14.04.2013 Views

Estética - OUSE SABER!

Estética - OUSE SABER!

Estética - OUSE SABER!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1964 - Debate sobre o Romance 141<br />

C. O lller: O que você expõe aí é, certamente, um projeto realista.<br />

J. P. Faye: A expressão destrói de qualquer forma o realismo:<br />

se quisermos exprim ir tudo verdadeiramente, tomando<br />

apenas os aspectos parciais percebidos. Quando se quer tentar<br />

dizer tudo, destrói-se o realismo.<br />

C. O llier: Trata-se de dizer ou de perguntar? Ou seja, quais<br />

são as relações entre a estrutura da obra e o mundo? Trata-se<br />

simplesmente de enunciar, de descrever, de traduzir emoções e<br />

olhares, ou de interrogar seu sentido e seu alcance? Parece-me<br />

que Battem ent vai muito além da descrição, da narrativa existencial.<br />

J. P. Faye: Se vai além, então pertence ao duplo, não pertence<br />

mais ao projeto; mas é certo que, se quiserm os tentar manipular<br />

o que aparece, interrogam o-lo mais do que deveríamos -<br />

há uma espécie de indiscrição que destrói a simples narrativa.<br />

C. Ollier: Há uma descrição, um discurso que se sente através<br />

dos personagens. Há um discurso im plícito em várias vozes<br />

que a mim, leito^, dá a im pressão de uma interrogação contínua<br />

sobre as origens do mundo e seu valor como signos. E isso<br />

que me parece importante. Naquele momento, isso ia mais<br />

além do realismo, não se pode chamar aquilo de realismo. Tal­<br />

vez seja a exegese.<br />

M.-J. Durry: Sim, estou muito surpreso porque o que você<br />

diz se liga a uma im pressão muito forte, e, no entanto, é ao mesmo<br />

tempo diferente, mas me parece que se relaciona com isso.<br />

Eu sou um leitor e um espectador extrem am ente atento a tudo<br />

o que você está com eçando a criar e estou certo de que se trata<br />

de alguma coisa extrem am ente importante. Uma das im pressões<br />

mais fortes que tenho na leitura desse, digamos, novo romance,<br />

se você quiser, enfim, pouco importa, é que quanto<br />

mais ele é re a l, m ais tenho a im pressão de irreal.<br />

Gostaria de tentar especificar o que quero dizer. Ocorre alguma<br />

coisa análoga, em bora muito diferente, quando leio Balzac -<br />

esses inventários interm ináveis de Balzac, aqueles que fizeram<br />

com que sc dissesse que ele era visual; quanto mais os leio e<br />

mais precisamente nesse m om ento, mais tenho a im pressão de<br />

que ele é visionário. É diferente, mas m esm o assim tem relação.<br />

Você dizia há pouco, atacou-se Robbe-Grillet, será ele o objeto?<br />

Será o hom em ? Pouco im porta... Quando leio essas descrições<br />

muito precisas, m uito exatas, m uito minuciosas do ro-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!