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Estética - OUSE SABER!

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1 7 6 Miehel Foueault - Ditos e Escritos<br />

signifleante, em um dado momento ela não desempenha mais<br />

seu papel de sinal, não produz mais o desencadeamento de um<br />

reflexo condicionado; ora, a linguagem põe em ação, a cada momento,<br />

reflexos condicionados; sem ser um pavloviano fanático,<br />

pode-se admitir isso: e penso que é o que se produz continuamente<br />

em nossa relação com o universo, a partir do momento<br />

em que essas conexões são, por assim dizer, cortadas, em que o<br />

sinal não atua mais, em que a palavra ou o sinal vermelho aparecem<br />

como sem significação.<br />

M. Pleynet: O que você fará com esse condutor? Você certamente<br />

não o colocará em uma locomotiva.<br />

Aí. de Gandillac: É um problema que concerne aos engenheiros<br />

da S. N. C. F.<br />

Aí. Pleynet: Mas, não! É um problem a que diz respeito aos<br />

homens das letras, me parece; eles se servem da linguagem...<br />

Aí. de Gandillac: Sobre o escritor que fizer coisas que me pareçam<br />

sem significação, eu me contentarei em não lê-lo; tudo<br />

isso não tem nenhuma importância.<br />

G. Am y: Para voltar ao que você dizia há pouco, refleti no intervalo,<br />

e além disso M. de Gandillac traz tam bém um elemento.<br />

Efetivamente, na linguagem musical, é muito arriscado estabelecer<br />

relações, mas produziu-se uma dissociação de um certo<br />

número de elementos que não se pode aproxim ar da metáfora,<br />

mas que são de preferência hierarquias, essas hierarquias que<br />

eram símbolos - no sentido em que uma cadeira é um símbolo -,<br />

a terça maior ou a quinta na tonalidade, e que esses símbolos tinham<br />

qualquer coisa de intangível...<br />

Admitamos uma linguagem em que a m etáfora tenha desaparecido,<br />

esta talvez fosse uma certa linguagem de estrita obediência<br />

serial, talvez por exemplo certos Webern, nos quais<br />

conta apenas a relação dos intervalos entre eles, dos sons entre<br />

eles, isto é, sem referência a um sistema de hierarquia. Penso<br />

que, em Sanguineti, há uma análise m arxista bastante curiosa -<br />

um pouco infantil, é preciso dizer - da tonalidade como representante<br />

do imperialismo, o tom principal sendo o rei, a<br />

quarta (a subdominante) sendo o prim eiro-m inistro, todo um<br />

sistema de hierarquia, e a queda da tonalidade correspondendo<br />

ao apogeu...<br />

M . Foueault: Embora - esta é a questão que querem os colocar<br />

para vocês na música, você esteja em um mundo de relações,<br />

um mundo de analogias completamente despojado de

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