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Estética - OUSE SABER!

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Apresentação XLV<br />

prazer do corpo em explosão” senão como um apocalipse político<br />

ou como o “fim do mundo em um campo de concentração”.<br />

Foucault retifica a partir de Vigiar e punir sua perspectiva<br />

sobre Sade: “eu estaria bastante disposto a admitir que Sade tenha<br />

formulado o erotismo próprio a uma sociedade disciplinar:<br />

regulamentada, anatômica, hierarquizada, com seu tempo<br />

cuidadosamente distribuído, seus espaços quadriculados, suas<br />

obediências e suas vigilâncias” (ver p. 370 neste volume).<br />

A posição de Foucault é a de que é preciso sair do sistema<br />

disciplinar e do erotismo de Sade. Ele desenvolverá essa pro-<br />

blematização a partir da H istória da sexualidade: trata-se “de<br />

inventar como corpo, com seus elementos, suas superfícies,<br />

seus volumes, suas densidades, um erotismo não disciplinar: o<br />

do corpo em estado volátil e difuso, com seus encontros ao acaso<br />

e seus prazeres não calculados” (ver p. 370 neste volume).<br />

Foucault lamenta que em filmes recentes se ressuscite, através<br />

do nazismo, um erotismo disciplinar. Nesses termos, ele se<br />

distancia de Sade, e diz mesmo: "Tanto pior então para a sacra-<br />

lização literária de Sade, tanto pior para Sade: ele nos entedia,<br />

é um disciplinador, um sargento do sexo” (ver p. 370 neste volume).<br />

Na entrevista a Shimizu e Watanabe concedida no Japão, ao<br />

referir-se a Guyotat e seu livro Éden, Éden, Éden, Foucault diz<br />

que ele escreveu em uma linguagem de uma audácia extraordinária.<br />

Ele nunca lera obra semelhante na literatura francesa ou<br />

inglesa. Com o risco de censura, Sollers, Leiris e Barthes escreveram<br />

um prefácio para protegê-lo, e Foucault escreveu um artigo<br />

no Nouvel observateur. Do livro. Leiris dizia ser "absolutamente<br />

sem concessões” e que denota no autor “uma capacidade<br />

de alucinar que muito poucos escritores atingem”.* Do livro de<br />

Guyotat. Sollers dizia “que nada igual fora arriscado desde<br />

Sade”. O que queria dizer que "agora havia a possibilidade de<br />

ler inteiramente Sade. e que uma outra história começava onde<br />

Sade teria designado um ponto de cegueira radical”. A leitura<br />

de Barthes era diversa. Em Guyotat “o texto estava livre: livre<br />

de todo sujeito ou tema, de todo objeto, de todo símbolo".** O<br />

livro deveria constituir “uma espécie de choque histórico: toda<br />

uma experiência anterior (...), de Sade a Genet, de Mallarmé a<br />

*Éden. Éden, Éden. Ed. Gallimard. 1979. p. 7.<br />

**Éden. Éden, Éden, Ed. Gallimard. 1979. p. 9.

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