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Estética - OUSE SABER!

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1975 - A Pintura Fotogénica 349<br />

Bugigangas, mau gosto de amador, jogos de salão ou de família?<br />

Sim e não. Por volta dos anos 1860-1900, houve uma prática<br />

corriqueira da imagem, acessível a todos, nos confins da pintura<br />

e da fotografia; os códigos puritanos da arte a reprovaram<br />

no século XX.<br />

Mas divertia-se muito com todas essas técnicas menores que<br />

riam da Arte. Desejo pela imagem por todos os lados e, por todos<br />

os meios, prazer com a imagem. Felizes momentos em que<br />

o maior, sem dúvida, de todos esses contrabandistas, Robinson,<br />

escrevia: “Atualmente, pode-se dizer que todos aqueles<br />

que se entregam à fotografia não têm mais um desejo, qualquer<br />

que seja, necessário ou fútil, que não tenha sido satisfeito.”1 Os<br />

jogos da festa se extinguiram. Todos os contornos técnicos da<br />

fotografia que os amadores dominavam e que lhes permitiam<br />

tantas mudanças fraudulentas foram incorporados pelos técnicos,<br />

pelos laboratórios e pelos comerciantes; uns “tiram” a foto,<br />

outros a “revelam”; ninguém mais para “liberar” a imagem. Os<br />

profissionais da fotografia se encerraram na austeridade de<br />

uma “arte” cujas regras internas devem se abster do delito de<br />

cópia.<br />

A pintura, por seu lado, tentou destruir a imagem, não sem<br />

dizer que dela se libertava. E discursos morosos nos ensinaram<br />

que seria preferível à ciranda das semelhanças o corte do<br />

signo, à sucessão dos simulacros a ordem dos sintagmas, à louca<br />

fuga do imaginário o regime sóbrio do simbólico. Tentaram<br />

nos convencer de que a imagem, o espetáculo, o semblante e o<br />

falso semblante não eram convenientes, nem teórica nem esteticamente.<br />

E que era indigno não menosprezar todas essas frivolidades.<br />

Em virtude disso, privados da possibilidade técnica de fabricar<br />

imagens, restritos à estética de uma arte sem imagem, submetidos<br />

à obrigação teórica de desqualificar as imagens, destinados<br />

a só ler as imagens como uma linguagem, podíamos ser<br />

entregues, pés e mãos atados, ao domínio de outras imagens -<br />

políticas, comerciais - sobre as quais não tínhamos poder.<br />

Como reencontrar o jogo de outrora? Como reaprender não<br />

simplesmente a decifrar ou a alterar as imagens que nos são<br />

impostas, mas a fabricá-las de todas as maneiras? Não apenas<br />

fazendo outros filmes ou melhores fotos, não simplesmente en­<br />

!■ Éléments de phoíogra ph ie artlstique (trad. fr., 1898).

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