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Estética - OUSE SABER!

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3 1 4 M iiiid Koucaiilt Ditos c E sa Itos<br />

servidões. Disseram: ó o tempo em que éram o s cu lpados, nós<br />

nos reconhecemos nele, eis-nos portanto inocentes, ainda que<br />

esses golpes, esses corpos, essas feridas cm su a nudez, longe<br />

de serem uma imagem da moral, valiam com o o p u ro signo da<br />

política. Protegido pela gl ande desculpa gu erreira, o que você<br />

contava chegava ate nós suavizado, com o um canto bem lon­<br />

gínquo. Seu triplo Éden retoma o m esm o discurso, m as da me­<br />

nor distância possível, abaixo dos limites da acom odação. Não<br />

se pode mais ver, não se pode mais im aginar o lugar dc onde<br />

você tala ovi de onde nos vêm essas frases, esse sangue: brum a<br />

da absoluta proximidade. O Tom beau. apesar d a aparência, es­<br />

tava fora da cronologia: desconheceram-no tentando inscrever<br />

nele uma data. Éden (por definição) está fora dc lugar: m as tam­<br />

bém penso que se tentará reduzi-lo encontrando p ara ele uma<br />

pátria: o corpo (o corpo era, no pensam ento antigo, u m a elegân­<br />

cia - materialista - para salvar o sujeito, o eu, a alm a). N o entan­<br />

to, c aquém do corpo que seu texto nos chega: superfícies, explo­<br />

sões, aberturas-feridas, roupas c peles que se reviram e se inver­<br />

tem, líquidos brancos e vermelhos, “escoar do fora eterno”.<br />

Tenho a impressão de que você reuniu ali o que se sabe há<br />

muito tempo sobre a sexualidade, m as que é m an tid o cuidado­<br />

samente à parte para melhor proteger o p rim a d o do sujeito, a<br />

unidade do indivíduo e a abstração do “sexo": q u e ela não está,<br />

absolutamente, no limite do corpo, algum a coisa com o o ‘‘sexo’’,<br />

que ela também não é, dc um a outro, um m eio de com unica­<br />

ção, que ela não é nem mesmo o desejo fundam ental e primitivo<br />

do indivíduo, mas a própria trama de seus m eca n ism o s lhe é<br />

largamente anterior; e o indivíduo é dela apen as um prolonga­<br />

mento precário, provisório, rapidamente, ap agad o ; ele é, no fim<br />

das contas, somente uma forma pálida que su rgiu p o r alguns<br />

instantes de um grande tronco obstinado, repetitivo. O s indiví­<br />

duos, pseudópodes rapidamente retirados d a sexualidade. Se<br />

quiséssemos saber o que sabem os, seria preciso renunciar ao<br />

que Imaginamos de nossa individualidade, do n o sso eu, de nos­<br />

sa posição de sujeito. Em seu texto, talvez essa seja a prim eira<br />

vez que as relações entre o indivíduo e a sexualidade são franca<br />

c decididamente invertidas: não são m ais os personagens que<br />

se apagam cm benefício dos elementos, d as estruturas, dos<br />

pronomes pessoais, mas a sexualidade que p assa p a ra o outro<br />

lado do indivíduo e deixa de ser "subjugada".

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