomenología<br />

e do existencialismo, o que ocorreu então para que ela,<br />

como se não o soubesse, tenha se voltado para outra coisa totalmente<br />

diferente, para esse universo do neopositivismo. Pois<br />

bem, acredito que isso poderia adquirir seu sentido se avançarmos<br />

um pouco mais. Existe, por exemplo, no texto de Max<br />

Planck, toda uma análise da medida que me impressionou muito<br />

e que me parece bastante esclarecedora não somente para<br />

criticar talvez essa auto-imagem que Robbe-Grillet se dá. mas<br />

igualmente para ver o que ele faz em parte inconscientemente e<br />

que outros, paralelamente a ele, talvez tenham da mesma forma<br />

feito espontaneamente, mas talvez também com uma certa<br />

consciência deles próprios, ou com uma maior consciência.<br />

Planck nos diz sobre a medida: "Na concepção positivista, a<br />

medida é o elemento prim eiro e incontestável, o positivismo só<br />

considera a medida", é o ato absoluto, não há nada antes da<br />

medida...<br />

Será que esse é verdadeiram ente um ato absoluto, será que é<br />

verdadeiramente uma espécie de elemento primeiro e incontestável?<br />

Planck nos diz: não. Na verdade, para ele. para a física<br />

que lhe parece verdadeira, aquela que ele contribuiu para fundar,<br />

as medidas são apenas o resultado mais ou menos compósito<br />

de uma interação: uma espécie de encontro entre, de um<br />

lado, os processos físicos que estão do outro lado, e a seguir, do

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