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Estética - OUSE SABER!

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1 28 Muiu'1 Foucaull Ditos e Escritos<br />

se podo ver aparecer coisas que eram até ali invisíveis ou imperceptíveis?<br />

Por exemplo, fala-se m uito do romance como<br />

uma coisa evidente, antes de todas as recentes querelas aparecerem.<br />

Havia, para a crítica do século XIX, um rom ance que havia<br />

obtido uma especie de estatuto eterno, m as isso não impede<br />

que esse romance, o romance balzaquiano, e depois seu inverso<br />

mais sutil, o romance stendhaliano, não fossem visíveis para<br />

uma consciência do século XVII ou da Idade Média, isso é evidente.<br />

embora o romance tenha aparecido na Idade Média,<br />

como todos sabem. Para a consciência do século X III era impossível<br />

perceber as próprias coisas que eram visíveis na narrativa<br />

balzaquiana ou stendhaliana. Com o nascem então essas<br />

especies de enxames de olhares sobre a realidade e como eles<br />

acabam confluindo, e depois a seguir novam ente divergindo, é o<br />

que me intriga desde sempre e do que, talvez, se pudesse falar.<br />

De minha parte, vejo uma dupla série dessas visões, desses<br />

desdobramentos que se aglomeram uns com os outros, formam<br />

uma espécie de bola de neve, no século X X, e acabam quase<br />

convergindo, se chocando um contra o outro, depois se separando<br />

novamente. Há toda uma fam ília que com eça (uma família<br />

em que, certamente, cada um é distinto e sem parentesco<br />

com o outro) com Henry James; que renasce com Proust, que<br />

recomeça com Joyce; depois com seus grandes epígonos, Faulk-<br />

ner - se é possível chamá-lo assim - ou m elhor, esta espécie de<br />

terceira corrente, se vocês querem, Faulkner e W oolf; e enfim,<br />

talvez, uma quarta corrente, que seria Claude Sim on. Ali, justamente,<br />

existe alguma coisa em comum. H á essa narrativa do<br />

fluxo, do movediço, ao mesmo tem po do subterrâneo, da corrente<br />

subterrânea; cada um desses sistem as de form as romanescas<br />

se baseia em um pensamento, em um a filosofia, em um<br />

sistema de pensamento mais ou m enos elaborado. James,<br />

Henry, como se sabe muito bem, é o irm ão do outro James, que<br />

parecia a Henry ser muito mais velho do que ele (um ano a<br />

mais). É um fato: William James parecia ser para Henry James<br />

o grande homem da família James. Para nós, agora, o grande<br />

homem é evidentemente Henry James. Mas, apesar de tudo,<br />

não é totalmente sem importância que am bos se chamem James:<br />

uma mesma melopéia da consciência se articula (bem diferentemente)<br />

nos dois irmãos. O par Proust-Bergson é também<br />

evidente, embora Proust, ali também , p or sua riqueza, ultrapasse<br />

largamente a fineza do bergsonism o. A seguir, com

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