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Estética - OUSE SABER!

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Apresentação XXXV<br />

Foucault descreve, terminando a Vênus de Ticiano: “Há essa<br />

mulher nua que está lá, não sonha com nada, não olha nada, há<br />

certa luz e essa luz que, indiscretamente, vem marcá-la ou acariciá-la,<br />

e nós espectadores, que surpreendemos o jogo entre<br />

essa luz e essa nudez” (ibidem, p. 40).<br />

No caso da O lym pia de Manet, se ela é visível é porque uma<br />

luz vem atingi-la. Não se trata, como na Vênus de Ticiano, de<br />

uma luminosidade doce e discreta lateral; é. diz Foucault, uma<br />

violentíssima luz, que a marca plenamente. De onde vem essa<br />

luz? Vem da frente, do espaço que se encontra diante da tela.<br />

Diz Foucault: “A luz, a fonte luminosa que é indicada, que é suposta<br />

por essa claridade mesma da mulher, essa fonte luminosa,<br />

onde ela está?, senão precisamente ali onde estamos.” Foucault<br />

esclarece, então, que não existem três elementos: “a luz, a<br />

iluminação e nós, que surpreendemos o jogo da nudez e da iluminação”.<br />

Diz ele: “Há a nudez e nós, que estamos no lugar<br />

mesmo da iluminação” (ibidem , p. 40). Para Foucault, "é nosso<br />

olhar que, abrindo-se sobre a nudez de Olympia, a ilumina. Somos<br />

nós que a tornamos visível; nosso olhar sobre Olympia é<br />

lampadóforo, é ele que leva a luz” (ibidem). Para Foucault, em<br />

Manet, olhar um quadro e iluminá-lo é uma única e mesma coisa<br />

em uma tela como esta. Assim, o espectador, seja ele qual<br />

for, está, necessariamente, implicado nessa nudez, e é até certo<br />

ponto responsável por ela. É essa mudança pictórica, ou essa<br />

transformação estática que, segundo Foucault, pode “provocar<br />

o escândalo moral”.<br />

O lugar do espectador<br />

O último quadro que Foucault analisa, tendo como eixo o<br />

problema do lugar do espectador, é, como já dissemos, UnBar<br />

aux Folies-Bergère, com que ele interrompe sua análise.<br />

Un Bar aux Folies-Bergère<br />

Não se trata nem do espaço, nem da luz, mas do espaço mesmo<br />

do espectador nesse que, para Foucault, é o último dos<br />

grandes quadros de Manet. Ele diz que não é necessário lembrar<br />

a nós a estranheza desse quadro, na medida em que seus<br />

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