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Estética - OUSE SABER!

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92 Mii hcl Kiuu'.iult Hilos r Kscrilos<br />

cer a vida, vi o movimento eomeçar"), a Esperança, em desejo<br />

desmedido de se incorporar à violência do m undo (‘‘Quero<br />

voar, nadar, ladrar, mugir, uivar"), a Fé, em vontade de se identificar<br />

com o mutismo da natureza, com a m orna e doce estupidez<br />

das coisas ("Queria me agachar sobre todas as form as, penetrar<br />

cada atomo, descer até o fundo da m atéria - ser a maté­<br />

ria" ).<br />

Nessa obra que, à primeira vista, se percebe com o uma seqüência<br />

um pouco incoerente de fantasmas, a única dimensão<br />

inventada, mas com uin cuidado meticuloso, é a ordem .28 O que<br />

passa por fantasma nada mais é do que docum entos transcritos:<br />

desenhos ou livros, figuras ou textos. Quanto à seqüência<br />

que os reúne, ela é prescrita de fato2a por uma com posição bastante<br />

complexa - que, conferindo um certo lugar a cada um dos<br />

elementos documentários, os faz figurar em várias séries simultâneas.<br />

A linha visível ao longo da qual desfilam pecados,<br />

heresias, divindades e monstros não passa da crista superficial<br />

de toda uma organização vertical. Essa sucessão de figuras,<br />

que prosseguem como em uma farândola de m arionetes, é ao<br />

mesmo tempo: trindade canônica das virtudes; geodésica da<br />

cultura nascendo entre os sonhos do O riente e concluindo no<br />

saber ocidental; retorno da História até a origem do tem po e<br />

das coisas; pulsação do espaço que se dilata até os confins do<br />

mundo e retorna subitamente ao elem ento sim ples da vida.<br />

Cada elemento ou cada figura tem, portanto, seu lugar não somente<br />

em um desfile visível, mas na ordem das alegorias cristãs,<br />

no movimento da cultura e do saber, na cron ologia inverti­<br />

da do mundo, nas configurações espaciais do universo.<br />

Se agregarmos que L a ten tation se desenvolve conform e<br />

uma profundidade que envolve as visões um as dentro das outras<br />

e as escalona em direção ao longínquo, vê-se que, por trás<br />

do fio do discurso e por baixo da linha das sucessões, um volume<br />

se constitui: cada um dos elem entos (cenas, personagens,<br />

discursos, modificação do cenário) se encontra em um ponto<br />

determinado da série linear; mas ele tem além disso seu sistema<br />

de correspondências verticais; e está situado em uma deter­<br />

27. ..ser a matéria"), Podemos, portanto, ler La ten ta tion com o a luta e a<br />

derrota das três virtudes teologais.<br />

28. ...de fantasmas, a ordem, vê-se, é estabelecida com um cuidado meticuloso.<br />

29. ...ou textos. Mas a seqüência que os reúne é prescrita por uma composição...

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