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Estética - OUSE SABER!

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1971 - A s Monstruosidades da Crítica 325<br />

Seja lá o que for, quanto a mim, não estudei as relações entre a<br />

economia e a lingüística, m as procurei os elementos comuns às<br />

teorias da m oeda e à gram ática geral, no século XVIII. Essa<br />

idéia, adem ais, não m e veio espontaneamente, mas lendo um<br />

autor que citei: Turgot. M as tam bém era preciso tomar cons­<br />

ciência disso, p a ra não precisar inventar a obra fictícia de um<br />

autor que, evidentemente, está muito mais à la mode15.<br />

No entanto, seria engano m eu reclamar. O Sr. Steiner inven­<br />

ta, para m eu m aior benefício, obras que jamais escrevi. Ele até<br />

consente em m ostrar u m a certa indulgência a respeito das “mo­<br />

nografias” que eu consagrei à história da doença mental. Que<br />

monografias, m eu Deus? E u só escrevi uma. E, aliás, não era<br />

absolutamente u m a história da doença mental - menos ainda,<br />

contrariamente ao que pretende o Sr. Steiner, um estudo “das<br />

mitologias e das práticas das terapias mentais”: era um estudo<br />

das condições econôm icas, políticas, ideológicas e institucio­<br />

nais que perm itiram a segregação dos loucos na época clássica.<br />

E, em relação a esses processos, tentei mostrar que esses mitos<br />

e essas terapêuticas não passavam de fenômenos secundários<br />

ou decorrestes.<br />

Um a evidência se im põe: é preciso combater vigorosamente a<br />

idéia de que o Sr. Steiner pudesse ser um homem desprovido de<br />

talento. Não som ente ele reinventa aquilo que lê no livro, não so­<br />

mente inventa elem entos que ali não figuram, mas inventa tam­<br />

bém aquilo a que faz objeção, ele inventa as obras com as quais<br />

ele compara o livro, e inventa até as próprias obras do autor.<br />

Um a lástima, p a ra o Sr. Steiner, que Borges, homem de gê­<br />

nio, já tenha inventado a crítica-ficção.<br />

15' Em francês no texto (N .T .) (nota do originai).

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